31 janeiro 2009

Dambisa Moyo: cortar ajuda a África...


Chama-se Dambisa Moyo e tem um livro (Dead Aid) com uma tese politicamente incorrecta: é preciso cortar a ajuda a África. A ajuda apenas piora a vida dos Africanos, ainda que favoreça as élites governantes. Leia aqui o resumo da tese dessa economista zambiana - educada em Harvard e Oxford - e um comentário crítico de Paul Collier.
Adenda às 9:45 de 01/01/09: os leitores deste diário sabem que não é a primeira vez que essa posição aqui surge. Recordem, por exemplo, o engenheiro moçambicano Noé Nhantumbo aqui e o economista queniano James Shikwati aqui.

9 comentários:

septuagenário disse...

A rapariga não inventou nada, efectivamente a ajuda foi sempre bem intencionada: ajudar os governantes.
Sem ajuda como era possivel governarem!
Mas, se cortam ajuda, muitos técnicos e conselheiros que encaminham essa ajuda, vão para o desemprego e isso tambem não é bom!

Carlos Serra disse...

Sim,não é tema novo, mesmo no diário. Confira a adenda.

Anónimo disse...

A questao de ajuda para Africa, sim ou nao, é muito complexa. A questao é que nós sempre vemos esta questao com preconceitos e ideias pré-concebidas como a corrupcao dos governantes, etc. Mas seria bom estes que estao contra a ajuda dessem solucoes sobre como os governos/estados iriam realizar as suas promessas eleitorais, quando aproximadamente 50% do seu orcamento anual vem de ajuda externa como seria a vida dos Mocambicanos se nao tivessem essa ajuda?
Há um proverbio que diz "dinheiro nunca chega". Mas há alguma razao ou verdade neste provérbio.

Por exemplo os EUA vao agora incrementar cerca de 800bilioes de US$ fora os outros bilioes já aprovados no Governo do W. Bush (e olha que sao bilhoes de verdade os de 12 zeros e nao os de 9 zeros) e mesmo já tendo orcamentos de trilioes a economia nao esteve prosperando nos últimos anos, agora imaginem o que tem sido o sofrimento destes governos africanos e seus povos que seus orcamentos anuais na sua maioria apenas vao ate aos bilhoes de 9 zeros e se lá chegarem?

É preciso ver que há muito a fazer, sao poucos os paises em Africa que tem infrastruturas socio-económicas desenvolvidas e é precisos construir isso tudo.

Agora o que que estes estudiosos/pesquisadores/peritos deviar explorar seria "como ter a ajuda externa sem pre-condicionalismos". Notem que muita dessa ajuda, mais de 60% do valor volta ao pais que dou/emprestou. Eu acho que ai é onde se encontra uma das grandes questoes do insucesso da ajuda externa. Pouco desse dinheiro serve para empoderar a economia e o empresariado local. E este é o garante da contribuicao com impostos para o estado, do emprego local e a prosperacao da sociedade.

PROVOCACAO: Imaginem se todos esses bilioes que vao ser injectactos a ecomnomia dos EUA 60% ficassem em Mocambique porque é quem está a doar, será que eles (EUA) conseguiriam levantar a sua economia? Quais teriam sido os beneficos para Mocambique e as "desgracas" dos EUA?

Anónimo disse...

Carissimas/os,

Nada de novo aqui como tambem nao e nova a corrupcao, falta de visao e ma governacao. Moyo esta certa, pois nao podemos estar sempre dependentes de vizinhos para sustentar o nosso Estado.

Em vez de defender a teste: sim ajuda externa continue, os Mocambicanos devem questionar:
1. Quanto o Estado Mocambicano arrecada por ano do gas (Sasol), Mozal, Moma, Minas de Gile e Madeira? Com esse dinheiro nao chega para sumplementar o OGE?

2. Sera que Mocambique nao tem nada mesmo para comcercializar? Nao pode mesmo produzir milho, arroz, feijao, frutas, ou peixe e colocar no mercado internacional?

Prof. Collier esta errado ao querer propor que os Estados Africanos devem ser divididos para ser melhor gerido - essa e assuncao da ideia dele ao dizer que Africa tem muitos problemas porque tem Estados grandes. Portanto, dividamos Mocambique em 4 ou 5 ou ate 10 partes. Ha tantos Estados pequenos tambem com muitos problemas e sub-desenvolvimento (Swazilandia, Malawi nossos vizinhos) e por ai fora

O que os EUA fazem com os tais dolars que alguem imagina ser eficazes? Os EUA alocam os tais dolares atraves do programa Millenniun Challenge Account - e preciso entender o espirito desse programa. Leiam-no por favor e tirem as vossas conclusoes.

Sim...abaixo ajuda externa. Sou de opiniao que fazer comercio e melhor solucao. Mocambique deve aprender a negociar e comercializar seu gas, madeira, camarao, copra e produzir arroz, milho e pescado ou outros bens.

Abaixo ajuda externa...abaixo.

Anónimo disse...

Interessante a sua colocacao Sr/a. Kanyoza, a minha defesa na ajuda externa, é e apenas se a mesma for sem condionalismos. Ai sim estaremos a falar de competitividade comercial. Passa a ter o poder de decisao sobre a utilizacao dos fundos.

Mencionou projectos top de Mocambique, mas há varios estudos que dizem que os mesmos contribuem muito pouco para a balanca de pagamento do país. Vide por exemplo estudos do prof Castel Branco.

Agora quando eu falo de solucoes, é ai que estas mentes brilhantes africanas, muitas delas na diáspora, em vez de criticar poderiam dar solucoes e precionar os Governos do Ocidente a nao condicionarem a ajuda que prestam. Por exemplo a Dambisa Moyo estudou em Universidades de topo no mundo Harvard e Oxford, e onde ela está hoje? Quantos como o prof Serra estao nos seus países de origem a darem o seu contributo, a aconselharem os governos nas questoes estratégicas, nas negociacoes das ajudas, nas estratégias de implementacao dos projectos, por ai fora?

