25 junho 2009

Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo (7)

Mais uma bocado da série, desta vez com o Sr. M., antigo secretário de bairro: "Estrangeiros apareceram neste bairro em 2003 e a maioria são Ruandeses e não Burundeses como as pessoas do bairro dizem (...). Eles estão mais preocupados com o negócio deles, desobedecendo totalmente as leis do país e eles vendem seus produtos nos dias feriados, nos sábados e nos domingos. (...) Aqui no bairro todos dedicam ao negócio e são eles que dominam o mercado. (...) aqui no bairro muita gente se interroga donde provém o dinheiro que esses estrangeiros usam para iniciar o negócio. É difícil explicar esta questão e convencer as pessoas, mas eu entendo que muitos desses estrangeiros têm familiares na Europa e na América e talvez sejam estes familiares que criam condições para eles iniciarem com seus negócios."
(continua)

4 comentários:

Viriato Dias disse...

Eu chego a pensar que o nosso país não tem nenhuma polícia que velasse por essa áera. Polícia ou serviços de fronteira como aliás acontece aqui em Portugal e em Bruxelas. O país foi "assaltado" por estrangeiros ilegais, que muita das vezes trazem prejuízos a economia nacional, prostituição, assaltos, roubos, etc sem que alguém decidisse colmatar esta situação. Porquê assim? Somos estranhos em nosso próprio território!!!

Boas festas.

Anónimo disse...

De estranhar é também, por outro lado, a razão por que Maputo está cheio de bares e restaurantes, lojas e mais lojas formais de vestuário e calçado e outros negócios a retalho, mas praticamente nada pertence a moçambicanos. Por que será que só podemos falar de moçambicanos (há excepções, é claro)em cabeleireiros, mercados e dumbanengues?

Anónimo disse...

“… Eles estão mais preocupados com o negócio …”

 O estrangeiro, EMIGRANTE, é, em regra, um misto de aventureiro e empreendedor, alguém que tem a coragem de deixar familiares e amigos e partir em busca de melhor vida, em ambientes desconhecidos.

São gente de fibra … para quem “tempo é dinheiro”. Como bem observa o povo, “eles estão mais preocupados com o negócio…”.

Sim, eles têm objectivos concretos e lutam por eles, algumas vezes, à margem da lei: um risco calculado, que aceitam assumir.

 Em regra, há uma boa percentagem de homens com sucesso, pois resultam de uma espécie de selecção natural: são os inconformados com a estagnação do nível de vida, audazes, enfrentam o desconhecido.

Por vezes integram-se nas sociedades de acolhimento /invasão e ficam. ... muitas vezes, os encantos das nossas mulheres prendem-nos de vez. Não perdemos nada com essa mistura de genes.

 Também nós temos muitos emigrantes nos países vizinhos, Àfrica do Sul em particular, e alguns pelos quatro cantos do mundo.

Não esquecem os familiares e, com suas “remessas de emigrante” constituem uma importante fonte de divisas para o país: são, de facto, uma das nossas maiores e melhores exportações (de força de trabalho e/ou massa cinzenta).

 É pois natural que, singrando no meio de tanta da nossa miséria, os estrangeiros Africanos acabem por ser olhados com desconfiança e alguma hostilidade por nós.

É verdade que muitas vezes há falta de transparência nos negócios … eles apenas aproveitam as fragilidades que encontram.

 Respeito essa gente!
__

Anónimo disse...

Concordo com a sua análise. Muito obrigado.