24 janeiro 2009

Novo partido dirigido por Deviz Simango?

De fonte digna de crédito, soube que um "grupo de pressão" percorre o país tentando saber se há condições para se criar um novo partido dirigido pelo actual edil da Beira, Eng.° Deviz Simango.

18 comentários:

Xiluva/SARA disse...

Acho má solução tentar concorrer nas eleições deste ano...

Nelson disse...

Ja tenho estado a defender isso. Seria um precipitacao desastrosa e tenho fe que Deviz Simango sabera nao se deixar levar pela euforia dos que lhe apoiam(?)

Anónimo disse...

Sim, há condições, é o País, é o Povo, que precisa de um novo partido dirigido por Deviz Simango!

Anónimo disse...

Concordo com a linha de pensamento de Sara e Nelson. Intervi nesse espaco para que Eng. Deviz avalie o efeito boomerang de aclamacoes "reis dos reis, Oh salve filho de David" para dois dias depois haver apupos de "crucificai-o".

Os atrativos de poder sao fortes e a pessoa mais sobria pode ser impelida a precipitar-se. Talvez, a criacao de mais um partido politico sera um dos maiores desperdicios de oportunidades que temos para mudar o cenario politico Mocambicano. Espero que Deviz Simango tem acedido regularmente a este espaco, onde as pessoas se expressam sem "escovar ou engraxar".

Os engraxadores estao a lhe empurrar para o fim da vida politica dele. Pode ser que ele esteja a criar condicoes para o irmao dele Lutero mais tarde. Malaise da heridateriedade de lideranca: engano meu?

Deviz avanca, mas acautele-se do lodocal

Reflectindo disse...

O que deve se reflectir é:

1. Em que partido votarão os que se abstem, isto é, os mais de 50 % do potencial eleitoral?

2. Em que partido votarão muitos dos que anteriormente votaram na Renamo porque achavam este sua única alternativa, mas que pelos sinais estão totalmente decepcionados?

3. Qual será a consequência pos-eleitoral se na Assembleia da República não existir um novo partido concebido de forma diferente aos já existentes? Tenhamos em conta que mesmo que a votacão venha a ser de 15 ou 20 %, o partido vencedor irá governar sem se preocupar de nada, exemplo, eleicões autarquicas de 1998.

Amigos, não há aqui a razão de aceitarmos o desafio?

Sou da opinião que podemos discutir e se possível pôr de lado a questão de candidatura presidencial na pessoa de Daviz Simango, mas para as legislaturas, há algo a ponderar. Temos que evitar o regresso do monopartidarismo nem que seja para o seu ensaio. É a minha opinião

Note-se ainda que a candidatura independente de Daviz Simango foi das mais precipitacões políticas que muitos de nós conheceram. Os Beirenses tiveram apenas cinco dias para decidirem...

Anónimo disse...

Ohhh...essa ultima merece reflecao. Na Beira, nao houve precipitacao nenhuma. Havia expectativas de que Simango seria o candidato preferido dos Beirenses. Nao confundamos as coisas. Quem se precipitou foi Dlhakama que fez bom-mal calculo do jogo politico.

Reparem que o nosso sistema eleitoral e presidencial. Quem manda mesmo e o Presidente da Republica. O Parlamento esta ai como esta e faz o que faz.

E ja agora: porque Simango nao se apresenta como candidato independente as presidenciais de 2009? Vamos todos apoiar a mudanca e nao permitirmos escovas para no "chapa" do novo partido esperar-se estar ou no Parlamento ou ser ministro. Essa seria uma aventura politica que vale a pena experimentar. Teriamos um presidente que nao tem nada a ver com a Frelimo e nem a Renamo.

Se Deviz optar pela candidatura independente, prevejo que pode destronar Guebuza nas proximas eleicoes, mas criando um partido as chances poderao ser excassas.

O problema e que os apoiantes de Deviz querem ja garantias de terao o bolo.

Anónimo disse...

Os que aqui aconselham a nao fundaçao de um novo partido, nao sei se estao tao certo!!!

Vou mais pela opinao do reflectindo, e acrescentar...

Nao "é" nenhum novo partido que se esta a fundar...

Somos nós das Bases da renamo que vamos apoiar a ideia, pois achamos que é credível e sensato quebrar a situaçao actual em que se encontra a renamo dirigida pelo dito pai da democracia, bem como a situaçao actual do País

Ainda nao entenderam? Nao é nenhum partdo novo, é como se fosse uma renamo renovada!

quem sao os maiores apoiantes sao membros da propia renamo-

Fazem parte deste grupo, as massas como ja disse, chefes de todos a todos niveis, ex e actuais deputados da AR, presidentes das ligas femininas e juvenil, membros e simpatizantes da renamo que nao votam na renamo com um Dlakhama a frente, membros descontentes da frelimo e dos outros partidos, parte da sociedade civil, entre os que se abstem como dizia o reflectindo na sua opiniao-

Nas conversas de praça, dizem:
eu, ja nao voto! mas se o movimento da Beira avançar, contem comigo.

