31 agosto 2019

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1338, de 30/08/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.

30 agosto 2019

Evacuação da história

Há como que um consenso elitário em torno de uma africanidade essencial, biologizada e a-histórica, agindo homeostaticamente em todos os Africanos, operando a modos de um tropismo ou de um reflexo pavloviano. Nas palavras de Balandier, como se fixadas num eterno presente etnográfico. Um bom e recorrente exemplo é o de muitos de nós dizermos, serena e quantas vezes publicamente, que a norte do Zambeze as populações são matrilineares e a Sul, patrilineares, como se só esse pudesse ser o fatal e congelado destino dos Moçambicanos.

29 agosto 2019

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [138]

-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Número inaugural da série aqui. Número anterior aqui.
Prossigo a história do rumor da prisão da chuva no céu.
Relatórios coloniais e, especialmente, textos do falecido padre Giovanni Battista Brentari (missionário que foi na Zambézia, com quem falei entre 1978 e 1982) vão permitir-me colocar aqui o quadro social que, na Zambézia, escora a crença de que a chuva foi amarrada no céu.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.

28 agosto 2019

Entregue 43.º

Entreguei à "Escolar Editora" os textos do 43.º livro da coleção "Cadernos de Ciências Sociais", intitulado "O que são desigualdades sociais?", com co-autoria de Teresa Seabra de Portugal, Rita Barradas do Brasil, Cesaltina de Abreu de Angola e José d´Assunção Barros do Brasil.

Especialistas de opiniões

Há os que sem pesquisarem, sem passarem pela empiria do trabalho de terreno, de tudo entendem saber, sobre tudo sabem opinar e moralizar, tomando o que pensam pelo que é, o que é pelo que idealizam, confundindo a sua opinião com a realidade, o dever ser com o ser, convertendo pessoas e fenómenos ao seu sistema de crenças e prejuízos.

27 agosto 2019

Facebooko, logo existo

Escrever simples, com corruptelas, com abreviações, como que descuidadamente de propósito, é, em meu entender, um dos aspectos mais marcantes do confessionalismo digital, bem vincado, por exemplo, no Facebook. Gente com cursos superiores desce ao rés-do-chão da vida, gente que já aqui está aqui permanece, temas complexos sofrem um tratamento galhofeiro, um banho terra-a-terra, uma reinvenção de banalidade benévola. Criam-se assim ambientes tu-cá-tu-lá, íntimos, informais, naturais, professados sem problemas pelos membros de cada grupo de chat, cheios do estimulante Like e da adição sem pausa de ciberamigos, de fonismos do tipo eheheheheh ou kkkkkkkkk ou rsrsrsrsrs, adubados pelos anglicismos, etc.

26 agosto 2019

Uma coluna semanal

"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1337 de 23/8/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.

25 agosto 2019

Pretendentes a cargos

O tempo das eleições, em seus múltiplos e sinuosos subtempos, é o tempo das ansiedades, enormemente prêenseis, dos pretendentes a cargos.

24 agosto 2019

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1337, de 23/08/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.

23 agosto 2019

Um prémio

Aqui. Amplie a imagem clicando sobre ela com o lado esquerdo do rato. Resultados das edições de 2016 (aqui, aqui, aqui) e 2018 (aqui).

22 agosto 2019

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [137]

-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Número inaugural da série aqui. Número anterior aqui.
Prossigo a história do rumor da prisão da chuva no céu.
Como observei no número anterior, a crença na chuva presa ao céu tem raízes no passado. Pedra angular dessa crença era (e é) algo como o igualitarismo aldeão, digamos assim. Era (e continua a ser) considerado ilícito todo o processo de acumulação realizado à margem das relações existentes, especialmente parentais. Enriquecer era ferir a comunidade, o igualitarismo aldeão. Assim, em documento referente ao século XVII (poderia arrolar muitos outros documentos do mesmo género e de períodos históricos distintos), Francisco Monclaro escreveu o seguinte a propósito das comunidades camponesas (muchas) do centro do país, mas, também, do Zimbabwe:
"E se acontece que algum deles é mais diligente e granjeador e por isso colhe melhor novidade e cópia de mantimento, logo lhe armam couzas falsas por onde lho tomam e comem, dizendo: porque razão haverá aquele mais milho que outro, não atribuindo isto a maior indústria e deligência, e muitas vezes por esta culpa o matam para lhe comerem tudo (...)"
(Fonte: Almeida, Francisco Figueira de, Carta q Franc.co Figr.ª de Almeida, Capitam de Sena, escreveuo ao Governador Dom Nunes de Alues, dando lhe conta do q hia obrando, acerca da guerra, in Gomes, Antonio, Viagem q fez o Padre Ant.º Gomes, da Comp.ª de Jesus, ao Imperio de de (sic) Manomotapa: e assistencia q fez nas ditas terras de Alg´us annos (séc. XVII), 3, 1959, separata, p. 205.)
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.

21 agosto 2019

A pergunta fundamental

Na maior parte da vida da humanidade, os fenómenos sociais e naturais eram - e continuam a ser - vistos como movidos por causas sobre-humanas. A pergunta fundamental aqui era: quem fez mover isto ou quem provocou isto?
A ciência clássica inverteu esse estado de coisas. A pergunta fundamental passou a ser a seguinte: o que faz mover isto ou o que provocou isto?

