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Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
30 novembro 2007
DU4: tatuando o futuro na luta e com o sorriso
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58" de Maputo
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Veja 58 segundos da cidade de Maputo num trabalho em vídeo de Mickey Fonseca editado por pipaforjaz no youtube há 4 meses.
Quase 5.000 ONGs em Moçambique
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Saque no Tribunal Administrativo
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Maputo: generaliza-se geofagia?
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Comer bolos de areia é uma prática na cidade de Maputo e já me referi a isso neste diário. No Xipamanine, por exemplo, eles estão à venda. Falta, agora, encontrar as causas.
Adenda, 17:30: um dos meus pesquisadores vai estudar o fenómeno nos próximos dias e, logo que for possível, os resultados serão divulgados aqui. Entretanto, existe uma visão médica do chamado pica, a qual pode não ter relação com a geofagia local. Confira aqui (obrigado ao Ricardo de Paris pelo envio da referência).
29 novembro 2007
BCI: 130º lugar entre 200 bancos africanos
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Adenda: se quer ler o trabalho e conhecer os critérios usados na classificação, abra uma conta e importe o trabalho aqui. Depois, use um tradutor online de francês/português.
89 novos médicos em Moçambique
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Custódio Duma critica
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Integração regional: corrida apressada
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O pneu das crianças
Roubo de ouro
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UEM gradua hoje 957 estudantes
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28 novembro 2007
Moçambique: baixo índice de desenvolvimento humano
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Um gesto bonito numa Renamo diferente
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O jornalista Lourenço Jossias conta no "Magazine Independente" de hoje que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi ao enterro de Nyimpini Chissano, há dias falecido e filho do ex-presidente da República, Joaquim Chissano. Lá, após uma curta intervenção não politizada, Dhlakama foi dar os pêsames a Marcelina Chissano, mãe do falecido, ela que, várias vezes, afirmara publicamente que jamais apertaria a mão dele por "estar carregada de sangue". E ambos fizeram as pazes (p. 3).
Uma atitude digna, bela, dos dois lados.
Temos aqui o exercício de uma nova postura do presidente da Renamo, vincamente interventiva, cidadã. Exercício que parece ser acompanhado de uma Renamo bem mais sabedora, bem mais formada, bem mais profunda, bem mais adulta quando intervém na Assembleia da República, de uma Renamo que dispõe nos seus quadros de gente qualificada como Carlos Colaço, Maria Moreno, Ismail Mussá, Ivone Soares e outros. De uma Renamo, que, ao nível da coligação com a União Eleitoral, dá provas de boa gestão municipal ao nível da cidade da Beira, na pessoa do Eng.º Deviz Simango.
Adenda: o jornal "Notícias" de hoje não menciona presença de Dhlakama na cerimónia ontem realizada na vila do Songo, província de Tete, para assinalar a transferência da Hidroeléctrica de Cahora-Bassa para o Estado moçambicano.
Nosso cobiçado carvão
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Negócios em Moçambique
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15 carros roubados numa semana
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Joaquim Fumo - entrevista (5) (retrato do país) (fim)
Joaquim Fumo: em meu entender o país está a registar uma evolução positiva. Nos últimos 10, 15 anos, foi preocupação do poder político adoptar mecanismos institucionais, desde o regime democrático ao modelo económico neo-liberal, para acomodar a conjuntura política nacional e mundial. Tratou-se de uma fase de busca de uma legitimidade externa da governação perante os olhos do FMI e Banco Mundial.
Actualmente - em particular na governação de Guebuza -, embora se esteja a aprofundar este legado a grande preocupação é a legitimidade interna da governação. Para um observador atento o combate ao deixa-andar e ao carácter neo-patrimonial do Estado é, sem dúvida, uma tentativa de contratualização das relações sociais entre o poder político e os cidadãos. Todavia temos ainda uma longa estrada. Vejo o futuro do país com algum optimismo, o que não significa que esteja tudo a correr bem.
27 novembro 2007
Nhantumbo e o desmatamento no país
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A última entrada neste diário sobre o saque da madeira no país data do dia 19, relatando a apreensão a um operador tanzaniano na província do Niassa de 53 metros cúbicos de madeira.
Obrigado, Joahnnes Beck!
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A guerra das turmalinas em Báruè
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Onde está o cofre da Gorongosa?
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26 novembro 2007
Carta para o Sr. Presidente do Conselho Municipal da cidade da Beira, Eng.º Deviz Simango
Presidente do Conselho Municipal da Beira
Presidente, permita-me escrever-lhe pela segunda vez uma carta. É meu costume escrever cartas, nem que seja ao Presidente da República.
De acordo com o semanário "domingo" na sua edição de ontem, camponesas na cidade da Beira estão furiosas depois que o Conselho Municipal decidiu expropriar as suas terras, onde cultivam arroz e batata-doce, nos bairros do Vaz, do aeroporto, da Manga e do Estoril. Fizeram já uma manifestação em frente ao edifício do Conselho.