Vamos aderir ao projecto! a Beira deu uma liçao grande, com todo o respeito de que a Beira nao representa o País...

Vamos penalizar ao Afonso Dlakhama líder belicista, ditador, mainipulador e maquiavelico, pelo que ele fez na BEIRA e nao só...

Vamos ao campo e vamos trabalhar para melhorar e alterar o xadrez politico no País.

Vamos salvar a democracia1 nao voltemos ao monopartidarismo.

Renamista no Norte de Moçambique

Anónimo disse...

Se apoiar Simango resume em penalizar Dlhakama, ou aderir ao efeito-Chiveve, ou ainda e salvar democracia1, entao Deviz Simango deve considerar-se politicamente fracassado e sem visao nacional. Ou entao fique claro que ele trabalhara para a renovacao da Renamo, o que e bom.

Africa nao vai para frente devido as politicas vingativas. Porque e que Simango se sentiria tao feliz em si vingar de Dlhakama. Se ha espaco para ele ir para frente que continue. Se ele granjeia legitimidade nacional e se pode assegurar-se de apoio nacional, nao ha como temer candidatar-se como independente. Tenho reservas que se as coisas sao vistas na perspectiva Beirense (Macuti- Inhamizua e Nhangau-Chamba, Munhava-Munhava Matope) Deviz Simango deve considerar-se, para ja infeliz. Foi esse tipo de visao limitada que fez apagar a aura politico-diplomatica do arcebispo da Beira. Uma visao so do Chiveve, preocupacoes so do Chiveve, experancas so do Chiveve, tudo isso distante da visao nacional, preocupacoes nacionais, esperancas nacionais, ja pode derrotar Simango.

Reparem que nem todas as cidades provinciais e distritos precisam de valas de drenagem.

Reflectindo disse...

Caros, concordo com as vossas preocupações que afinal também são minhas. Entretanto, eu estava muito mais preocupado na noite em que Daviz foi preterido pelo grupo Mbararano. Não era a situação de Daviz que me preocupava, pois ele é profissional e já tinha a sua vida antes de ser edil da Beira. A minha preocupação residia e sempre residirá na situação, no processo democrático em Mocambique. Na verdade, quando vi que os Beirenses haviam decidido para apostar no Daviz, senti que nada mais tinha restado que trabalhar ao lado dele e que Daviz cumpriria um dos seus deveres de cidadania se respondesse positivamente o apelo dos munícipes...

Agora estamos no contexto nacional. Quem pressiona Daviz e em que lhe pressionam? Começa aqui um erro de conceito como: as bases da Renamo pressionam Daviz a fundar um partido; Daviz vai fundar ou criar um partido. Estes são conceitos africanos (desculpem-me que isto não significa ser pessimista) em que um partido é propriedade do seu líder. Este é o conceito usado para a Renamo ou PDD: o partido de Afonso Dhlakama, o partido de Raul Domingos. Acho isto algo a evitar e para quem acompanha bem o desenrolar das coisas, sabe que Daviz Simango não é o principal protagonista, ele está mas é, mais na Beira a executar as suas tarefas como edil. A Daviz se pede para liderar um partido. Isso sim...

Amigo, Kanyoza, primeiro quero lembrar aqui das discussões que eu tive com Obed. Khan e mais um compatriota que está no Egipto. Também, houve mais participantes. Isto era se a candidatura de Daviz não era um suicídio político. Quero lembrar isso porque para a maioria era isso, não havia algum exemplo que convencesse que Daviz podia ganhar na Beira. O amigo Kanyoza diz que não foi precipitação. Até posso concordar contigo, mas apenas é uma questão de opinião ou visão pessoal...

Também é uma questão de opinião individual e matéria de debate se o mais necessário é presidência ou o parlamento. Contudo, não sei se por um lado o que disseste quanto à importância do parlamento é certo, e, por outro lado, há certeza absoluta que Daviz como candidato independente venceria Guebuza? Para mim, a importância do parlamento incide no facto de ser quem aprova as leis. O que pode acontecer se na futura legislatura a Frelimo obtiver 2/3 dos assentos? Partamos do que acontece agora com a ditadura da maioria (voto)...

