Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
30 setembro 2008
Ataque às ATMs
Segundo a estação televisiva STV no seu noticiário das 20 horas, duas ATMs do BIM foram destruídas hoje com explosivos, uma na Matola, outra em Maputo, sendo preocupação dos autores o roubo de dinheiro.
Adenda: veja notícia mais desenvolvida na edição online do "Notícias" de amanhã, já disponível aqui.
Do poder político (13) (fim)
E termino agora a série.
Jogos de futebol (dos quais vos falei no número anterior), espectáculos musicais de massa, comícios, paradas militares e exposição de poderio policial são, naturalmente, coisas diferentes.
Mas todos esses fenómenos possuem, em sua densidade sensorial, quinestésica, um mesmo fio condutor: um elevado coeficiente de amortecimento da consciência crítica. São, na verdade, analgésicos poderosos.
Nos comícios políticos, por exemplo, o fundamental não é o que está a ser dito, o que está a ser proposto, mas o espectáculo em si, a actuação espectacular do líder hipnotizante e carismático falando durante horas seguidas num culto profano. Em momentos eleitorais, o comício pode casar-se com o espectáculo musical, ampliando-se, desta maneira, o poder irradiador do soporífero.
As paradas militares e a exposição do poderio policial são outras manifestações nas quais o alerta e de intimidação aparecem transfigurados em espectáculo imponente, ritualizado. Uma cidade como São Paulo, por exemplo, é um documento excepcional de poderio policial transformado em espectáculo em si, com o seu roncante mundo motorizado de todos os tipos, com a impressionante panóplia de instrumentos punidores exibidos pelos polícias.
Todos esses exemplos de espectáculo nos quais Capital e Estado se dão mãos, são, afinal, como que uma mensagem sexualizante, compensatória, destinada a permitir um alto grau de prazer viril.
Jogos de futebol (dos quais vos falei no número anterior), espectáculos musicais de massa, comícios, paradas militares e exposição de poderio policial são, naturalmente, coisas diferentes.
Mas todos esses fenómenos possuem, em sua densidade sensorial, quinestésica, um mesmo fio condutor: um elevado coeficiente de amortecimento da consciência crítica. São, na verdade, analgésicos poderosos.
Nos comícios políticos, por exemplo, o fundamental não é o que está a ser dito, o que está a ser proposto, mas o espectáculo em si, a actuação espectacular do líder hipnotizante e carismático falando durante horas seguidas num culto profano. Em momentos eleitorais, o comício pode casar-se com o espectáculo musical, ampliando-se, desta maneira, o poder irradiador do soporífero.
As paradas militares e a exposição do poderio policial são outras manifestações nas quais o alerta e de intimidação aparecem transfigurados em espectáculo imponente, ritualizado. Uma cidade como São Paulo, por exemplo, é um documento excepcional de poderio policial transformado em espectáculo em si, com o seu roncante mundo motorizado de todos os tipos, com a impressionante panóplia de instrumentos punidores exibidos pelos polícias.
Todos esses exemplos de espectáculo nos quais Capital e Estado se dão mãos, são, afinal, como que uma mensagem sexualizante, compensatória, destinada a permitir um alto grau de prazer viril.
Nota: talvez regresse ao tema num destes dias.
Do poder político (12) (continua)
Prossigo a série.
Em sua densidade sensorial, quinestésica, o espectáculo é como que o boom, como que o fecho da abóboda do amortecimento da consciência crítica. Julgo não estar distante da realidade se disser que (1) nada hoje escapa à indústria do espectáculo e (2) nada escapa à engenharia política do espectáculo. A segunda apanha boleia da primeira.
Jogos de futebol e shows musicais não são, em si, produtos políticos, não foram criados para servir interesses políticos. Uns e outros constituem dois pilares de libertação sensorial, de lazer dinâmico.
O futebol é uma das mais imponentes e mediáticas formas de religião profana da actualidade.
Com efeito, os campos de futebol são os reais sucedâneos dos templos de todos os tempos e regiões. Ir a um jogo de futebol é ir a uma missa pagã: rezamos ferverosamente, imploramos aos deuses (as modernas estrelas do futebol), partilhamos a empatia da presença através de múltiplas maneiras (as claques são o exemplo mais flagrante), esperamos que o sacerdote (o árbitro) seja convicente. E regularmente voltamos ao templo para revigorar a nossa fé e aí deixar as nossas preces generosas para que vença o nosso clube, o nosso deus colectivo. As nossas tristezas, as nossas fragilidades, os nossos medos, ficam reactivamente atenuados se as nossas equipas ganham. Se não ganham, sabemos que ganharão um dia. Uma fé inabalável, que a magia, boa ou má, dos treinadores e, no nosso caso, dos vovôs (os grandes curandeiros do ritual), alimenta em permanência.
Em sua densidade sensorial, quinestésica, o espectáculo é como que o boom, como que o fecho da abóboda do amortecimento da consciência crítica. Julgo não estar distante da realidade se disser que (1) nada hoje escapa à indústria do espectáculo e (2) nada escapa à engenharia política do espectáculo. A segunda apanha boleia da primeira.
