19 janeiro 2009

Niassa: novas áreas com ouro e pedras preciosas

Segundo o Macauhub na edição online de hoje, Horário Linaula, porta-voz da Direcção Provincial dos Recursos Minerais da província do Niassa, afirmou que se procedeu ao reconhecimento de novas áreas de ocorrência de ouro e pedras preciosas em pelo menos quatro distritos.
Observação: o meu correspondente em Paris, o Ricardo, que foi quem me enviou a referência do portal, chamou a atenção para dois pontos: (1) a ocorrência de ouro e de pedras preciosas não quer dizer que seja comercialmente viável a sua exploração; (2) as somas gastas nos trabalhos de reconhecimento são mesmo muito modestas, cerca de USD 20,000.

7 comentários:

Camila disse...

Tomara que as buscas pelas pedras preciosas tragam boas novas e não más consequencias ao país.

Parabéns pelo blog.

Carlos Serra disse...

Obrigado pela visita, Camila.

Anónimo disse...

OCORRÊNCIAS de Ouro e Pedras Preciosas temos em todas as Províncias.

A questão é saber se as reservas (quantidades em condições de exploração económicamente viável)justificam ou não a exploração empresarial em condições de sustentabilidade e respeito pelo ambiente.

Na maior parte dos casos são ocorrências aluvionares, em bolsadas, com muito interesse para o garimpo, mas sem dimensão para interessar grupos emresariais.

No caso do Ouro, como do petróleo, a determinação de reservas implica investimentos vultuosos, só ao alcance de instituições com fundos (capital de risco) para prospecção e pesquisa.

Há multinacionais que investiram milhões de dolares em prospecção de Ouro no Niassa, nas zonas onde agora se faz referência a novas ocorrências, encontraram Ouro, mas concluiram que os custos para a sua extracção, aliados à falta de infraestruturas (estradas, energia electrica, etc) tornavam a exploração empresarial inviável. Desistiram: estão financeiramente estruturadas para assumirem esse risco.

A nível do Estado, na área dos recursos minerais (não renováveis) há uma enorme carência de investigação que permita conhecer melhor o potencial das diferentes zonas (porque ocorrem determinados minerais, donde vêm, etc.,) de modo a poderem definir políticas realistas para o seu aproveitamento.

Quer durante o período colonial, quer depois da Independência Nacional, os estudos sobre recursos minerais comtemplaram fundamentalmente a Zambézia. São muito escassos os estudos sobre Niassa (esse grande desconhecido) e mesmo sobre Cabo Delgado, Tete, Manica ou Sofala. LOGO, não estranhemos futuras notícias sobre a ocorrência deste ou daquele mineral nestas Provincias: está praticamente tudo por estudar; somos quase virgens nesta área.

Preocupante, é saber que determinadas ocorrências, particularmente as de maior valor, são rapidamente "abocanhadas" pelas nossas elites, como consta em relação à ocorrência de determinado mineral, de muito alto valor, descoberto em área de reserva natural no Niassa: diz-se que, de mão beijada, essa área, interdita à exploração mineira,irá para o homem do cachimbo.

AM

Sir Baba Sharubu disse...

Thank you AM for your enlightening comment.
You have indicated that the MOZ elite would take over the best resources.
But the MOZ elite, like most of the Austral Africa elites, are financially very weak and unable to develop independently those resources. How could then those resources be developped ?

Anónimo disse...

Em alguns paises africanos pobres como o nosso o que as elites politicas fazem e garantir a propriedade da concessao (primeiro), depois ficam "a espreita" para ver se nao aparece (ou descobre)algum investidor com nivel de conhecimento da area e musculatura financeira para investir.
Ficando as ditas elites com uma percentagem do negocio (no caso na pesquisa dar boas indicacoes)resultane da posse da dita concessao.

Sem querer elaboborar aqui os impactos sociais/politicos/ambientais e outros, negativos,nas comunidades locais. Resultantes sobretudo dessa mistura de interesses.

IChire

Reflectindo disse...

IChire, isso é com terras férteis também. Não é verdade?

Anónimo disse...

O IChire, disse tudo.

As nossas elites tem uma visão curta, estão interessadas no enriquecimento rápido e em colocar no exterior abundantes recursos financeiros ... para o que "der e vier" ... um pé cá, outro lá.

Preocupante é a posição do Governo, esquecendo que:

" O conhecimento que tivermos da Base de Recursos que a Geologia e a História nos legaram e o modo como a soubermos explorar e aproveitar serão, como sempre foram, factores determinantes de progresso e bem estar social".

Ou, em síntese: Os recursos são como o ar, sem grande importância até se sentir a sua falta.

O nosso Governo NÃO TEM uma política de ordenamento e aproveitamento geológico.

AM