Concordo contigo que vamos apoiar mudanças e não interesses pessoais, mas acho que é importante evitarmos acusações mútuas se é que realmente queremos mudanças. Em acusações deste tipo quem esfrega as mãos são os actuais ministros, parlamentares, os que já têm o bolo. Pessoalmente, não vejo problema algum se alguém quer ser ministro ou deputado, etc; o importante é que esse alguém saiba que para se chegar até lá é preciso trabalhar arduamente e, que ao estar lá é para operar mudanças que sirvam à nação.

Também não vejo nenhuma ideia de criação de um partido para se vingar a Dhlakama, mas resgatar a democracia multipartidária. Ela é que está em perigo e com todas as consequências aí a advir. Porquê há referência de Dhlakama afinal? É porque ele considera a Renamo sua propriedade e não aceita qualquer sugestão que vise restaurar a Renamo. Ele até chegou de dizer aos que clamam pela reorganização que formem o partido deles.

Vamos reflectir e trabalhar juntos, por não se trata de matéria não complexa.
Abraços

Anónimo disse...

A expressão “grupo de pressão” não é nada feliz, incluindo a partir do teor desta interessante notícia. Mas isso é um pormenor de menor importância, principalmente se o tal grupo for já mais do simples grupo; um movimento em crescendo e aposto em se tornar mobilizador. Seja como for, saber da existência de um grupo de cidadãos que esteja a percorrer o país, para indagar se existem condições para a criação de um novo partido, dirigido por Deviz Simango, é uma boa novidade. É sinal de que a esperança não está a dormir, ou a beber copos na barraca, para mergulhar suas angústias na resignação.
Deviz Simango deve acautelar-se. Não pode aventurar-se numa empreitada quixotesca, em que por falta de trabalho parcimonioso e organização cuidada, frustre expectativas e conduza a esperança de milhões de cidadãos para o pântano. Para isso, já temos líder. E bom! O melhor líder que podíamos ter, pronto a continuar a macaquear e gozar com a inteligência e boa-vontade dos moçambicanos acreditaram nele, ainda anda por aí, agora a declarar-se o Obama de Moçambique. O que Dhlakama é sim, sem dúvida, é o Ameba da luta política contemporânea em Moçambique. Mas como ele não deve saber o que Ameba significa, não admira que confunde Obama com Ameba. E assim, vamos ter que gramar este tipo de incursões em prol da imbecilidade e embrutecimento político; um embrutecimento galopante, desmedido e patético.
A esperança não é produto de um sonho vago, muito menos de um ressentimento mal digerido, como teria acontecido se Simango reagisse mal à purga que o auto-proclamado ditador para salvar a democracia fez, com o objectivo de se livrar dele. AD fez com Simango o que tinha feito com outros companheiros dele, com potencialidade de virem a conduzir a Renamo para um rumo mais nobre e construtivo.
Felizmente, Simango não deixou a coisa barata para Dhlakama. Puxa, finalmente! Já não era sem tempo. De tal maneira foi importante, que p exemplo das municipais da Beira de 2008, talvez seja recordada na história da democracia multipartidária como um ano crucial para o renascimento da uma oposição genuinamente não belicista e renovadora.
Além disso, ao contrário do que aconteceu nas anteriores golpadas internas de AD, desta vez da Renamo surgiram gestos e afirmações de dignidade, a darem indicações de que número crescente de renamistas do topo estejam dispostos a juntarem-se às bases da Renamo, para se libertarem do Direcção pantomineira que se apoderou da liderança do partido. Mas libertar significa libertar mesmo! Libertar, no sentido de distanciar as bases e os militantes do topo da liderança tresloucada, deixando-se de ilusões que tal possa ser feito de dentro para fora, no estilo das soluções “silenciosas” que Mbeki orquestrou para ludibriar os Zimbabueanos.
Para além de outras qualidades que Deviz Simango possa ter, como líder político e dirigente municipal (desconheço-as, pois não vivo na Beira), há um mérito evidente que justifica a simpatia e esperança de milhões de moçambicanos. Não só no círculo restrito da Cidade da Beira, mas em todo o País. A semente da mudança real está a germinar a partir desse mérito renovador de Simango. Refiro-me à coragem, franqueza, determinação, civilidade e sentido de liderança construtiva e visão, ao saber reagir ao apelo à insurreição contra o cafrealismo do líder da Renamo.
Nenhum líder de oposição deve merecer a honra de se tornar Presidência da República, se a sua postura denunciar que a sua eleição seria pior emenda do que um soneto. Dhlakama já demonstrou que seria pior do que uma má solução. Para má solução, relativamente à governação de Chissano, basta-nos Guebuza.
