16 junho 2009

Vateca kosse phambeni vanga kona...

La famba bicha? Vateca bicha? Ina, vateca kosse phambeni vanga kona.
Sim, a bicha anda, mas somente lá a frente onde eles estão.

Recordei-me hoje de Jeremias Ngwenha - falecido a 3 de Maio de 2007, tal como na altura reportei neste diário -, da sua música, de quando uma vez foi ao Centro de Estudos Africanos com a sua namorada para almoçarmos e dele falarmos. E recordei-me de um texto publicado no "Notícias" oito dias após a sua morte, a 11 de Maio de 2007, do qual extraí a seguinte passagem: "Quem irá agora cantar o sofrimento do povo? Quem irá agora verificar a situação mal-parada dos preços do “chapa”, do pão, do carvão, de magumba e de tudo que sobe sem reparar para o salário? Quem vai agora denunciar a situação desumana em que são submetidos os nossos compatriotas nas firmas sul-africanas quando nós tratamos os sul-africanos com toda a hospitalidade do mundo? Quem se irá insurgir contra aqueles que comem sozinhos, mas volta e meia dizem estar com o povo e nos piores momentos até aparecem a verter lágrimas de crocodilo?"
O sucessor de Jeremias foi e é Azagaia. E vamos a ver qual será o percurso da banda Vha fana vha Ngwenha, fundada pelo seu irmão Albino Ngwenha.

6 comentários:

Viriato Dias disse...

Questões que ficam para o ar, sem resposta! Indo de encontro as questões levantadas, em princípio, seriam aqueles que ficaram a aproveitar o seu legado, acontece que, muitos deles, infelizmente, para satisfazer a velha questão estomacal estão comprometidos com a verdade, vão criando iniciativas e projectos fantasmas, enfim, ou são encostados e marginalizados ou então obrgados a aliarem-se ao partidão. Jeremias Nguenha como não era dessa laia sempre pautou pela coerência e independência mental. Morreu para sempre a voz do povo, em sua substituição vão surgindo os pimbas, os tira-roupa, os zakaza, os que nos aconselham a tirar roupa e a matar as nossas mães, epá não sei o que mais!!!

Um abraço

Anónimo disse...

Foi HIV que o matou tambem!

Maria disse...

Sou do centro de Mocambique, nao entendo a lingua do sul, a pouco tempo soube o que dizia/diz Geremias Nguenha nas suas musicas, eu ate q gosto do ritmo e danco. Se tivesse sabido antes teria tido uma admiracao especial por ele como a que tenho por Azagaia. Acho que como cantava numa lingua entendida por uma parte dos mocambicanos, as suas letras nao incomodavam a certas pessoas, diferente do Azagaia.

umBhalane disse...

Pois é, Cara Maria.

Tocou num ponto nevrálgico, determinante.

Viriato Dias disse...

É preciso ver as coisas com os olhos do futuro, ou seja, olhos de ver. São dois cantores em tempos diferentes, coragem diferentes e visão diferentes. Dizer as coisas pelos seus próprios nomes é sempre sinónimo de coragem. Azagaia, seguindo as pegadas musical de Jeremias (será que estou autorizado a fazer esta comparação?)fez cair o pano, indicando quem na verdade são os que causam sofrimento ao povo. Aqui está a diferença, Azagaia não se refugiou na ironia, nem fez o jogo de avestruz: esconder a cabeça com o corpo todo de fora.

Um abraço

Um abraço

Anónimo disse...

Jeremias nguenha foi sem margens pra duvidas um dos mas criticos do regime,usando a sua arma mas poderosa, a musica.

Que a sua alma descanse em Paz e que os seus pupilos consigam honrar o seu nome.