Jogos de futebol e shows musicais não são, em si, produtos políticos, não foram criados para servir interesses políticos. Uns e outros constituem dois pilares de libertação sensorial, de lazer dinâmico.
O futebol é uma das mais imponentes e mediáticas formas de religião profana da actualidade.
Com efeito, os campos de futebol são os reais sucedâneos dos templos de todos os tempos e regiões. Ir a um jogo de futebol é ir a uma missa pagã: rezamos ferverosamente, imploramos aos deuses (as modernas estrelas do futebol), partilhamos a empatia da presença através de múltiplas maneiras (as claques são o exemplo mais flagrante), esperamos que o sacerdote (o árbitro) seja convicente. E regularmente voltamos ao templo para revigorar a nossa fé e aí deixar as nossas preces generosas para que vença o nosso clube, o nosso deus colectivo. As nossas tristezas, as nossas fragilidades, os nossos medos, ficam reactivamente atenuados se as nossas equipas ganham. Se não ganham, sabemos que ganharão um dia. Uma fé inabalável, que a magia, boa ou má, dos treinadores e, no nosso caso, dos vovôs (os grandes curandeiros do ritual), alimenta em permanência.
Economia e a actual crise dos mercados
"Eric Hobsbawm, há alguns anos, já havia diagnosticado que a moderna teoria econômica, ensinada nas universidades e fortemente midiatizada, não passava de uma nova teologia. Os economistas, a serviço do ‘mercado’, são como profetas do caos. Curiosamente, insistem em prever o que não sabem." (imagem reproduzida daqui)
Empresários e negócios em Moçambique
Quer saber um pouco dos empresários e dos negócios em Moçambique? E de quem neles aparece em destaque, a começar pelo empresário indiano Manoj Sompura, de quem se diz que sabe encontrar parceiros nos círculos mais poderosos do poder em Moçambique?
Pois leia aqui os cabeçalhos do Africa Intelligence. Se quer ler em português, faça uso do tradutor google situado no lado direito deste diário.
29 setembro 2008
Seis líderes da Frelimo descritos em 1975
Data de 12 de Maio de 1975 - a independência nacional do nosso país ocorreu a 25 de Junho desse ano - um trabalho escrito por Robin Wright sobre seis homens da liderança da Frelimo: Samora Machel, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Joaquim de Carvalho e Jorge Rebelo. Confira aqui. Se quer ler em português, faça uso do tradutor google situado do lado direito deste diário. Obrigado ao leitor que me enviou a referência do trabalho.
Que lógicas funcionam nas "cabeças" dos eleitores? (4) (continua)
Prossigo um pouco mais esta série.
Avaliação do governo - este o primeiro dos seis factores que, tal como vos propus, estão em jogo quando votamos.
Mas o que é governo? Aqui está uma pergunta cuja resposta provavelmente nada tem a ver com a imagem ao mesmo tempo múltipla e unificada que formamos e difundimos no conforto urbano dos nosssos gabinetes e dos nossos artigos de jornal.
Governo é uma coisa cujo significado pode variar localmente, regionalmente, péri-urbanamente, urbanamente, ruralmente.
Avaliação do governo - este o primeiro dos seis factores que, tal como vos propus, estão em jogo quando votamos.
Mas o que é governo? Aqui está uma pergunta cuja resposta provavelmente nada tem a ver com a imagem ao mesmo tempo múltipla e unificada que formamos e difundimos no conforto urbano dos nosssos gabinetes e dos nossos artigos de jornal.
Governo é uma coisa cujo significado pode variar localmente, regionalmente, péri-urbanamente, urbanamente, ruralmente.
Desdém versus racismo
Do Joaquim Nhampoca, licenciado em sociologia e pós-graduado em saúde pública, recebi, com pedido de publicação, um texto com o título em epígrafe - a tristeza de Joaquim é produto do que se passou num avião -, que transcrevi na íntegra num outro dos meus blogues, o FaleQueixe-seDesabafe.
Aproveito a oportunidade para recordar que publicarei nesse blogue textos que os leitores desejarem enviar-me.
Aproveito a oportunidade para recordar que publicarei nesse blogue textos que os leitores desejarem enviar-me.
Samora faria hoje 75 anos
O falecido presidente Samora Moisés Machel faria hoje 75 anos caso estivesse vivo. Segundo a Rádio Moçambique em noticiário de ontem, 19:30, Chilembene, onde nasceu, será considerado local histórico nacional. Obrigado à Paula Libombo pelo envio das fotos.
28 setembro 2008
BOBs2008: ponto de situação
Entre 1 e 26 de Outubro, o júri internacional do BOBs2008 nomeará dez finalistas em cada categoria do concurso. Neste momento, existem 10974 blogues registados. Obrigado àquelas e àqueles que têm votado neste diário e contribuído para que ele possa ser eventualmente seleccionado para melhor weblog e melhor weblog em língua portuguesa (e que, também, têem contribuído para que ele seja o mais lido dos blogues moçambicanos). O ano passado, o diário de um sociólogo foi um dos dez seleccionados para o prémio do melhor weblog em língua portuguesa, tendo ficado em terceiro lugar na classificação público.