Simango, tal como muitos renamistas, apartidários e mesmo frelimistas, desta nossa bela e maravilhosa Pátria de heróis (e aqui estou a parafrasear, com propositado sarcasmo, alguém que usa e abusa destas palavras pomposas, por ter nada melhor a dizer e confundir palavras com ideias), dizia eu, duvido que a generalidade dos moçambicanos queira uma democracia cafreal para Moçambique.
Alguém tem dúvida? Se Dhlakama se tornasse Presidente da República, o único que nos ofereceria era uma democracia cafreal. Cafreal, no pior sentido do termo. Não naquele sentido positivo, quando nos referimos à galinha cafreal, com seus ingredientes com piri-piri mesmo sem piri-piri, que se tornou marca culinária moçambicana. Não no sentido pejorativo, em que os colonos chamavam cafres aos negros pagãos ou indígenas e não – assimilados. Refiro-me ao sentido negativo do termo, bem conhecidos na gíria popular. Comportamento cafre é o comportamento buçal, incoerente, destrutivo e apelativo à selvajaria política. Dhlakama aprendeu a usar fato e a gravata e relógio europeu, mas infelizmente quando mostra o que é, a começar para com os seus mais próximos colegas, comporta-se como cafre.
Se odeias ou detestas Moçambique, dá-lhe um Presidente da República como Dhlakama. O resto deixa por conta dele. Quando deres por ela, tu próprios estarás cafrealizado, no sentido igual, ou mais ou menos diferente mas similar, ao cafrealismo que tanto tem desprestigiado as nações negras em África. Infelizmente, não precisamos de ir à história procurar por comportamentos políticos cafreais. Temos um bom exemplo, no nosso país vizinho, bem vivinho e activo, disfarçado de maneirismos e suportado por líderes complexados e com vontade de se tornarem igualmente cafreais, para não serem acusados de serem lacaios dos ocidentais. Aquilo se estamos a observar no Zimbabwe, sem rodeios nem cinismo, é cafrealismo do mais desprestigiante para qualquer africano – preto, branco, mulato ou e sobretudo descendente de África, como é Barak Obama.
Nesse sentido, e só nesse (o que já não é pouco!), bem podemos ficar gratos à Frelimo, por ter livrado o País da nomeação de Dhlakama, com a consequência de lodo de seguida ter substituído Chissano, após a derrapagem eleitoral em 1999. Quando os historiadores orgânicos e profissionais sérios conseguirem libertar-se dos historiadores do regime, essa e outras histórias fascinantes irão ser contadas como deve ser. Por enquanto, contentemo-nos com o que circula nos bastidores, sobre as verdades por de trás das mentiras; ou na bela expressão do nosso maior humorista, das mentícias.
Mas atenção! Acima referi-me à hipótese de detestares Moçambique. No entanto, se não detestares Moçambique, mas se achares que esta Nação não merece mais sorte do que se tornar um pouco melhor do que as péssimas e piores nações do mundo, se achares que este país merece permanecer assente num optimismo beócio, ou numa auto-estima fingida, então oferece a maioria qualificada à Frelimo, nas próximas eleições. Depois, espera para ver. Espera para ver o que o actual séquito de Guebuza, principalmente o grupo com uma preocupante vocação protofascismo, irá fazer com a maioria qualificada que confiares à Frelimo.
Aqui reside a esperança que um novo partido, um partido que faça a diferença e nasça, como um movimento massivo e amplo, em vez de um partido para dar emprego a um grupelho de entusiastas. Para se compreender a esperança é preciso partir, como escreve Alberoni algures, do desespero. A esperança nasce do desespero. No nosso caso, apesar de não parecer, a nossa situação política é mesmo desesperante.
Sem partidos capazes de fazer oposição real e construtiva, não no sentido das patetices do chamado líder da oposição construtiva de turbante, a governação nunca irá melhorar em Moçambique. E aqui a culpa não é da Frelimo. A culpa é da sociedade, de todos nós. Todos nós que ainda não fomos capazes de destronar os actuais partidos que se apresentam como da oposição.
Partidos que só façam oposição à própria oposição, a qualquer possibilidade de esboço duma alternativa à ausência de estratégia de desenvolvimento séria oferecida pela Frelimo, não são oposição. São mera diversão e confusão. Os poucos gestos de afirmação da Renamo, com o intuito de fingir fazer oposição, são motivo para vergonha e ridículo. Já não está em causa o líder da Renamo. Sobre este já se esgotaram palavras para o qualificar. Refiro-me àqueles que deviam saber dignificar a posição que ocupam. Por exemplo, os deputados da Renamo na Assembleia da República.