Ainda segundo o mesmo semanário, o Eng.º Simango surge a declarar o seguinte : "Então, o desenvolvimento da cidade vai ficar "enterrado" porque queremos que as pessoas façam machambas, é assim? Eu penso que não, por isso achamos melhor priorizar os negócios que os empresários querem fazer e isso contribui bastante para o crescimento da nossa cidade (...) pena que as pessoas estejam a ver apenas machambas, mas nós estamos a ver o volume de negócios para o desenvolvimento da nossa cidade. Portanto, há muitas empresas que estão a aparecer. Esta a questão de fundo".
Ora, Eng.º Simango, partindo do princípio de que a informação do "domingo" não é falsa, a questão de fundo não é essa: a questão de fundo é que as camponesas são herdeiras de um longo passado de cultivo, nas suas terras habitam séculos de cultura, de história, nas suas terras estão enterrados os seus entes queridos, nas suas terras estão os sonhos de uma vida melhor. Este país é filho das machambas, Eng.º, é filho de cada palmo de terra adubada.
Por isso, Eng.º, tratar as camponesas como ervas daninhas que se podem remover desde que a árvore do mundo de negócios seja considerada vital, é matar a nossa cultura, é trocá-la pelo dinheiro, pelos interesses comerciais, pela ganância do lucro.
Presidente: tanto quanto julgo saber, o Senhor tem feito um excelente trabalho no município e isso já está internacionalmente reconhecido. Não estrague o que já fez com o que quer fazer, não deixe mandar embora as compatriotas, não deixe magoá-las. Plante os negócios, mas nunca destrua quem fecunda a terra.
Com os meus mais respeitosos cumprimentos.
Carlos Serra
Nem perfume escapa no cemitério
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Sem dúvida que, perante tanta voracidade múltipla, brevemente até o oxigénio que respiramos será alvo de roubo.
Edite preocupada com a moral
Como tantos outras e outros, a Sra. Edite Mário está preocupada com o descalabro dos valores morais no país.
Cólera chega a Maputo
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Autocarros de luxo
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Frelimo controla recenseamento dos seus membros
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25 novembro 2007
Costa do Sol: duplo campeão
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Muitos parabéns aos jogadores, aos adeptos, ao presidente JNeves e a esse grande treinador que é João Chissano, aquele que há dois anos levou o Têxtil do Púnguè às competições africanas e que é treinador apenas há três anos.
Parabéns também à briosa equipa do Ferroviário e aos seus adeptos.
Primeiro negócios, depois arroz e batata-doce
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Em 1999 dirigi uma equipa de jovens investigadores, que procurou estudar o racismo e a etnicidade no nosso país. Leia ou recorde aqui certas posições, em particular das camponesas da periferia da Beira.
Cidades moçambicanas shoppinganizam-se
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Joaquim Fumo - entrevista (4) (sociólogos e riscos) (continua)
Joaquim Fumo: depende daquilo que consideramos de risco. Se estamos a falar de risco de vida, a localização no simbolismo binário — a que aludi já – certamente tem a sua influência. Os sociólogos de esquerda encontram-se geralmente mais expostos até porque intervêm nas lutas sociais ao lado daqueles que dispõem de menos recursos materiais e simbólicos. Dependendo da maturidade do regime democrático nem sempre o sociólogo que assume esta identidade é bem vindo.
Relativamente ao sociólogo de direita o cenário parece-me oposto.
Existem também outros riscos. Sabemos que a sociologia não propicia somente uma área de saber especializado. Lega-nos, também, uma consciência social. Nesta medida penso que os sociólogos de esquerda são mais felizes.
Há ainda um terceiro risco. Vivemos todos numa sociedade capitalista guiada pelo padrão de acumulação. Certamente que o sociólogo de esquerda terá que fazer um esforço tremendo para poder sobreviver. Provavelmente por isso proliferam os sociólogos mercenários desvinculados moralmente da luta política.
Enfim, na qualidade de sociólogo de esquerda acho que todos os riscos são comportáveis, por isso mesmo ser sociólogo é uma missão e exige vocação.
24 novembro 2007
Movimento Gay Moçambicano
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E pronto, Danilo da Silva - obrigado pelo email -, aqui fica a referência do vosso blogue.
Kadhafi, o exigente
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Exige ainda a entrada em Lisboa de uma delegação de cerca de 200 pessoas (na sua maioria da segurança pessoal com as respectivas armas) e a a utilização de um carro blindado (Rádio Moçambique, noticiário das 16 horas).
Quando esteve em Maputo em 2003, Kadhafi protegia as mãos com um lenço quando era cumprimentado pelos habitantes da periferia da cidade.
A saúde do país
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Cabo Delgado: Estado contra curandeiros?
