29 janeiro 2009

OMM e OEM contra curricula da UEM

O ano passado, na voz do bastonário Aurélio Zilhão, ex-ministro da Saúde, a Ordem dos Médicos de Moçambique ameaçou não reconhecer os graduados saídos da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane. Na altura, o bastonário queixou-se de que a ordem não foi consultada antes da aprovação do novo currículo. Agora é a vez da Ordem dos Engenheiros não concordar com o novo currículo de formação de engenheiros na Universidade Eduardo Mondlane, queixando-se igualmente de não ter sido consultada. O bastonário é Carmo Vaz.

9 comentários:

Anónimo disse...

Complicado:
1. Temos dum lado as Ordens, organizações Corporativistas, de classe, pouco abertas à concorrência.

> Não raras vezes, os Bastonários, não obstante a sua idoneidade e capacidade técnica,têm tendência a enquistar, a uma certa resistência à mudança.

2. Temos do outro lado a UEM, cujo Reitor defende a redução de anos de licenciatura com o argumento da necessidade de uma maior rotação de vagas na Faculdade (menos anos de licenciatura = mais alunos no mesmo período de tempo).

3. As Ordens preocupadas com a qualidade (provavelmente não só); o Reitor da UEM com a quantidade (provavelmente acreditando que a democracia passa por isso, dar oportunidade a mais gente).

4. Importa saber se as nossas Faculdades são ou não Instituições idóneas, preocupadas com o interesse Nacional, capazes de atestar que os seus Licenciados serão convenientemente avaliados e sairão aptos para o trabalho.

> Mas esta avaliação exige diálogo, para definição do papel de ambas as Instituições: qual o papel do Ministério da Educação na arbitragem deste IMBRÓGLIO.

AM

Anónimo disse...

Tenho sérias duvidas que um "Engenheiro" saido do novo curriculo da UEM estará capcitado para competir (nem digo por igual) com outros formados em escolas engenharia da região. Mesmo que a OEM os reconheça (sendo coagidos a tal), o diploma da UEM será suficiente para desacreditá-los.

Que agenda oculta haverá por trás do empobrecimento dos curriculos de certos cursos na UEM? Me custa acreditar que seja apenas por negligência ou distração. Muito triste e revoltante assistir a estes actos que comprometem o nosso futuro, e o dos nossos.


V.I

Joaqum Macanguisse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joaqum Macanguisse disse...

Debater o curiculo do curso da engenharia civil sem directa ou indirectamenete envolver figuras de Eng Carmo Vaz , Quadro e Joao Salomao, figuras essas que são profissionais,consultores ,docentes com muita experiencias , é negatico .

O nosso curiculo esta desenhado a limar certas arestas da ma qualidade do ensino medio ,dai que os primeiros dois anos sao reservados as disciplinas gerais ( troco comum ) .Sera que 1 ano vai ser suficiente para especialiar os estudantes.

Anónimo disse...

bm dia.querem fazer o mesmo com medicina veterinaria. eu sou veterinario, o curso tem 6 anos (1 pra tese). Nao sou da ordem (nao tenho medo de concorencia) e digo categoricamente: vao fazer c@gada brava. pra mim isso nao passa de demagogia e politica. os primeiros 2-3 anos lecionam-se cadeiras basicas (abecedario) e os ultimos 2 sao cadeiras especificas (formar palavras). agora querem dar mestrado em 5 anos!UMA VERGONHA! Esse curriculo so vai servir em Mocambique, porque em nenhuma parte do mundo, pelo menos em veterinaria, isso acontece! A UEM esta em queda livre com essas decisoes populistas. Outra questao: quem vai supervisionar tais mestrados?...ja nem consigo escrever de tanta irritacao

Anónimo disse...