Zimbabwe: a fórmula de Ngwenya
Devido a divergências na atribuição de ministérios, ainda não funciona no Zimbabwe o governo de unidade nacional depois que um acordo de partilha de poder foi assinado a 15 de Setembro entre a ZANU de Robert Mugabe e o MDC de Morgan Tsvangirai. Sem citar a fonte de origem do informe, o "Notícias" de amanhã - já disponível na versão online - escreve que o Zimbabwe tem "uma inflação de mais de 11 milhões por cento na taxa anual e quatro em cada cinco adultos estão desempregados. A produção, nomeadamente agrícola, caiu e milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome."
Num portal dedicado ao Zimbabwe, o colunista Rejoyce Ngwenya escreveu um artigo com o título "Zimbabwe: um dia na vida do Sr. Média", no qual afirmou que a sobrevivência no país apenas é possível com uma aventura darwineana, uma coragem cesarista e uma arrogância bonaparteana. E acrescento eu: o velho Marx escreveu um dia que a história se repete duas vezes: a primeira como drama, a segunda como farsa.
Num portal dedicado ao Zimbabwe, o colunista Rejoyce Ngwenya escreveu um artigo com o título "Zimbabwe: um dia na vida do Sr. Média", no qual afirmou que a sobrevivência no país apenas é possível com uma aventura darwineana, uma coragem cesarista e uma arrogância bonaparteana. E acrescento eu: o velho Marx escreveu um dia que a história se repete duas vezes: a primeira como drama, a segunda como farsa.
Salvado critica
O treinador do Atlético Muçulmano e presidente da Associação de Treinadores de Moçambique, Arnaldo Salvado, teceu hoje duras críticas a certos árbitros que tudo fazem - argumentou - para construir resultados falsos marcando faltas que não existem. O treinador, que falava para a Rádio Moçambique logo após o jogo em que a sua equipa venceu por 1/0 a Liga Muçulmana, colocando-se por essa via no segundo lugar do Moçambola, citou especificamente a sua equipa e o Costa do Sol como vítimas (Rádio Moçambique, "domingo desportivo").
Anonimato nos blogues
Como poderão reparar, há um novo questionário colocado logo a seguir ao mural de recados, lado direito deste diário. Agradeço desde já a vossa contribuição na votação (imagem reproduzida daqui).
Entretanto, no que concerne ao anterior questionário - tendo as eleições presidenciais da segunda volta no Zimbabwe como tema -, houve 103 contribuições, com 18.4% de pessoas contra o não reconhecimento de Mugabe como presidente e 15.5% declarando que as eleições foram marcadas pela intimidação.
Entretanto, no que concerne ao anterior questionário - tendo as eleições presidenciais da segunda volta no Zimbabwe como tema -, houve 103 contribuições, com 18.4% de pessoas contra o não reconhecimento de Mugabe como presidente e 15.5% declarando que as eleições foram marcadas pela intimidação.
África do Sul: festa com a nova ministra da Saúde
Um grupo de activistas festejou com champanhe a nomeação da nova ministra da Saúde da África do Sul, Barbara Hogan (à esquerda na foto), depois de ter criticado a anterior ministra, Manto Tshabalala-Msimang. Leia detalhes aqui. Se quer ler em português, socorra-se do tradutor google situado no lado direito deste blogue. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
Corrupção
A propósito do cemitério das Mahotas ou Nwaxitsena, periferia da cidade de Maputo, onde, apesar da sua desactivação, se fazem enterros e cobranças, um leitor do "Notícias" traçou um quadro sombrio da corrupção a partir do enterro de uma criança: "No passado respeitava-se o Cemitério das Mahotas, ou simplesmente Nwaxitsena. No passado respeitava-se o morto. Depois de a pessoa perder a vida geralmente o seu enterro é precedido de velório na capela do hospital ou do cemitério e havia sentimento de medo. Até o carro funerário era respeitado. Os valores morais da nossa sociedade estão a ser cada vez mais adulterados. A vergonha e o respeito fazem parte do passado. Até quando e onde vamos com isso? São valores da sociedade que deveriam ser preservados e transmitidos às gerações vindouras (...) Só para realizar o funeral desta criança não se gastou menos de 2500MT, sem contar com outras despesas das cerimónias na casa do falecido (...) o Aparelho do Estado enferma de uma inércia e apatia geral. Este fenómeno caracteriza-se por uma corrupção generalizada em certos sectores e para o cidadão se beneficiar de um determinado serviço é obrigado a corromper o funcionário como forma de ver o seu assunto, o seu requerimento conduzido com a atenção devida (...) Concessão de terrenos, montagem de energia nas nossas casas, em tudo isso deve-se tirar dinheiro extra devido à atitude de alguns funcionários do Estado que criam a imagem de que só o cidadão é que tem obrigações para com o Estado, assumindo este um papel passivo, lesando por vezes os interesses do cidadão."