Entao, sem os intelectuais, criamos espaco para que os Governos tenham o absoluto controlo de tudo. Dai termos vários males: a corupcao, má gestao, e outros (a lista é bem grande).

Anónimo disse...

Caro anonimo,

Sejamos coerentes sobre ajuda externa e os tais condicionalismos. O que voce entende por condicionalismos? Depois de mais de 30 anos o discurso do Governo de Mocambique nao e pedir favores para manteigar as condicoes de ajuda. Temos riquezas minerais, florestais, terra fertil e mar ou nao temos?

Quando Prof. Castel-Branco fala de que os "projetos de top" nao contribuem em grande coisa para o OGE, ele nao quis dizer que a Sasol, Mozal, Moma e minas de pedras preciosas nao vale muito dinheiro. Fizeste ma leitura. Prof. Castel-Branca esta a chamar atencao como o Governo de Mocambique negocia e vende sua riqueza. Isso sim.

Quanto aos intelectuais ou a tal diaspora que voce refere, sera que os governantes africanos e Mocambique tambem aceitam as opinioes academicas? Se fosse o caso os 7 milhoes nao poderiam ser colocados nos distritos sem programa e nem quadros. Dos 128 distritos que temos na altura do lancamento dos 7 milhoes menos de 5 licenciados eram administradores. Se isso fosse em 1975, compreenderia-se, mas em 2006/7, nao tem cabimento quando temos gente formada. Esperiencia adquire-se. Samora nao tinha experiencia para governar um Estado, mas governou.

Quantos licenciados nao andam a chutar latas nas cidades? Quem entre os governantes de Mocambique escuta o que Prof. Castel-Branco e outros academicos falam? Muitos academicos agronomos falam e apresentam alternativas de produzir comida, mas a Revolucao Verde e o que esta a bater.

Moyo deve estar onde esta porque nao ha espaco na Zambia. Muitos mocambicanos andam na Europa porque nao ha espaco em Mocambique. Viver e trabalhar livremente nao pode estar em funcao de escova ou engraxamento.

Pensar diferente, opor-se a assuncoes nao testadas ou alucinacoes politicas a pessoa corre o risco de ser vitima em Mocambique. Governante africanos nao gostam e nem apreciam os intelectais (gente perigosa)

Reflectindo disse...

Mas afinal, quem esse que havia de dar o seu dinheiro sem condicionalismos?

Concordo com o Kanyoza, os países africanos devem fazer comércio das suas riquezas. O mínimo do desenvolvimento que este continente conheceu resultou do comércio e não de donativos.

Concordo também com ele quanto aos africanos na diáspora. Imagino que o anónimo sabe e apenas quis provocar. Quem os quer de volta? Sabemos, a partir de Mocambique, o nosso país, que os governantes e políticos só gostam de escovas e não académicos livres. Os académicos livres estão sob pressão e marginalizando-se. Muita coisa se faz sem estudo prévio, simplesmente porque se evita a influência dos académicos.

Acima de tudo, acho que todos podem contribuir para África mesmo estando na diáspora. A Dambisa Moyo faz isso. Ela podia ter se interessado em estudar problemas económicos da Ásia ou América Latina, mas estou África. É assim como ela está contribuindo. E, lá nos EUA está frente-a-frente com um dos doadores.

Anónimo disse...

Caro Reflectindo,
Os conformistas da ajuda externa sao os grandes empecilhos de desenvolvimento. Aconselham o governo a gastar duma forma irresponsavel a divida que contraem a custa do povo. Nunca e nunca mesmo vamos sair da lama da pobreza enquanto tivermos travoes vindos de gente conformada com ajuda externa. Sao esses que amealham o dinheiro e deixam a populacao tal qual como esta.

Se os libertadores de Mocambique se se tivessem conformado com a situao da colonizacao nao sei se teriamos independencia em 1975.

Mocambique, um pais pobre, como e que a Presidencia da Republica se aroga a alugar 6 helicopteros (US$5.000? cada por hora) para +-45 dias por ano de Presidencia Aberta. Faca-se hipoteticamente as contas, ver-se-a que ha excessos que nao correspondem a capacidade produtiva da proveniencia do dinheiro. E desenvolvimento isso?

Os doadores e que dao esse dinheiro para o executivo brincar a desenvolvimento. Defendo que as relacoes politico-diplomaticos sejam fortalecidas entre Mocambique e outros paises, mas em materias economicas relacoes comercias devem ter primazia. Cada assunto no seu lugar. E assim como os EUA, UK, China, Japao, Suecia e outros paises tratam as coisas.

Eduard Davuca disse...

compatriotas, é importante encontrar um modelo de desenvolvimento que seja adequado para a nossa realidade.Somos pobres, não temos dinheiro para custear grandes investimentos, não temos o "Know how", precisamos buscar isto tudo de algum lugar. o importante é sabermos negociar, aceitar condicionalismos, porque não temos como mas também tirarmos alguns ganhos para o país nessa exploração dos recursos.O problema não está na extração, nem nos investimentos das multinacionais, pois é assim que acontecem no mundo fora, o importante é saber negociar, não procurar benificios individuais, o que é corrupção mas sim beneficios para o povo. Um modelo que permita um crescimento com redução da pobreza.Concordaria com a Sra Dambisa na questão de da ajuda somente para os países que já receberam muita ajuda e nada fizeram de concreto para o pais e que só tornou a economia destes em economia rendeira e a encher os bolsos dos corruptos em África.