31 janeiro 2009

Conselhos pré-sociológicos para candidatos a sociólogos (3)

Bem, faz tempo que eu não prosseguia a série com o título em epígrafe. Perversa distracção a minha!
Sabem, o Ricardo, meu correspondente em Paris, enviou-me hoje a referência de um portal que conta terem dois sociólogos estudado as percepções de 50 participantes de uma greve ocorrida quinta-feira em Paris. A conclusão é simples na sua banalidade:
os franceses em geral e as "classes médias" em particular receiam ficar pobres, receiam perder os seus empregos, a sua estabilidade (se não sabem francês, façam uso do tradutor situado no lado direito deste diário).
Mas não é a conclusão dos dois sociólogos que me aqui me interessa. É o facto de eles se terem metido no meio de uma multidão para saberem o que certas pessoas pensam do que se está a passar em França.
E aqui está o ponto central: a necessidade de pesquisa constante e multiforme, a necessidade de mergulharmos na empiria a cada momento, de despirmos a roupa das nossas puras ideias, de as sujeitarmos ao crivo do social.
Porque há sempre o risco de confundirmos as nossas sagradas e puras ideias com a realidade social. E de termos por pesquisado o que nunca pesquisámos nem pesquisaremos.
(continua)

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