Samir Amin e a "redução da pobreza"
Do economista egípcio Samir Amin: "O facto em si mesmo geralmente é reconhecido e reafirmado na nova linguagem dominante: "redução da pobreza" tornou-se um tema recorrente entre os objectivos que as políticas governamentais dizem executar. Mas a pobreza em questão é apresentada só como um facto medido empiricamente, tanto de forma muito grosseira através da distribuição do rendimento (linhas de pobreza) ou de uma forma um pouco menos grosseira através de índices compostos (tais como os índices de desenvolvimento humano propostos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), sem nem mesmo levantar a questão das lógicas e dos mecanismos que geram esta pobreza (...) A vulgar teoria económica convencional evita as questões reais que são colocadas pela expansão do capitalismo. Isto acontece porque ela substitui uma análise do capitalismo realmente existente por uma teoria de uma capitalismo imaginário, concebido como uma extensão simples e contínua das relações de troca (o mercado), apesar de o sistema funcionar e reproduzir-se na base da produção capitalista e das relações de troca (não simplesmente relações de mercado). Esta substituição é facilmente emparelhada com uma noção a priori, que não é confirmada nem pela história nem por argumentos racionais, de que o mercado é auto-regulador e produz um óptimo social. A pobreza assim só pode ser explicada por causas que se decreta serem externas à lógica económica, tal como o crescimento populacional ou erros políticos. A relação da pobreza com o próprio processo de acumulação é afastada pela teoria económica convencional. "
Estado
Durante alguns anos, o nosso Ministério do Interior foi literalmente pilhado em alguns milhões de dólares (220 biliões de meticais da antiga família) - dinheiro dos contribuintes, dinheiro dos doadores -, em mais um exemplo de como o Estado pode ser um veículo de acumulação, de formação e de concentração de renda e de riqueza. Perante uma realidade como essa, é sempre possível, porém, apresentar o Estado como uma organização técnica, colectiva, como algo independente de grupos sociais e de interesses, tal como está patente nesta bela e neutral definição do editorial do semanário "Domingo" de hoje, a propósito "da ordem de prisão a personalidades iminentes do Ministério do Interior" dada pela Procuradoria-Geral da República: "Estado mais não é, no fim e ao cabo, que uma organização obrigatória para criar condições a fim de que os interesses legítimos dos cidadãos, no seu conjunto, prosperem, em clima de paz e concórdia, rumo ao bem-estar. Estado é, por conseguinte, a organização democrática dos interesses dos cidadãos e não dos interesses individuais dos dirigentes do Estado." (p. 2).
27 setembro 2008
Os caminhos do saque segundo o "Savana"
Em trabalho de Francisco Carmona, o semanário "Savana" desta semana dá conta dos caminhos do saque que levaram à detenção de nove indivíduos, aí compreendido o ex-ministro do Interior, Almerino Manhenje. Eis o primeiro parágrafo da peça: "Conforme o que o SAVANA apurou, a Chicamba Investimentos foi a empresa usada para o saque. Neste processo, Armando Pedro Jr. é indiciado de ter sido o projectista desta empresa, com a missão de desviar fundos do Ministério do Interior." Confira o texto integral aqui.
26 setembro 2008
O que significa a detenção de Manhenje? (3) (continua)
"O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores."- Samora Machel
Prossigo a série.
Prossigo a série.
Na história pós-independência do nosso país, é a primeira vez que um ex-ministro, na circunstância Almerino Manhenje, é detido devido a um importante desvio de fundos num ministério. Antes dele, apenas o falecido Sebastião Mabote o fôra, em 1991, mas por uma razão diferente, a de suspeita de tentativa de golpe de Estado.
Num país como o nosso, onde vários trabalhos têem mostrado (1) uma profunda descrença nos órgãos do Estado (designadamente nos da justiça) e (2) uma profunda crença de que a justiça apenas atinge os mais pobres, o desencadeamento por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) de uma operação de grande envergadura que conduziu à detenção de nove indivíduos que nada têm de pobres, oito dos quais - incluindo um ex-ministro - por causa do desvio mais acima citado, ocorrido no Ministério do Interior, provocou, naturalmente, surpresa e admiração.
Creio que, de forma dispersa ou concentrada, de per si ou acopladas, visíveis ou escondidas nas entrelinhas, três hipóteses parecem emergir em diversos quadrantes para explicar o fenómeno tsunami da operação:
1. Pressão dos doadores, cansados de injectar dinheiro para o orçamento geral do Estado sem que a transparência de gestão dos fundos esteja devidamente acautelada.
2. Estratégia múltipla da Frelimo, vizinha das eleições e desejosa de nelas se apresentar de face lavada por inteiro com o fito de fazer o que fez o MPLA em Angola: eliminar por completo a oposição.
3. Luta inter-elites, com a actual elite reinante tendo como alvo uma parte da elite ligada ao ex-presidente Joaquim Chissano (repare-se na frequência com que o nome de Manhenje aparece associado ao de Chissano).
