Número inaugural aqui, número anterior aqui. Há muitos anos, o padre Brentari, já falecido, escreveu o seguinte a propósito do meio propiciador da olowa (acção, endemoninhação ) do mukwiri: "Para quem vive nas povoações é fácil descobrir a grande criação do mal: fome, sede, falta total de possibilidades e meios para o desenvolvimento humano e social; doenças, medos, vinganças, desuniões, opressões em toda a escala da criação: campo, animais, famílias..."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 janeiro 2018
30 janeiro 2018
29 janeiro 2018
Uma crónica semanal
28 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [21]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Na verdade, quando surge uma crise social faz-se fé em que é provocada por aqueles que se distinguem do comum das pessoas, pelos ricos ou pelos forasteiros, por todos aqueles que, de alguma maneira, expressam a diferença, a inovação ou o desacordo. Estas são as categorias de pessoas potencialmente portadoras de okwiri, cada uma delas é suposta ser um mukwiri (na terminologia cristã, ±= demónio ou seu portador), cada uma delas é suposta ser capaz de utilizar ratos, jibóias e outros animais para, à noite, por exemplo, roubar os celeiros dos outros.
27 janeiro 2018
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1255, de 26/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
26 janeiro 2018
Entregue 39.º livro dos Cadernos de Ciências Sociais
1. Tenho o prazer de anunciar que entreguei na sexta-feira passada à Escolar Editora os textos do 39.º livro da colecção Cadernos de Ciências Sociais, intitulado "Como será a sociedade do futuro?", com autoria da brasileira Cleide Calgaro e dos portugueses Lurdes Macedo e António Baptista Coelho.
2. O fórum autoral da coleção conta neste momento com 161 colegas de 15 países estendo-se de Díli a Otava. Oportunamente dar-vos-ei a conhecer o tema e o prazo de entrega do 40.º livro.
25 janeiro 2018
Messias de primeiros socorros
Confrontados com os problemas do dia-a-dia, as pessoas apelam à intervenção de uma espécie de messias de primeiros socorros, imploram os milagres cura-tudo, as soluções decisivas, definitivas, convencidas de que os defeitos estruturais de um sistema social podem ser resolvidos com intervenções fortes e pessoais de ocasião.
24 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [20]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. A crença no vampirismo é uma metáfora pela qual se traduz e se compensa ao mesmo tempo a crise e a privação sociais.
Mas para se compreender melhor o fenómeno do vampirismo - cíclico na Zambézia, por exemplo -, é necessário termos em conta alguns aspectos das representações colectivas populares.
Mas para se compreender melhor o fenómeno do vampirismo - cíclico na Zambézia, por exemplo -, é necessário termos em conta alguns aspectos das representações colectivas populares.
23 janeiro 2018
Intercalar de Nampula
Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 04 páginas, a conferir aqui.
22 janeiro 2018
Uma crónica semanal
21 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [19]
20 janeiro 2018
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1254, de 19/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
19 janeiro 2018
Soporífero
Nos comícios políticos, por exemplo, o fundamental não é o que está a ser dito, o que está a ser proposto, mas o espectáculo em si, a actuação espectacular do líder hipnotizante e carismático falando durante horas seguidas num culto profano. Em momentos eleitorais, o comício pode casar-se com o espectáculo musical, ampliando-se, desta maneira, o poder irradiador do soporífero.
18 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [18]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Vejamos, agora, as componentes básicas da crença:
· Sangue extraído pela cabeça
· Extracção feita através de seringas ou de objectos do mesmo género
· Extracção feita sorrateiramente à noite quando as pessoas dormiam
· Consequências da extracção: fraqueza e morte
· O sangue extraído destinava-se a aproveitamento exterior aos interesses das comunidades
· Extracção de sangue associada a funcionários governamentais ou partidários, aí compreendidos os da Saúde, mas também a simples forasteiros.
· Sangue extraído pela cabeça
· Extracção feita através de seringas ou de objectos do mesmo género
· Extracção feita sorrateiramente à noite quando as pessoas dormiam
· Consequências da extracção: fraqueza e morte
· O sangue extraído destinava-se a aproveitamento exterior aos interesses das comunidades
· Extracção de sangue associada a funcionários governamentais ou partidários, aí compreendidos os da Saúde, mas também a simples forasteiros.