Será que entre os 90 deputados da Renamo não existe um grupo, um grupo que nas horas vagas consiga formar duas equipas de futebol, capaz de assumir uma postura coerente com a posição assumida por Deviz Simango?
Em Dezembro passado, assistimos na televisão a vários deputados da Renamo, a solidarizarem-se e participar na homenagem a Simango, oferecida aqui em Maputo. Estavam bonitos. Elegantes. Bonacheirões e sorridentes. Mas depois disso, o que fizeram?
Até aqui ainda não vi um gesto digno de consideração, um gesto que vá além do vulgar cinismo Made in Moçambique. Não digo que o cinismo político moçambicano seja original no mundo. Mas que o que tem sido exibido pelos nossos deputados bem merece o selo do Made in Moçambique. Vão lá ao Hotel Polana, congratulam Simango, com abraços e apertos de mão; parabéns, parabéns … e que mais?
Depois voltam para a Assembleia. Para fazer o quê? Para fingirem que também têm dignidade. Como não têm nada de substancial para exibir como oposição inteligente e respeitável, o que decidiram fazer recentemente? Precisamente no momento em que o Presidente da República estava a fazer um discurso, um autêntico discurso de contra-informação sobre o Estado da Nação, os zelosos deputados abandonam a sala. Que bonito, não foi? Sentiram-se orgulhosos com a macacada que fizeram? Pensam que os seus constituintes se sentirão orgulhosos de tais deputados?
Como é que poderíamos ter sentido orgulhar de tal gesto de abandono da Assembleia, em pleno discurso do PR? Até eu sentiria admiração pelos deputados da Renamo, se tivessem abandonado a Assembleia, para se dirigirem à residência do seu líder e exigir que se fosse sentar no seu lugar, na respectiva bancada abandona.
Depois disso, davam-lhe 24 horas para fazer um simples e curto discurso à Nação, sobre o Estado da Oposição. Um discurso em que apenas declarasse que renunciava a seu lugar, para dar oportunidade a que outro líder limpasse a porcaria que tem feito e reconstruísse a Renamo, de acordo com os estatutos e princípios de uma organização séria. Isto sim, galvanizaria o povo, à imagem e semelhança do gesto de Deviz Simango quando encabeçou a revolução de 28 de Agosto do ano passado.
Enquanto a oposição tiver um líder que macaqueia e faz chacota dela própria, ninguém pode sentir orgulho e respeito pela oposição. Nem os críticos da Frelimo, muito menos os seus simpatizantes. Aliás, enquanto tal acontecer, iremos ter que engolir declarações ridículas como aquelas de Jacinto Veloso, no seu livro Voo Rasante, em que afirma que a verdadeira oposição está dentro da Frelimo. Isto testemunha o nível de mediocridade e desvario intelectual de ideólogos e políticos, dentro e fora da Frelimo.
Enfim, este desabafo veio a propósito das auscultações do referido “grupo de pressão”. Se tal grupo se converter num movimento de massas, vamos ver com que deputados da actual oposição irá poder contar. Não para deputados, é claro. Para isso, se o novo movimento conquistar o lugar da Renamo, provavelmente haveria muitos dispostos a aceitar o nobre (difícil, não é?) sacrifício de sentar e sentar na Assembleia, sem nunca nada dizer e fazer.
Mas existirão deputados dispostos a não perder tempo na Assembleia, quer para ficar a fazer barulho com panelas e apitos, mas deputados que saibam exigir seriedade e responsabilidade, a começar pelo seu próprio Presidente do partido?
Denunciar e exigir que se eliminem inconstitucionalidades, foi bonito de ver nos anos passados. Mas essa exigência perde autoridade e significado, quando esses mesmos deputados exigem ao PR correcções, mas dentro do partido toleram que o líder da Renamo se converta na própria Renamo e se comporte com um mugabezito, convencido que é muito inteligente e engraçado, aparecer na televisão a declarar-se o Obama de Moçambique.
Precisamos de deputado com sentido de dignidade, pudor e sensibilidade para o ridículo. Quando, e quantos dos 90 deputados, irão renunciar a permanecer muleques subservientes do maior charlatão político que o multipartidarismo produziu em Moçambique?
Ainda bem que Deviz Simango e seus apoiantes desistiram e viraram suas energias para algo realmente construtivo. Perder tempo a tentar mudar o partido Renamo a partir de dentro seria sinal de cobardia, ingenuidade, ou estupidez. Como Simango não sofre de nenhuma dessas doenças, teve a recompensa da solução que encontrou para a situação critica e desesperada em que a Beira tinha mergulhado.
