A empresa mineira Noventa, actuando em Marropino, província da Zambézia, despediu 333 trabalhadores. Está o nosso governo a par disso, governo que interveio quando a Mozal tentou despedir trabalhadores? Recordem esta notícia: "O Ministério do Trabalho constatou irregularidades no processo do despedimento colectivo de 80 trabalhadores da empresa de fundição de alumínio Mozal. O facto foi revelado ontem, momentos após um encontro entre o ministério e a direcção da empresa." E também esta.
Adenda: obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência sobre a empresa.
3 comentários:
333 trabalhadores é um número elevado! Quantos trabalhadores deve ter a tal empresa ao ponto de despedir 333 possíveis garantes da sustentabilidade de 333 famílias moçambicanas (normalmente com muitos membros no agregado familiar). É um caso inédito! Muito provavelmente a tal empresa está para decretar falência, visto que a indemnização a 333 pessoas, tendo em conta a Lei do Trabalho, requer somas avultadas.
A NOVENTA, é uma empresa cotada no AIM/ Alternative Investment Market, da Bolsa de Londres, NÃO é uma sociedade de direito moçambicano, logo, "não conversa" com o nosso Governo.
MAS, por um sistema de cruzamento de participações, é accionista maioritária da HAMC (Highland African Mininig Company), esta sim, sociedade de direito moçambicano que explora Marropino, logo, interlocutora do Governo.
Com a crise internacional, temos assistido, por todo o mundo, ao despedimento massivo de trabalhadores.
> Nos EUA onde o desemprego se situava abaixo dos 5% (económicamente = a +/- pleno emprego), ronda agora os 10%. Porque não somos uma "ilha", a crise económica mundial, consequência da crise financeira, TAMBÉM já nos entrou pela casa dentro... sem pedir licença: indisciplinada!!
Em boa verdade, só quem teima convencer-se que, como o Avestruz, escondendo a cabeça na areia deixamos de estar expostos aos perigos que nos rodeiam – neste caso, os efeitos de sermos parte dum mercado mundializado – pode admirar-se com despedimentos em sectores produtivos de matérias primas.
Ao que parece, como tantas vezes acontece, "um mal não vem só", a HAMC, para além dos problemas externos (quebra na procura e baixa de preço) também está bem "atulhada" com problemas ao nível da produção.
> A nossa Ministra dos Recursos Minerais, em entrevista às nossas TV´s já abordou esta situação concreta. Pareceu-me, nas entrevistas, perfeitamente ao corrente de tudo e empenhada em participar na resolução deste tipo de problemas.
Finalmente, creio não se tratar de situação semelhante à MOZAL, industria que tem apresentado lucros e, tudo leva a crer, vai continuar a apresentar, POIS, se é certo que baixa o preço de venda do alumínio no mercado internacional, também é verdade que baixa o custo da matéria prima importada, a alumina.
> No caso de Marropino, que, segundo a notícia, apresentou 32,5 milhões de dólares de prejuízo nos dois últimos exercícios económicos e vê as suas principais fontes de financiamento cortadas: “SECOU A TORNEIRA DOS DOLARES” (principal Banco financiador na falência) , nada mais há a fazer SENÂO indemnizar os trabalhadores nos termos da Lei e aguardar melhores dias para a readmissão dos que a exploração vier a justificar.
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PS: Ao pré-visualizar este comentário, deparei-me com o comentário anterior, do Nero, relativamente ao qual gostaria de referir.
1. Segundo a Ministra, todo o processo de indmnização de trabalhadores foi negociado e está assegurado;
2. Cumprida esta condição pela empresa (responsabilidade perante a Lei vigente), entendo que serão irrealistas, meramente "sentimentalistas" os comentários sobre os reflexos do despedimento nas famílias, etc., etc:
>> Quando as empresas cumprem com o legalmente instituído, a responsabilidade social passa para o Estado.
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Obrigado pelo esclarecimento. Entretanto, creio que a responsabilidade social do Estado pode se manifestar com anterioridade ao despedimento. Mais vale, creio eu, ter um salário mais baixo mas continuar a ter emprego, do que receber indemnização e ficar no desemprego, ainda por cima em época de escassez de vagas para empregos. Assim, poder-se-ia evitar os despendimentos se todos os trabalhadores consentissem sacrifícios e aceitassem a redução do valor do salário enquanto durasse a "crise". Sei que é discutível, nos EUA esta foi uma saída airosa e evitou despedimentos em massa. Aliás, se não fosse esta medida, talvez os depedimentos se situassem acima dos 10%.
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