Uma hipótese muito menos considerada publicamente diz respeito ao possível esforço autónomo e genuíno da PGR no sentido de um combate declarado à corrupção.
Num país como o nosso, onde vários trabalhos têem mostrado (1) uma profunda descrença nos órgãos do Estado (designadamente nos da justiça) e (2) uma profunda crença de que a justiça apenas atinge os mais pobres, o desencadeamento por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) de uma operação de grande envergadura que conduziu à detenção de nove indivíduos que nada têm de pobres, oito dos quais - incluindo um ex-ministro - por causa do desvio mais acima citado, ocorrido no Ministério do Interior, provocou, naturalmente, surpresa e admiração.
Creio que, de forma dispersa ou concentrada, de per si ou acopladas, visíveis ou escondidas nas entrelinhas, três hipóteses parecem emergir em diversos quadrantes para explicar o fenómeno tsunami da operação:
1. Pressão dos doadores, cansados de injectar dinheiro para o orçamento geral do Estado sem que a transparência de gestão dos fundos esteja devidamente acautelada.
2. Estratégia múltipla da Frelimo, vizinha das eleições e desejosa de nelas se apresentar de face lavada por inteiro com o fito de fazer o que fez o MPLA em Angola: eliminar por completo a oposição.
3. Luta inter-elites, com a actual elite reinante tendo como alvo uma parte da elite ligada ao ex-presidente Joaquim Chissano (repare-se na frequência com que o nome de Manhenje aparece associado ao de Chissano).
Uma hipótese muito menos considerada publicamente diz respeito ao possível esforço autónomo e genuíno da PGR no sentido de um combate declarado à corrupção.
Veremos a continuidade da série, quando parece estar em jogo uma espécie de resamorização do Estado em período histórico muito distinto daquele em que Samora viveu, Samora que faria 75 anos no próximo dia 29 caso estivesse vivo.
A "hora do fecho" do "Savana"
Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com a "A hora do fecho" desta semana, cujo primeiro parágrafo é o seguinte:
* O piloto-aviador de quem se fala deve estar arrependido de não ter melhorado as condições prisionais quando ainda era ministro do Interior. A ver o Sol aos quadradinhos, Manhenje solicitou televisor, aquecedor para água, colchão e ventoinhas. Afinal não é só o Nini que tem direito a confortos celulares.
Portal do Conselho Constitucional
Algum dia visitaram o portal do nosso Conselho Constitucional? Se não, façam-no aqui.
"Zambeze" vendido a preços de candonga
O semanário "Zambeze" prepara para hoje uma nova impressão do jornal, depois que desde quarta-feira ele foi literalmente comprado por cidadãos em toda a cidade de Maputo (conforme aqui noticiei em primeira mão), a mando - segundo o semanário - de Mohamed Macsud Ayoob, ex-sócio da "Modas Niza". O jornal, que contém uma reportagem sobre narcotráfico em Moçambique, chega a ser comercializado "por 35,00 MT, 50,00 MT e até 100,00 MT. O preço corrente é de 20,00 MT." Esta manhã, ainda, a candonga era praticada junto ao restaurante Piri-Piri.
Canuma indeferiu pedidos de caução
Segundo escreve hoje o "Canal de Moçambique", em despacho de Luís Nhachote, o juiz Boaventura Canuma (e não Coloma) indeferiu quarta-feira "o pedido de caução dos nove indivíduos detidos em conexão com o gigantesco rombo de 220 milhões de meticais ocorrido durante a chancelaria de Almerino Manheje, entre 1995 a 2004 (...)". Confira aqui.
25 setembro 2008
É Deviz sintoma de crise? (5) (continua)
As opções por Simango na Frelimo (Maputo) e por Pereira na Renamo (Beira) são mais do que escolhas de bases partidárias e de decisões estratégicas técnicas nos topos. Nas malhas patronais e clientelistas dos partidos, são, acima de tudo, apostas em algo diferente, em algo que tem a ver com interesses muito precisos, com grupos sociais hegemónicos. Um município não é um um lugar neutro, de mero poder simbólico, de prestígio: é, também, um lugar estratégico de ganhos materiais muito concretos.
Para chegar ao que chamei interesses muito precisos, as escolhas partidárias recaíram em Simango em Maputo pela Frelimo e em Pereira pela Renamo na Beira.
As crises de luta estratégica que levaram à queda de Comiche e de Deviz, tiveram sequências distintas: Comiche conformou-se com a disciplina partidária, Deviz foi contra ela e tornou-se independente. Ao tornar-se independente da tutela partidária, Deviz ampliou na Beira uma busca de autonomia que já tinha sido iniciada pelo antigo governador de Sofala, Francisco Masquil, ex-membro da Frelimo e da Renamo. Acontece que Deviz é agora apoiado por Masquil e pelo grupo por este criado faz alguns anos, Grupo de Reflexão e Mudança.