Como escreveu Alberoni, entre o desespero e a esperança não existem graus intermédios, há sim um salto abismal que vai do nada ao tudo, do aniquilamento à vida, ao riso, à alegria, ao risco consciente, à expectativa de futuro, à capacidade de fazer planos e saber agir. A esperança não é uma possibilidade vaga, ensina-nos ainda Alberoni; não é um tímido vislumbre, um esperar incerto e temeroso. É uma luz que rasga as trevas, uma onda de calor e de entusiasmo que anima, que nos pode fazer renascer.
Mas atenção! Alberoni também adverte para algo muito importante. A passagem do desespero à esperança não é uma passagem da incerteza à certeza. Ao invés disso, é uma passagem da certeza à possibilidade. A vida só existe quando se consegue alternativas possíveis para desbravar novos horizontes.
Um partido alternativo, que se forme para fazer diferença no quadro político moçambicano, não pode nascer de pressões. Se a referida auscultação está sendo feita, a nível nacional, é muito bom sinal. É um passo indispensável para manter viva e expandir a semente transformado do que Deviz Simango chamou, na recente entrevista neste Blog, a revolução de 28 de Agosto.
Para que a experiência da Beira não se converta numa sublevação do tipo “Comuna de Paris” de 18 de Março de 1871 (salvaguardando as devidas diferenças, convém que se diga), um novo partido deve emergir de um amplo movimento de massas, envolvendo tanto os milhões de cidadãos, analfabetos e alfabetizados, com e sobretudo os intelectuais orgânicos residentes na Capital do País.
As bases estão em todo o país, mas a nata da intelectualidade independente concentra-se na Capital política do País. Moçambique precisa de alternativas credíveis, com expressão no país e nos independentes pensantes. Alternativas, tanto ao cafrealismo da actual liderança da Renamo como ao protofascismo, disfarçado de nacionalista, da actual liderança da Frelimo. Aqui, os tais intelectuais da Renamo, não podem deixar-se intimidar. Se é que existem e merecem o epíteto de intelectuais, em vez meros tagarelas e bem-falantes, deviam fazer-se sentir, sobretudo no espaço mais importante do poder político: a Assembleia da República.
E como esta nota já vai longa, termino com um desafio à observação atenta sobre um pormenor. Um desafio sobretudo aos mais atentos do que eu ao teatro político actual. Será que estou a ver mal, ou as lideranças dos dois maiores partidos em Moçambique, estão cada vez mais semelhantes, uma à outra? Não estaremos em vias de assistir à confirmação do velho ditado, segundo o qual os extremos tocam-se, nos métodos, preocupações, prioridades e finalidades em relação à azáfama pelo poder?
Repara-se nos próprios presidentes, respectivamente da Frelimo e da Renamo. Não notam que estão a ficar cada vez mais parecidos? Não nos óculos, mas no estilo, na postura, no vazio das suas palavras, no sentido desnorteado do seu olhar, na falta de visão estratégica e rumo orientador. Cada dia que passa, sinto que se confundem. Qualquer dia, um poderá substituir o outro, no partido um do outro. Até parece que, durante dia e em público, cada um anda para o seu lado, como se nunca se tivessem encontrado na vida e fossem mesmo de partidos rivais. Mas não será que à noite, eles têm encontros de coordenação às escondidas, bebem e comem juntos, convivem e combinam o programa do dia seguinte, em conjunto? De tanto conviverem juntos, às escondidas é claro, tal como as pessoas que vivem uma vida comum (por exemplo os próprios casais), começam a exibir estilos similares e muito parecidos. Não estou a levantar suspeitas conspirativas. Estou, isso sim, a tentar entender o que a própria perspicácia popular já presentiu e, por isso, até inventou o nome Frenamo.
No mundo da informática, há quem diga que não acredita em bruxas, mas que elas existem, existem. Na política, acontece o mesmo. A Frenamo não existe, formal e explicitamente, mas que ela existe e está no terreno, não haja dúvidas.
Mas ainda existe uma diferença entre os dois líderes dos maiores partidos. Mesmo se fosse verdade que Guebuza e Dhlakama convivem às escondidas, razão por que estão a tornar-se muito parecidos um com o outro, eles devem ter combinado uma coisa. Na cena pública, enquanto o primeiro faz o papel de líder sério, o segundo assume o papel de bobo, pantomineiro e charlatão. Mugabe, bem tem tentado abnegadamente que Tsvangirai faça o papel de bobo e pateta do seu regime. Este tem resistido, mas às vezes parece muito tentado em aceitar. Vamos ver até quando conseguirá resistir.
Em Moçambique, o nosso drama não é tão trágico, mas que precisamos de nos libertar da farsa política em estamos mergulhados, não haja dúvidas.
Magodo

