Aos sábados, na cidade de Maputo, a Avenida Friedrich Engels e o Jardim dos Namorados ficam repletos de gente alegre e ansiosa que ali cumpre uma parte significativa do ritual dos casamentos, ritual regra geral iniciado no Palácio dos Casamentos, na Avenida Julius Nyerere. Ontem era literalmente impossível transitar naquela avenida. Dezenas de nubentes, centenas de pessoas de todas as idades e grupos sociais, corais e cânticos de pendor vincadamente relogioso, carros último modelo e chapas, vendedores, uma azáfama multiforme ajustando as regras do informal desde as 9 até, sensivelmente, 18 horas. Para vós, dois pequenos momentos que captei à entrada do Jardim dos Namorados e na Engels:
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
Penso que quis colocar dois videos, mas so há um...
Lara
Sem dúvida, houve um problema temporário, mas já o resolvi. Obrigado.
Casamento atrás de casamento, coisa para dizer que a crise mundial existe sim, mas, para os nubentes, podem dizer...na casa do vizinho.
Um abraço
Esta EXUBERANTE e CONSUMISTA forma de comemorar casamentos e outras datas, com arranjos florais e fitas enfeitando carros, vistosos vestidos de noiva e vestes das(os) acompanhantes, cortejos pela cidade com filmagens, prolongadas sessões fotográficas, nada tem de tradicionalmente africano: são hábitos ASSIMILADOS, que acabam endividando nubentes e, principalmente, os padrinhos;
MAS, porque dão estatuto, tendem a ser uma aspiração dos jovens que vão casar, dos casados que apenas o fizeram tradicionalmente, dos que comemoram as diferentes “bodas”, de esmeralda, prata, ouro, platina, etc.
É caso para dizer-se: “vale mais um prazer na vida, mesmo que por endividamento, do que uns meticais bolso”.
MAS, em última análise, o factor que mais pesa na avaliação das festas, casamentos incluidos, quer nos meios urbanos, quer no meio rural, é a quantidade de COMIDA E BEBIDA disponível.
Por aí se avalia, se valeu a pena ou não, a “seca” do tempo perdido no palácio dos casamentos, na cerimónia religiosa, no cortejo, com as fotos, nos discursos, etc.
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Impossível transitar. É um pesadelo para quem vive ou tenha de passar na Av. Friedrich Engels e na Julius Nyerere. Porque é que não devolvem o Ateneu que roubaram aos Gregos e constroem o Palácio num lugar mais amplo?
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