As crises de luta estratégica que levaram à queda de Comiche e de Deviz, tiveram sequências distintas: Comiche conformou-se com a disciplina partidária, Deviz foi contra ela e tornou-se independente. Ao tornar-se independente da tutela partidária, Deviz ampliou na Beira uma busca de autonomia que já tinha sido iniciada pelo antigo governador de Sofala, Francisco Masquil, ex-membro da Frelimo e da Renamo. Acontece que Deviz é agora apoiado por Masquil e pelo grupo por este criado faz alguns anos, Grupo de Reflexão e Mudança.
Mais de 200 empresas já entregaram dados à KPMG
Segundo a macahub, em despacho sobre Moçambique: "Mais de 200 empresas entregaram já à KPMG, uma empresa de consultoria e auditoria, os seus dados para concorrerem às cem maiores empresas de Moçambique, no exercício fiscal de 2007, disse quarta-feira à macauhub em Maputo um quadro da instituição. No total são 214 as empresas quer privadas quer públicas que submeteram informação para serem avaliadas." Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, por me ter feito chegar a referência.
Advogados falam dos seus constituintes
Advogado de Almerino Mahenje e de sete funcionários do Ministério do Interior, Lourenço Malia afirmou: "O ponto é que os constituintes estão bem de saúde e a ter um tratamento normal, como qualquer cidadão que se encontra detido. Para o caso específico de Almerino Manhenje, ele está bem e à-vontade. É um homem ímpar e que sabe ultrapassar qualquer obstáculo." Por sua vez, Tomás Timbane, advogado de Armando Pedro Muiuane Júnior, disse que "o seu cliente está bem de saúde, apenas tem estado a reclamar pelo facto de estar a ser injustiçado e humilhado por tudo que está a acontecer."
Uma das manchetes do "O País"
Essa uma das manchetes do semanário "O País" desta semana. Se quer ler o original da Transparência Internacional, faça-o aqui, na rubrica Sub-Saharan Africa. Clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.
24 setembro 2008
"Zambeze" sumiu das ruas esta noite
Sumiram literalmente das ruas já, esta noite, os exemplares à venda do semanário "Zambeze" desta semana, o qual trás uma desenvolvida e documentada reportagem sobre narcotráfico em Moçambique. Tudo leva a crer que um grupo de pessoas o esteve e está a comprar por todo o lado. O director do semanário, Fernando Veloso, confirmou-me há momentos o fenómeno e acrescentou que se está a imprimir mais exemplares. Entretanto, o semanário "Savana" referir-se-á ao fenómeno na sua edição de amanhã (obrigado ao jornalista deste último jornal por me ter posto na pista do evento) .
Obama claramente à frente
Turbulência na indústria financeira e crescente pessimismo sobre a economia dão o primeiro claro sinal de vantagem do democrata Barack Obama (tantas vezes referido neste diário) sobre o republicano John McCain nas preferências do eleitorado norte-americano. Confira aqui. Se quer ler em português, faça uso do tradutor google situado no lado direito deste diário. Mas, já agora, leia em português esta outra notícia. Obrigado ao leitor que me chamou a atenção para o tema.
Mussá e Colaço demissionários?
Aguardo ainda, a todo o momento, confirmação de João Carlos Colaço - com quem falei telefonicamente há momentos - sobre se ele e Ismael Mussá abdicaram dos seus cargos de assessores do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama. Ambos são ainda deputados pela Assembleia da República por aquele partido e docentes da Universidade Eduardo Mondlane. Aguardem.
1.ª adenda: confirmado. Ambos se mantêem, porém, como membros do partido.
2.ª adenda: aqui está mais um sinal de que algo não deve correr bem no topo da liderança do maior partido da oposição em Moçambique. A cissiparidade adesional parece crescer. Nem Mussá nem Colaço são quaisquer pessoas. Como não eram nem são, Raul Domingos e Deviz Simango. A Renamo corre o risco de um sério défice de intelectuais fortes de suco gástrico.
Depois de Manhenje (texto de Marcelo Mosse)
O director executivo do Centro de Integridade Pública, Marcelo Mosse (na imagem) - aquele que foi colega do assassinado jornalista Carlos Cardoso, que investigava corrupção em Moçambique -, escreveu o seguinte a propósito da detenção de Almerino Manhenje, antigo ministro do Interior: "A detenção do antigo Ministro do Interior, Almerino Manhenje, pode ser um indicador de que finalmente a engrenagem do controlo da corrupção em Moçambique está a arrancar? Estaremos perante o início da tão esperada limpeza? Ou trata-se apenas de um curto-circuito sem consequências a longo prazo? A resposta a estas questões é: depende. Depende da forma como a classe política dominante vai reagir neste caso e, sobretudo, se existe um aval partilhado que permita que a máquina da Justiça comece a atacar a grande corrupção dentro das balizas da lei." Confira o documento na íntegra aqui.
1.ª adenda: continuam detidos na Cadeia Civil da cidade de Maputo os oito arguidos relacionados com o desfalque ocorrido no Ministério do Interior na ordem dos 22o milhões de meticais, bem como o nono arguido do Instituto Nacional de Segurança Social, não havendo ainda despacho de pronúncia do juiz, despacho que, de acordo com a lei, deve ser efectuado 48 horas após a detenção (Rádio Moçambique, noticiário das 18 horas).
