12 junho 2009

Sete milhões

No "Savana" desta semana: "Adélia Tomás, um dos membros do Conselho Consultivo (CC) do distrito de Machanga, denunciou ao governador Alberto Vaquina, num comício popular, que alguns beneficiários daquele dinheiro não devolvem o valor, alegando serem do partido Frelimo. “Esta prática é uma barreira para outras pessoas que esperam ter aquele financiamento”, alertou Tomás, num distrito em que os níveis de reembolso estão abaixo dos 10 por cento. O ponto de Sofala com o índice de reembolso mais alto é o distrito de Nhamantanda com 17.5 por cento."

4 comentários:

Anónimo disse...

Obviamente que o facto de se ser membro, ou simpatizante da Frelimo NÃO PODE ser critério de diferenciamento de direitos e obrigações.

Mas ao falar-se de índices de reembolso parece haver uma certa confusão sobre o que é, de facto, o índice de reembolso:

Vejamos: Quando se empresta 100 a pagar em 5 anos, significa que em cada ano devem ser reembolsados 20.

> Assim, se ao fim do 1º ano foram reembolsados 20 (os exigidos para esse ano), o índice de reembolso é de 100% (do que era devido).

> Porém, nas análises da imprensa, a prática parece ser considerar o índice de reembolso sobre o valor total do empréstimo, incluindo os montantes AINDA NÃO DEVIDOS. Segundo este critério, o índice de reembolso seria de apenas 20% do total do empréstimo (mas 100% do exigido segundo o plano de amortização).

Mais grave ainda é que a maior parte dos beneficiários dos empréstimos não tem capital próprio inicial, precisando por isso de um prazo mais longo para o reembolso do empréstimo: eles precisam, na realidade, de crédito permanente, devendo apenas pagar os juros, até que criem alguma acumulação (capital próprio) que rentabilizada (na produção) permita a fase de reembolso do capital do empréstimo inicial.

A iniciativa é boa, mas os intervenientes no processo de análise e acompanhamento (Conselhos Consultivos) não estão preparados para esta função, daí cometerem-se "barbaridades".

Emprestar para produzir arroz, p.e, e exigir que o pagamento do capital e juros se faça com a venda da produção, apenas resolveu o problema do camponês naquela campanha. Porém, o que fica depois de pagar o empréstimo e juros (quando fica) não chega para auto-financiar a campanha seguinte, ou seja: se não tiver novo crédito, vai à falência... e na maior parte dos casos não tem acesso a novo crédito com o argumento de que já beneficiou na campanha anterior... ... BRINCADEIRAS!
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umBhalane disse...

"...não devolvem o valor, alegando serem do partido Frelimo..."

E têm razão!!!

Moçambique é "nosso".

São coerentes, e espertos.

Viriato Dias disse...

Concordo com umBhalane, mal o Governo definiu a essência do dinheiro, os objectivos, etc, é normal que este cenário esteja a acontecer um pouco por todo o país. Estamos perante dois pesos e duas medidas. Não há que se reclamar nada! Por um lado o Governo dá a "mola" aos "fantasmas", e esses fazem o que bem entender com ela, porque Moçambique é de facto nosso! Os que ousam em devolver são os poucos escolhidos dentre a população, coitados, estes estão a "ralar" a vida a doer!

Um abraço

Machel disse...

É de facto dificil ter que conviver com este tipo de práticas partidaristas. Estas existem em todo canto do mundo mas o que se questiona é como em Moçambique são efectivadas.

O critério de idoneidade na concessão do fundo já cria partidarização no desembolso do fundo pelo Secretaria distrital atravez da Equipe técnica sediada no Governop Distrital.

Num estudo feito Forquilha em 2009 com o Titulo: Reformas da descentralização e redução da pobreza num contexto do estado Neo-patrimonial. Um olhar a partir dos conselhos e o OIIL em Moçambique, deixou claro que maior parte dos fundos de facto vão para os membros do partido, pois verificou que em todos os mutuários tinham asteada nas suas barraquetas bandeiras do partido. Mas atenção a este cenário, poderiamos estar inseridos numa situação de mudan,ca de cores partidárias para ter acesso ao fundo.

Os critérios de concessão estão ainda num processo de aprimoramento o que não devia acontecer, era necessário terem-se criado as capacidades instituicionais para posteriomente se conceder o fundo.

Obrigado
Bem hajam os 7mis