17 janeiro 2018
Sequiosas gentes
Quando mais pequenas as terras, quanto menos povoadas de espectáculos, mais gente aflui aos comícios, lá onde o candidato se multiplica na produção de palavras, de promessas, de gestos e de símbolos, num quadro cerimonial feérico. Saídas do espectáculo de um candidato, as sequiosas gentes logo passam a outro, sempre transversais, rodando de candidato em candidato, de espectáculo em espectáculo, das camisetes de um aos bonés de outro, dos sacos plásticos de um aos porta-chaves de outro.
16 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [17]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Mas vejamos mais em pormenor o contexto social do fenómeno:
· Período político revolucionário, com um forte apelo à mudança social
· Penúria de bens de consumo
· Campanhas de vacinação e de doação de sangue
· Guerra generalizada depois de 1982
· Epidemias
· Período político revolucionário, com um forte apelo à mudança social
· Penúria de bens de consumo
· Campanhas de vacinação e de doação de sangue
· Guerra generalizada depois de 1982
· Epidemias
Leia o "O Público" do Niassa
Eleição autárquica em Nampula
Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 03 páginas, a conferir aqui.
15 janeiro 2018
Uma crónica semanal
14 janeiro 2018
No Niassa com o Faísca
13 janeiro 2018
Uma coluna de ironia
Na última página do semanário "Savana" existe uma coluna de ironia - suave nuns casos, cáustica noutros - que se chama "À hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Segue-se um extracto reproduzido da edição 1253, de 12/1/2018, disponível na íntegra com 31 páginas aqui.
12 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [16]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Em todas as situações descritas houve notícia de penúria de bens de consumo, de agitação social, de anomia, de intriga, de mentalidade linchadora e, aqui e ali, de linchamentos de supostos chupa-sanguistas. As pessoas acreditavam sempre que o sangue lhes era extraído por seringas ou por extractores análogos. Os estereótipos vitimários podem ser demonstrados pelo facto de, anos atrás, em Nicoadala, na Zambézia, dois deputados de Assembleia da República e dois jornalistas terem sido tomados por «chupadores de sangue». Por outro lado, do ponto de vista dos crentes no rumor existia sempre uma associação entre a extracção de sangue e os funcionários governamentais ou partidários e os forasteiros. Do ponto de vista governamental, tudo se resumia a situações subversivas objectivamente criadas em meios onde a credulidade é grande e a pobreza campeia. Finalmente, havia evidências de ladrões tirando partido da situação para roubar nas casas abandonadas.
11 janeiro 2018
Eleição autárquica em Nampula
Um prisma sobre a eleição autárquica em Nampula através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 03 páginas, a conferir aqui.
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [15]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. A crença tornou-se recorrente e estendeu-se a Cabo Delgado e a Nampula. Em Cabo Delgado, mais particularmente em Pemba, ela apareceu em 1988 estreitamente associada no imaginário popular à mobilização feita pela Cruz Vermelha para obter doadores de sangue e ao suposto encaminhamento deste para o banco de sangue. Em Nampula, mais concretamente em Namialo, a crença tomou curso em 1991 no decorrer de uma epidemia de cólera. Em 1992 e 1995 reapareceu na Zambézia (doentes com sintomas de anemia e de malária apresentaram-se nos hospitais queixando-se de que o seu sangue tinha sido «chupado») e, em 1995 também, em Nampula (estando esta província a braços desta vez com uma epidemia de meningite).
10 janeiro 2018
Um prisma sobre Moçambique
Um prisma sobre Moçambique através do mais recente número de um boletim editado por Joseph Hanlon com 06 páginas, a conferir aqui.
09 janeiro 2018
Para a psicologia dos rumores em Moçambique [14]
Número inaugural aqui, número anterior aqui. Milhares de Zambezianos passaram noites em claro gritando, batendo palmas, agitando panelas e outros objectos para afugentar os anamawula (sugadores de sangue, vampiros). Fazia-se fé em que o sangue era destinado ao fabrico de uma nova moeda, à consolidação da Independência Nacional e ao abastecimento dos hospitais. Do ponto de vista governamental, o fenómeno foi imputado ao inimigo e ao obscurantismo.
08 janeiro 2018
Uma crónica semanal
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