2.ª adenda às 18:56: no semanário Magazine Independente desta semana, o jornalista Lourenço Jossias produziu um quadro severo do que passou no mandato de Almerino Manhenje, referindo, por exemplo, a "maneira pouco transparente como geriu o "dossier Cardoso", durante o qual e segundo várias testemunhas, manipulou até a força da Casa Militar, pondo-a a guarnecer Anibalzinho, o líder da esquadrilha assassina da BO (cadeia de máxima segurança, CS)" (p. 5).
3.ª adenda a 25/09/08: segundo o "Notícias"de hoje, foi legalizada a prisão dos nove arguidos. Confira aqui.
Oito arguidos do Ministério do Interior
Sobre a detenção de nove indivíduos a mando da Procuradoria-Geral da República da cidade de Maputo, entre os quais o ex-ministro do Interior, Amerino Manhenje, o "Notícias" de hoje tem um texto do qual destaco o seguinte: "As detenções foram efectuadas a mando da Procuradoria da República da Cidade de Maputo e, segundo ficámos a saber, oito arguidos fazem parte dos quadros do Ministério do Interior e um, Armando Pedro, do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), onde exerce as funções de Presidente do Conselho de Administração (PCA). Ao que apurámos, Armando Pedro foi detido porque na altura do desfalque do montante em causa tinha uma empresa de consultoria que prestava serviços ao Ministério do Interior. Fontes autorizadas contactadas pelo “Notícias” referem que, embora os arguidos estejam a colaborar com a justiça, as suas detenções não estão feridas de qualquer ilegalidade, uma vez terem sido constatados fortes indícios do seu envolvimento no desfalque. Por essa razão foram emitidos os mandados de captura, que foram executados em pleno."
1.ª adenda às 8:01: o Canal de Moçambique divulga hoje a lista dos detidos e reproduz a posição do ex-chefe de Estado, Joaquim Chissano, apresentada na Televisão de Moçambique: “Não compreendo isso, porque ele (Almerino Manhenje] nunca fugiu do país e podia responder ao processo em liberdade”, disse Chissano que alegou ainda que “há crimes mais graves em que os envolvidos respondem em liberdade”.
2.ª adenda às 10:00: decorrem neste momento as inquirições dos detidos na Cadeira Civil de Maputo. Familiares, jornalistas e curiosos aguardam no exterior (Rádio Moçambique, noticiário das 10 horas).
23 setembro 2008
O que significa a detenção de Manhenje? (2) (continua)
"O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores."- Samora Machel
Há seis anos, o jornalista e professor universitário Joseph Hanlon escreveu um artigo com o título "Are donors to Mozambique promoting corruption?" Nesse artigo, observou que uma relação simbiótica se tinha estabelecido entre uma elite moçambicana predadora e os doadores no sentido de assegurar o mito da história de sucesso em que se tornou Moçambique. Nós cumpríamos certas coisas de forma exemplar e os doadores fechavam os olhos a outras. Argumentou mesmo que os doadores premiavam a corrupção e recusavam ajudar os Moçambicanos honestos (se quer ler em português, use o tradutor google situado no lado direito deste diário).
Realidade múltipla, coisa de sobrevivência para uns no rés-do-chão do social, de ultravivência para outros no primeiro andar - consulte o portal do CIP -, a corrupção tornou-se, há muitos anos, um motivo de preocupação, um ícone de assepsia esgrimido por frentes honestas dentro e fora do país. Aliás, ela foi um das frentes de luta de Samora Machel, iniciada logo quando da tomada de posse do governo de transição em 1974.
Há seis anos, o jornalista e professor universitário Joseph Hanlon escreveu um artigo com o título "Are donors to Mozambique promoting corruption?" Nesse artigo, observou que uma relação simbiótica se tinha estabelecido entre uma elite moçambicana predadora e os doadores no sentido de assegurar o mito da história de sucesso em que se tornou Moçambique. Nós cumpríamos certas coisas de forma exemplar e os doadores fechavam os olhos a outras. Argumentou mesmo que os doadores premiavam a corrupção e recusavam ajudar os Moçambicanos honestos (se quer ler em português, use o tradutor google situado no lado direito deste diário).
Realidade múltipla, coisa de sobrevivência para uns no rés-do-chão do social, de ultravivência para outros no primeiro andar - consulte o portal do CIP -, a corrupção tornou-se, há muitos anos, um motivo de preocupação, um ícone de assepsia esgrimido por frentes honestas dentro e fora do país. Aliás, ela foi um das frentes de luta de Samora Machel, iniciada logo quando da tomada de posse do governo de transição em 1974.
Então, tomando a corrupção como eixo de reflexão, o que significa a detenção do antigo ministro do Interior, Almerino Manhenje, bem como de outras pessoas?