20 agosto 2019

Pensamento do dia-a-dia

Uma parte significativa do que se produz como análise mais não é do que um conjunto de julgamentos. O juiz é a figura primeira, o analista raramente aparece. Mais importantes do que as categorias e a estrutura lógica do raciocínio, são as representações e as ideias, os julgamentos de valor. A espinha dorsal do pensamento do dia-a-dia é constituída pela classificação das coisas, dos fenómenos e das pessoas em entidades boas e más. 

19 agosto 2019

Uma coluna semanal

"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1336 de 16/08/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.

18 agosto 2019

Duas constantes

No nosso pensamento do dia-a-dia existem duas constantes:
1. Primado do julgamento sobre a análise: recurso à validação normativa mais do que à validação lógica;
2. Primado da posição disjuntiva: estar irredutivelmente a favor ou contra.

17 agosto 2019

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1336, de 16/08/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.

16 agosto 2019

Poder que se mostra e se resguarda

A nossa concepção óptica e imediata do poder avalia-o quando o vemos, quando um determinado coágulo de poder está diante de nós, quando a augusta figura que o representa está presente em carne e osso. Poder é poder visto, poder sensorial. Dificilmente temos do poder uma concepção relacional.
Mas o poder é, também, ao mesmo tempo, em sua dialéctica, poder que se resguarda, que aspira a mais poder não por estar presente, mas por estar ausente. O poder manifesta-se ainda mais intensamente, afinal, não pela visibilidade, mas pela invisibilidade; não pela presença, mas pela ausência; não pelo que mostra, mas pelo que resguarda; não pelo que enuncia, mas pelo que pode enunciar; não pelo discurso corrente, mas pelo conjunto das nossas expectativas; não pelo terreno imediato, mas pelo sagrado faseado.

15 agosto 2019

Admirável

Admirável é a capacidade de certas pessoas de avaliar outrem a partir de certos pressupostos, certos jornais, certas aparências, sem nenhum conhecimento real de quem é esse outrem e de quais são os seus círculos de história, trabalho, contacto e lazer.

14 agosto 2019

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [136]

-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Número inaugural da série aqui. Número anterior aqui.
Prossigo a história do rumor da prisão da chuva no céu.
Será a crença descrita no número anterior um fenómeno novo, pertença da independência nacional? A resposta é negativa. Vou tentar a partir do próximo número mostrar que a medula da crença é antiga.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.

13 agosto 2019

Espectáculo

O espectáculo puro do poder político dando-se a conhecer e procurando causar efeitos ópticos prolongados - eis o tecto do poder nos comícios, iniciado logo que o líder surge com grande aparato.

12 agosto 2019

Uma coluna semanal

"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1335 de 09/08/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.

11 agosto 2019

10 agosto 2019

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1335, de 09/08/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.

09 agosto 2019

Visibilidade

Quantos mais holofotes cognitivos estiverem direccionados para um determinado fenómeno mais e melhor o estudaremos e compreenderemos.

08 agosto 2019

Comício

Quanto mais gente estiver presente no comício mais o líder se convence de que tem a seus pés a nação inteira em formato concentrado.

07 agosto 2019

Para a psicologia dos rumores em Moçambique [135]

-Lenda urbana, boato ou rumor é "um relato anónimo, breve, com múltiplas variantes, de conteúdo surpreendente, contado como verdadeiro e recente num meio social do qual exprime de maneira simbólica os medos e as aspirações." (in Renard, Jean-Bruno, Rumeurs et légendes urbaines. Paris: PUF, 2006, 3.e éd., p.6).
Número inaugural da série aqui. Número anterior aqui.
Prossigo a história do rumor da prisão da chuva no céu.
Um morto e três feridos graves (dos quais dois polícias) foi o resultado de escaramuças ocorridas em Janeiro de 2009 na ilha de Ionge, localidade de Maquivale, distrito de Nicoadala, província da Zambézia, depois que habitantes acusaram as autoridades locais de prenderem a chuva no céu. Segundo um jornalista da Rádio Moçambique, quando a chuva tarda, é regra local atribuir-se a causa a alguém abastado, dizendo-se que prendeu a chuva no céu. Populares queimaram casas e quando a polícia tentou intervir para deter os responsáveis dos distúrbios, foi recebida com paus e pedras.
Nota: os rumores que estou a apresentar não seguem uma ordem cronológica.

06 agosto 2019

Confronto

As forças do invisível - divindades, espíritos, habitando o saber simbólico analógico e mágico - são entidades vivas e intervenientes em permanência nas nossas vidas - esta é a crença popular. Isto abre a porta às contradições com a biomedicina.

05 agosto 2019

Uma coluna semanal

"Fungulamaso" (=abre o olho, está atento, expressão em ShiNhúnguè por mim agrupada a partir das palavras "fungula" e "maso") é uma coluna semanal do "Savana" sempre na página 19 com 148 palavras. Edição 1334 de 02/08/2019. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.

04 agosto 2019

Nutrientes

Uma baixa quantidade de nutrientes atrasa ou impede o rendimento escolar. Crianças com dificuldade de concentração ou de coordenação motora são regra geral aquelas que possuem alimentação insuficiente e/ou inadequada.

03 agosto 2019

Uma coluna de ironia

Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1334, de 02/08/2019.
Nota: o acesso ao Savana digital tornou-se um exclusivo dos assinantes razão por que deixei de colocar a edição completa aqui e na "crónica semanal" que divulgo à segunda-feira.