1. Para mim é realmente estranho esta situação, porque uma boa parte dos membros da direcção da Ordem dos Engenheiros são tambem docentes das Faculdades que graduam Engenheiros (Engenharias e Agricultura).
2. O ensino superior dum pais não pode estar isolado do resto do mundo. Estamos a falar da integracão regional, mas não somos capazes de acompanhar o que esta acontecer na região.
3. Será que a culpa é do Novo Reitor? Penso que não, ele disse, sim que é preciso reduzir o número de anos nos Cursos da UEM, mas ele falou dos graus que se devem atribuir? Não. Essa tarefa é da inteira responsabilidade dos docentes, eu disse docentes, não assistentes estagiários ou assistentes. Mas estes nada fizeram.
4. Exemplo da Universidade da Suazilandia:
Diploma em Agricultura (Equivalente a um bacharel no sistema portugues), duração:
3 anos, Requisitos: Ensino secundário completo)
Bachelor of Science in Agriculture (Equivalente a um Licenciado no sistema portugues),
Duração: 2 anos, Requisitos: Diploma em Agricultura com uma nota superior a 12 valores
Portanto, esta aqui um exemplo claro. Nem todo o estudante que entra numa universidade sai como licenciado. Na universidade de Suazilandia, os que vão ter um bom aproveitamento nos primeiros 3 anos de ensino seguem para a licenciatura. Os restantes saiem logo para o mercado de emprego com níveis de bacharelato (Sist. Port.).
Neste caso a ordem tem razão.

Anónimo disse...

1. O sistema da Swazi enquadra-se no Protocolo de Bolonha.Quem tem aproveitamento nos três primeiros anos pode fazer mais dois e sair Mestre; quem não tem aproveitamento nos 3 primeiros anos, deixa de ter possibilidade de "andar a fazer turismo na faculdade" e, é-lhe dada a oportunidade de um curso técnico: deixamos de ter alguns maus Engºs ou Drs, mas podemos ganhar bons técnicos.

> Deixamos de ter casos, como em tempos foi noticiado entre nós, de alguém que conseguiu ser médico ao fim de vinte anos (?) de faculdade.

2. Com os avanços tecnológicos ao nível da informação entende-se que os cursos universitários possam ser ligeiramente "condensados" (já lá vai o tempo em que do ensino universitário na base do "impinanço" de volumosas Sebentas).

> Porém, obviamente, que é fundamental que as Faculdades tenham esses meios tecnológicos, incluindo laboratórios convenientemente apetrechados e docentes preparados, que, infelizmente, parece não ser o nosso caso.

3. Mas a questão de fundo nesta disputa é, no meu entender, política:

(i) queremos (como defende o Reitor) a massificação /"democratização" do acesso ás Faculdades - nivelar por baixo, pelo medíocre; ou,

(ii) queremos um ensino universitário de qualidade, ao qual apenas terão acesso os mais qualificados /ou endinheirados ?

AM

Anónimo disse...

A nossa Academia Militar prepara-se para graduar Oficiais Piloto Aviadores,sem terem recebido instrução prática de voo.

O Reitor da UEM prepara-se para lançar fornadas de engenheiros e doutores, preocupado com estatísticas.

Quem põe cobro aos devaneios do nosso ilustre Sacerdote e Matemático.

Lito

Anónimo disse...

A sabotagem do pais esta em alta. Todos seremos responsaveis por deixar estas politiquices atingir as universidades.

Eu estudei economia na UEM nos tempos em que se exigia qualidade. Tive professores catedraticos no primeiro e segundo ano gracas a parceiria que a faculdade de economia tinha com a cooperacao italiana. Tinhamos bons professores de economia, matematica e estatistica. Quem nao se lembra dos russos? Nessa altura fazia sentido condensar. Agora, ha tanta mediocridade na UEM que eu proprio notei como docente depois de voltar da pos-graduacao.

Nao vamos imitar as universidades da regiao e do resto do mundo so da cintura para a cabeca. Temos que olhar para baixo tambem. Nao temos condicoes humanas nem materiais para formar mestrados de qualidade em 5 anos, os estudantes vem do ensino medio com deficiencias graves, muitas universidades nem tem bibliotecas, os professores nao autenticos mukheristas e ultrapassados, enfim...temos problemas estruturais.

OK, podemos passar papeis de mestrados as pessoas mas juro que nao lhes irao valer em nada. Estamos a burlar as futuras geracoes, a fazer aquilo que nao fizeram connosco. E por isso que nos conseguimos sair e brilhar em programas de mestrados e doutoramentamentos la fora...incluindo o padre Couto.

Chega de hipotecar o futuro do pais.