29 janeiro 2009

Ionge: populares acusam autoridades de prender a chuva no céu (1)

Um morto e três feridos graves (dos quais dois polícias) é o resultado de escaramuças ocorridas terça-feira na ilha de Ionge, localidade de Maquivale, distrito de Nicoadala, província da Zambézia, depois que habitantes acusaram as autoridades locais de prender a chuva no céu (sic). Segundo um jornalista da Rádio Moçambique, quando a chuva tarda, é regra local atribuir-se a causa a alguém abastado, dizendo-se que prendeu a chuva no céu. Populares queimaram casas e quando a polícia tentou intervir para deter os responsáveis, foi recebida com paus e pedras (Rádio Moçambique, jornal da manhã, em manchete às 6 horas).
Observação: logo que puder, regressarei a este fenómeno e a esta falsa crença. Entretanto, recorde esta minha postagem aqui.
(continua)

11 comentários:

Anónimo disse...

"Observação: logo que puder, regressarei a este fenómeno e a esta falsa crença."

Desculpe prof, acho que crencas sao apenas crencas. nenhuma crenca q aparenta ser verdadeira...
bm quanto a noticia , rir pra nao chorar!!!!

Carlos Serra disse...

Sem dúvidas, crenças...Prosseguirei logo que puder.

Anónimo disse...

Quando as pessoas sao excluidas na educacao sistematicamente por mais de 30 anos esse pode ser o resultado. Porque essa crenca acontece em Ionge e nao em Quelimane? De Maputo a Quelimane-Maquivale ate Ionge, nos pode tambem ajudar a reparar as estorietas sobre fabricacao de trovoadas em Matutuine e Moamba (Maputo), Angonia e Macanga (Tete), Sussundenga (Manica).

No entanto, os cidadaos citadinos provenientes desses locais ja nao pensam como seus conterraneos. O que mudou nesses citadinos comparativamente com os seus conterraneos?

Nao sei se os membros da AMETRAMO ja explicaram o fenomeno do "aviao-magia" ou qualquer parecida que despenhou na cidade de Moatize divulgado neste blog.

Anónimo disse...

A tendência actual quanto a tudo o que é tradicional também favorece estes fenómenos. Passámos do 8 (extrema repressão na segunda metade da década de 70 e toda a década de oitenta) para,nos dias de hoje, promoção oficial (médicos tradicionais, lobolo, "patchar", papel dos oficiantes nos ritos de iniciação, etc.) e condescendência extrema (por exemplo com os linchamentos - que já começam a "fazer tradição", os crimes por feitiçaria (simplesmente não investigados) nos nossos dias. Parece-me haver muita valorização cega em paralelo com um perigoso "laisser faire" .

Carlos Serra disse...

Reparem neste pedido que aqui figura: "Por favor, sugira outras maneiras de analisar o fenómeno, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, etc. Muito obrigado."

Anónimo disse...

Professor,
Não me refiro a investigação científica do(s) fenómeno(s) social(is), mas sim, a investigação criminal pois, de facto, de crime(s) (também) muitas vezes se trata.

Carlos Serra disse...

Está bem, certamente a polícia já interveio. O problema é se a crença é de quase todos na ilha...

Anónimo disse...

Alguém conhece, por acaso, algum inquérito policial aos linchamentos pelo país fora que o professor tem inventariado?

Carlos Serra disse...

Eu conheço e até se trata de um excelente relatório no que concerne aos linchamentos em área péri-urbana. Busque neste relatório a referência. Ou leia o o livro que aqui tenho anunciado.

Anónimo disse...

Obrigada, Professor.

Carlos Serra disse...

Perdoe: quis dizer "busque neste diário"....Porque de facto já fiz referência a esse excelente relatório.