Anónimo disse...

Chamo atenaçao aos que dizem que Davis quer vingarse da Renamo!

O Davis, criou a sua propia figura com seu trabalho e empenho, nao precisa de vingar do Afonso Dlakhama, um militar e nao politico, um homem desgastado, sem capacidades e nem visao politica para sequer governar a Renamo muito menos um País como Moçambique.

é um líder ultrapassado que ja nao mete medo a ninguem, é um fala barato, um diti por nao dito, em suma, é um homem desacreditado na sua propia organziaçao politica e pelos Moçambicanos.

Nao creio que Davis esta preocupado em se vingar de um homem destes! Nao acredito.
Vamos apoiar o movimento

Reflectindo disse...

Caro Magodo, deixaste bem clara toda a razão pela qual temos que nos empenhar a um trabalho duro até às eleicões vindouras.

A cidadania nao comeca nem termina no dia das eleicões.

Magodo escreveu isto:

"se não detestares Moçambique, mas se achares que esta Nação não merece mais sorte do que se tornar um pouco melhor do que as péssimas e piores nações do mundo, se achares que este país merece permanecer assente num optimismo beócio, ou numa auto-estima fingida, então oferece a maioria qualificada à Frelimo, nas próximas eleições. Depois, espera para ver. Espera para ver o que o actual séquito de Guebuza, principalmente o grupo com uma preocupante vocação protofascismo, irá fazer com a maioria qualificada que confiares à Frelimo."

Muito importante para a sua avaliacão lá para 2012, três anos depois das eleicões de 2009.

Anónimo disse...

Deviz ultrapassou já os limites da Beira, Deviz é a esperança para todos os Moçambicanos - queira Deus que o novo partido não seja a renamo renovada - os cidadãos anseiam por uma alternativa inteligente, distanciada de qualquer mesquinha vingança!

JOSÉ disse...

Avancemos com rapidez e determinação, o País não pode ser constantemente adiado e à mercê de politicos que só pensam nos seus próprios interesses.
Evidentemente que a formação de um Partido nas circunstancias actuais acarreta riscos mas também temos de estar atentos às oportunidades e às consequencias se houver falta de acção.
Tomo a liberdade de deixar aqui alguns pontos para reflexão:
1 – O novo Partido deve ter como base um Programa democrático credível, seria um erro grosseiro que fosse formado tendo apenas como referencia a imagem de um líder.
2 – A formação do novo Partido deve ser abrangente, todas as camadas devem ser consultadas, o Partido deve ser formado debaixo para cima, não ao contrário.
3 – Devíamos aprender com a formação do novo Partido sul-africano, o COPE, em poucas semanas organizou-se e apresentou um Projecto credível, estando pronto para as próximas eleições.

Anónimo disse...

Caros Reflectindo e José

Concordo com ambos. Em relação ao ponto do Reflectindo, sobre a avaliação que possamos vir a fazer lá para 2012, nenhuma boa avaliação daqui a três anos poderá dispensar uma acção atempada nos próximos tempos dos que possam fazer algo para ajudar o país a sair do pântano político em que se encontra.
Penso que José avança nesse sentido. É preciso ponderar entre os muitos riscos, mas também não desperdiçar as inúmeras oportunidades, para o surgimento de um novo partido. Salomão Moyana, há algumas semanas atrás, escreveu um editorial interessantíssimo intitulado “O Preço da Vitória” (07.01.09). Os que acreditem na necessidade de um novo partido (e parece-me que é cada vez mais evidente que tal partido é social e politicamente necessário), terão que pensar seriamente na reflexão de Moyana. Cito apenas uma passagem:
“Estamos num país com políticos verdadeiramente loucos, ou seja, pessoas que passam a vida a falar e a fazer as mesmas coisas, na expectativa de resultados diferentes, o que jamais conseguirão, a menos que mudem a maneira de fazer as coisas. De resto, para mudar a maneira de fazer as coisas, há um preço a pagar… Em poucas palavras, o preço da vitória, em disputa política, é a seriedade, a organização, a planificação, o empenho e o viver permanentemente dentro de um pensamento estratégico.”
A edição do Notícias de Sábado, ou seja ontem, destacava um Pensamento do Dia oportuno de Alberto Einstein: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”.
A situação política pantanosa de Moçambique proporciona uma oportunidade impar para que se reaja e contribua para uma alternativa credível. Provavelmente José conheça como é que o COPE conseguiu mobilizar-se tão rapidamente para já se encontrar preparado para as eleições na África do Sul. Mas naquele país faz-se política de outra maneira, existe massa crítica, etc. etc.
O grande desafio de um movimento nacional em torno de Deviz Simango (que para efeitos eleitorais terá que se formalizar em partido legal) é mostrar que não nasce por simples oposição e reacção à Frenamo. Mais importante do que a Frenamo, um novo partido deve preencher o vazio deixado por ela e satisfazer a ansiedade da imensa população empurrada para a informalidade, a marginalidade e o absentismo. Quando esta população ultrapassa, no mínimo os 70% da população total, a sociedade tem que encontrar uma solução.
Existe tempo suficiente para mobilizar esforços, fundos e apoios para um movimento alternativo em torno de Simango. O tal grupo de preparação deve, quanto antes, aparecer a público com algo concreto. Preparem-se sim, mas não se esqueçam que a transparência e as redes sociais poderão ser, entre muitas outras qualidades, um capital político importante. Transparência, não no sentido de ingenuidade e exposição à maledicência dos actuais rivais. Mas transparência e franqueza são indispensáveis para se fazer a diferença em relação à Frenamo.
Magodo

