O roubo do desenvolvimento para outros desenvolvimentos prossegue, desta vez na linha de alta tensão de transporte de energia eléctrica para a cidade de Nacala-Porto, a partir de Nampula, "para roubo de cantoneiras e outros materiais metálicos, situação que se vem registando há dois meses a esta parte e que poderá resultar no corte do fornecimento de corrente eléctrica àquela região, paralisando consequentemente a actividade laboral dos projectos industriais ali implantados, incluindo o porto a partir do qual se fazem transacções quer por agentes económicos nacionais, como do vizinho Malawi."
Adenda: a propósito deste tema ao qual tenho dedicado muitas postagens, o AF mandou-me um texto do qual extraí o seguinte: “... Em 2004, quando explodiu a procura voraz da China por aço, começaram a desaparecer tampas de esgoto em todo o mundo. ‘Os primeiros roubos foram sentidos em Taiwan [...], os seguintes ocorreram noutras regiões próximas, como a Mongólia e o Quirguistão [...]. Em Chicago desapareceram mais de 150 tampas no espaço de um mês. Na Escócia, aquando do ‘grande roubo de esgotos’, assistiu-se ao desaparecimento de mais de cem em apenas alguns dias. Em Montreal, Gloucester e Kauala Lumpur, transeuntes incautos caíram dentro de buracos’. Os comerciantes chineses compravam as tampas de esgoto a ladrões locais e, em seguida, cortavam-nas e enviavam-nas para a China; os compradores nem se quer pestanejavam perante as palavras “City of Chicago” gravadas no aço que compravam. Tanto os comerciantes como os compradores precisavam de aço, e alguém o fornecia a preços irresistíveis. No que lhes dizia respeito, esta transacção era apenas um bom negócio” (Napoleoni, 2009: 90). Confira aqui.
2 comentários:
E para o negócio correr melhor, há que ensinar chinês a partir da escola primária, conforme já foi anunciado...
Estive a comentar há dias com um amigo meu sao-tomense sobre estes actos, ele dizia que a melhor forma para colmatar este fenómeno é a justiça moçambicana punir severamente os indiciados de roubarem e destruirem as cantoneiras e os suportes da linha-férra...que, em São-Tomé, apesar de não ter comboio, devido a natureza geografica do país e dos custos que tal empreendimento iria causar ao país, como também não tem um único semáfero, ao contrário de Moçambique; a justiça daquele país pune com isenção e dureza penal a quem cometer um crime, seja ela de que dimensão for. E a minha resposta foi esta: no meu país há Leis, os infractores são punidos e às vezes com excesso de zelo, mas o maior problema para que estes fenómenos estejam a acontecer, infelizmente, é o facto do desenvolvimento do país estar a ser feito de forma desiquilibrada, não se tem em conta que a segurança deve estar sempre em sintonia com o desenvolvimento. As lindas flores que crescem no nosso jardim incomoda aos nossos vizinhos, bem como os amigos do alheio.
Um abraço
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