Texto que recebi via email de Joseph Hanlon: "Ataques por populares às equipas de combate à cólera em Cabo Delgado repetem incidentes que aconteceram em 2002 e 2006 e que são um importante lembrete das conclusões que Carlos Serra relatou em seu livro "Cólera e catarse" - que pobres moçambicanos genuinamente acreditam que os ricos e poderosos os querem matar e, portanto, não podem imaginar que ONGs e funcionários do governo realmente querem ajudá-los. No meu recente livro "Há mais bicicletas - mas há desenvolvimento?" sublinho crescentes divisões. Para talvez metade da população, incluindo muitas pessoas perto da linha de pobreza, não há desenvolvimento e, pelo menos, alguma melhoria no nível de vida. Mas por outro lado estão os muito pobres - metade da população que é demasiado pobre para entrar na economia de mercado livre e que estão a tornar-se cada vez mais pobres. Junte-se a isto os jovens que agora saem de um sistema de educação em expansão que vão para cidades como Mecúfi e Pemba e que não conseguem encontrar emprego e que se tornam marginais ganhando alguns centavos no sector informal.
Existe uma longa tradição de culpar os pobres pela sua pobreza. Algumas pessoas estão a seguir isso, dizendo que os pobres de Cabo Delgado são demasiado "estúpidos" para compreender que o cloro na água irá impedir a cólera ou culpando agitadores e prendendo mulheres e os jovens que estão receosos de ser envenenados. Mas se anos de acção por parte do governo, dos líderes locais e dos mais ricos fizeram deles pessoas mais ricas e de outras, pessoas mais pobres, é racional para estes questionar as acções dos mais ricos que surgem, uma vez mais, como sendo prejudiciais para os mais pobres. E talvez seja tempo para os bem-intencionados perguntarem-se por que os pobres acham que os mais ricos os querem matar."
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