Anónimo disse...

Opinar sobre politica e algo mais simples de fazer, mas reflectir com ponderacao sobre redes-conexoes politicas, ai, sim precisa-se miolos e olhar atento.

Citar Salomao Moyana e outros jornais e bom, mas tomar tais afirmacoes ou citacoes como verdades absolutas nao nos levam a lado nenhum.

Se as mangas, ou papaias estao maduras vao cair. Se criar mais um partido vai mudar que se avance. Tenho reparado que as analises nao consideram que os outros tambem tem suas estrategias para desempatar a iniciativa. Em 2004 os EUA estavam tao convencidos que a oposicao ia longe, e havia indicacoes. Mas onde estamos?

Mais partidos e mais partidos...boa cama para mudanca democratica

Reflectindo disse...

Caro anónimo, pode nos fornecer a prova de que os americanos estavam convencidos que a oposicão ia longe? Porquê devem ser os americanos e não mocambicanos?

Do que sei é que mesmo a Frelimo, composta por mocambicanos e lá Sérgio Vieira, dissera isso publicamente, estava convencida que a Renamo podia ganhar as eleicoes. Mas é pelo facto de isso não ter acontecido que devemos nos render e entregarmo-nos ao monopartidarismo? Será que ainda não conseguímos apurar o que fez falhar as tais mudanças?

Como é que vc tem certeza que as análises não têm em conta as estratégias dos outros? Vc pensa que as análises não têm em conta que desencorajamento e propaganda são algumas das estratégias dos outros?

Mas afinal o seu problema está em mais partidos? Porquê não se preocupa pelas abstencões embora tenhamos quase meia centena de partidos por escolher?

Não vou negar que seja preciso reflectir com ponderacão, mas acho que é preciso reconheceremos que ninguém aqui entra no miolo do outro para entender na íntegra o que o outro pensou e como chegou a uma certa conclusão sobre uma questão. A demais ninguém pode dizer que tem a certeza absoluta sobre um futuro imaginário. Todos nós estamos apenas a desenhar um cenário ou vários cenários. Talvez o nosso erro, é não apresentarmos todos os cenários que desenhamos sobre o futuro do processo democrático em Mocambique. Se vc dissesse isso eu concordaria plenamente consigo.

Sabe, meu caro amigo? A partir de 29 de Agosto de 2008, fui um dos que defendia aqui neste blog que Daviz Simango devia avançar com a sua candidatura. Eu defendia que ele PODIA ganhar, era uma hipótese que eu dava. Mas também, dizia eu que as eleicões autárquicas de 2008 não eram o fim de todo o processo democrático em Moçambique. Por minha surpresa muitos defendiam que definitivamente Daviz perderia as eleições e daí um suicídio político. Não estou me vangloriar que eu tinha boas permissas logo no início e os outros não. Antes pelo contrário, ainda acho que os outros tinham razão, pois que as suas premissas se baseavam nas eleições anteriores e davam exemplos concretos como as candidaturas de Francisco Masquil e Raúl Domingos. As minhas premissas se baseavam e como agora se baseam na característica da população eleitoral e na tecnologia de informação. Apenas, penso que todos nós aprendemos algo importante, nada está garantido neste mundo. Se queremos bons resultados que sejamos racionais e trabalhemos duramente.

Abraço

Anónimo disse...

DEVIZ NÃO SE PRECIPITE, ISSO SERÁ O SEU FIM COMO POLITICO. TENHA CALMA, VÁ DIRIGINDO A " SUA BEIRA " , CONCENTRE-SE NISSO, FAÇA O SEU MELHOR. O TEMPO SABERÁ DAR AS DEVIDAS RESPOSTAS E O SEU INSTINTO POLITICO LHE DIRÁ : CHEGOU O MOMENTO PARA OUTROS VOOS. NÃO DÊ OUVIDOS AOS QUE LHE QUEREM LANÇAR PARA A BOCA DO LOBO. AGUARDE COM PACIENCIA