O que significa a detenção de Manhenje? (1)
São muitas as pessoas que, especialmente via celular e email, me estão a pedir que procure analisar o significado da detenção do ex-ministro do Interior, Almerino Manhenje, e de outras pessoas. Nas próximas horas tentarei colocar aqui algumas pequenas ideias.
22 setembro 2008
Detido hoje antigo ministro do Interior
Por ordem da Procuradoria-Geral da República, foi hoje detido o antigo ministro do Interior, Almerino Manhenje, devido ao desfalque de 220 milhões de meticais nas contas de 2005 naquele ministério. Com ele terão também sido detidos dois antigos directores financeiros, um do Ministério do Interior e outro da Força de Intervenção Rápida (Rádio Moçambique, noticiário das 19:30). Entretanto, recorde uma postagem minha aqui, datada de 08 de Dezembro de 2006.
1. ª adenda às 21:29: leia o que o jurista Custódio Duma da Liga dos Direitos Humanos escreveu sobre o tema aqui.
2.ª adenda às 8:28 de 23/09/08: segundo o Canal de Moçambique de hoje, "foi também ontem detido em Maputo, Abílio Mussane, que até Fevereiro do corrente ano exerceu o cargo de PCA do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Mussane foi demitido de tais funções por ordem de Helena Taipo, ministra do Trabalho, depois de se ter apurado que no INSS terão sido desviados para fins ilícitos cerca de 9 milhões de dólares americanos, entre 2002 e 2008." Sobre o INSS, recorde estas postagens aqui e aqui.
3.ª adenda às o9:45: um jornalista do "Savana" telefonou-me há momentos a dizer que a notícia em epígrafe, do "Canal de Moçambique", está errada, pois quem foi detido foi Armando Pedro Junior, actual PCA do INSS. E, aparentemente, foi detido por razões diferentes das apontadas pelo jornal citado. Já telefonei para o "Canal" a dar conta do erro.
4.ª adenda às 10:37: Canal de Moçambique corrigiu o erro e apresentou desculpas.
5.ª adenda às 11:41: no caso do Ministério do Interior, o "Notícias" de hoje refere que estão em causa 220 biliões de meticais da antiga família. Confira aqui.
6.ª adenda às 17:27: leia ou recorde notícias sobre o desfalque no Ministério do Interior aqui e aqui.
7.ª às 19:43: a Rádio de Moçambique referiu um comunicado da Procuradoria-Geral da República ao nível da cidade de Maputo no qual se afirma que foram detidas ontem nove pessooas, tendo Almerino Manhenje sido detido na via pública perto do Instituto Superior de Relações Internacionais (noticiário das 19:30).
Namuali e o empreendedor
O Raide Namuali, nosso estudante universitário no Paraná, Brasil, enviou-me um email a comunicar que criou um blogue "dedicado aos empresários e estudantes da área de gestão e economia". Consultem-no (imagem retirada daqui).
Inédito: duas equipas "muçulmanas" dominam Moçambola
A Liga Muçulmana, treinada pelo brasileiro Camargo e o Atlético Muçulmano, treinado pelo moçambicano Salvado, são respectivamente segundo e terceiro lugares no Moçambola deste ano (o quadro de resultados acima foi extraído do "Notícias"de hoje, p. 4), fenómeno inédito na história do futebol sénior do nosso país. Estar apenas uma onde está já seria inédito; estarem duas é ultra-inédito. Há dias perguntei a um adepto do Maxaquene como explicava ele semelhante êxito de duas equipas anteriormente modestas, ao que respondeu ser "efeito de bastidores". Não acredito na história dos bastidores. Parto da hipótese, bem sensata, de que naqueles dois clubes se leva o futebol muito a sério, com grande cuidado. Lá militam alguns dos nossos melhores jogadores. Mas deixemos de parte o que penso: o que pensam os leitores?
Motlanthe: novo presidente da África do Sul
Número dois do ANC, partido no poder, Kgalema Motlanthe será o novo presidente da África do Sul até à realização das eleições no segundo trimestre do próximo ano. Leia aqui em inglês e aqui em francês. Se quer ler em português, use o tradutor google situado no lado direito deste blogue.
Dhlakama: sou ditador para salvar a democracia
Citado pelo "Notícias" de hoje, o presidente do partido Renamo, Afonso Dhlakama: "Eu posso aceitar que sou ditador mas um ditador para salvar a democracia (...). Quero dizer a todos que conheço o partido e mesmo assim eu digo sinceramente, muitas vezes um político não gosta de dizer eu..., eu... mas hoje quero vos dizer que eu Afonso Dlhakama sou importante neste partido."
21 setembro 2008
Amanhã sobre Deviz na STV
Serei um dos intervenientes amanhã no programa "Opinião Pública" da estação televisiva STV, 13:30, com Deviz Simango como tema. O jurista Carlos Jeque também estará presente. Quer interagir connosco?
Adenda às 21:02: a Rádio Mocambique acabou de informar que o chefe da campanha de Deviz, Chico José, reafirmou que as "bases da Renamo" (sic) apoiam o candidato. Grande imbróglio, este.
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