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E tudo leva a crer que a perseguição tem um cunho político. Escreveu o Pedro: "O que está a ser mesmo difícil de compreender é que tais rusgas contra curandeiros ou feiticeiros apareçam normalmente em momentos pré-eleitorais ou politicamente quentes e sempre um pouco por todo o lado. Resta saber quem manda a quem, precisamente para fazer o quê? E parece que a perseguição tem uma conotação imediatamente política."
Infelizmente este é um tema que não está a ser abordado em profundidade na nossa imprensa. E, tanto quanto julgo saber, apenas foi referido pelo editorial do "Savana" da semana passada (p. 6) e, agora, pelo Pedro Nacuo. Será que o partido no poder, a Frelimo, entende que os curandeiros de Cabo Delgado (ou vindos do exterior) estão ao serviço da oposição? Os indicadores de Pedro respondem sim nas entrelinhas.
Já agora, recorde um texto meu aqui.
23 novembro 2007
Benção ou maldição?
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Estudo revela ampliação das desigualdades sociais em Moçambique
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Indústria em Moçambique: apenas 12% do PIB
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Quando o bizarro se naturaliza
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Joaquim Fumo - entrevista (3) (sobre os sociólogos) (continua)
Joaquim Fumo: infelizmente, neste país ser sociólogo significa muitas coisas. Desde logo significa partilhar de um campo epistémico especializado e como tal partilharmos todos esta identidade. Por outro lado, significa uma atitude na vida, uma postura que é bastante marcada pelo campo simbólico binário das velhas e persistentes teorias da acção política: esquerda e direita.
De acordo com o nosso posicionamento no quadro binário, ser sociólogo assume um papel e uma identidade bastante diferente.
Os sociólogos de esquerda, com os quais perfilho a identidade, cumprem uma missão histórica, potencialmente subversiva. Aliás, é aí onde, no meu entender, reside a verdadeira sociologia: a subversão dos sentidos superficiais atribuídos à vida quotidiana. É verdade que está postura não é sempre fácil, porquanto se opõe a forças hercúleas, de ordem moral, política, religiosa, etc. Esta postura vincula moralmente o sociólogo à causa dos oprimidos. Infelizmente são poucos os sociólogos que assumem esta postura. Ser sociólogo de esquerda é ser sociólogo por vocação.
Por outro lado, existem os sociólogos de direita, que são os ideólogos do sistema, os que se preocupam com o status quo. São os lambe-botas do sistema. Sobre eles não preciso mais dissertar. São claros os prejuízos que trazem à imaginação sociológica e à dúvida radical.
Uma terceira categoria é a dos sociólogos mercenários. Esses são autênticos garimpeiros da sobrevivência.
O bem amado FMI
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De acordo com um estudo, o país precisa de 109 mil professores até 2005.
Quando o Fundo Monetário Internacional diz que estamos no bom caminho, é evidente que o caminho é apenas um: o da alma privada. Quanto mais privada estiver a alma, mais o FMI nos premeia. E, então, por que deveria o FMI preocupar-se com os salários dos professores das escolas públicas em Moçambique?
Quando o Fundo Monetário Internacional diz que estamos no bom caminho, é evidente que o caminho é apenas um: o da alma privada. Quanto mais privada estiver a alma, mais o FMI nos premeia. E, então, por que deveria o FMI preocupar-se com os salários dos professores das escolas públicas em Moçambique?
Ou será que estou a ler mal as coisas e que o FMI está apenas e rigorosamente preocupado com a qualidade dos nossos professores e entende que poucos mas bem preparados são a solução? O que pensam vocês?
Guerra das bandeiras: Chomera amplia raio das ameaças
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Lembre o que aqui escrevi anteontem.
22 novembro 2007
Joaquim Fumo - entrevista (2) (continua)
Joaquim Fumo: sim. A obra debruça-se sobre o quotidiano dos Moçambicanos. Analiso o quotidiano que foi banalizado e naturalizado pelo comum dos mortais, mas, também, pelos cientistas sociais que têm por missão problematizá-lo.
Discuto questões ligadas à cidadania que, muitas vezes, por detrás de uma linguagem universal-liberal proferida pelo poder político, oculta uma cultura jurídica cínica que não se preocupa com a garantia dos direitos. Naturalmente que é indispensável nesta análise a avaliação do papel do Estado e das correlativas políticas públicas.
Avalio igualmente os impactos da globalização no nosso país enquanto sociedade periférica do sistema capitalista, os seus bloqueios e possibilidades no cumprimento do contrato social.
A outra vertente da minha reflexão é a intervenção social do sociólogo em Moçambique.
Gama: já não há fome em Moçambique
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Azagaia e os cavaleiros locais da Távola Redonda
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IDADE: Azagaia é jovem e, naturalmente, em jovial pressuposto, os jovens são irreverentes, são por natureza mais inclinados à emoção do que à razão - este o tom dos cavaleiros mais velhos. Emocionais e emocionados, os jovens são propensos a dizer coisas sem sentido. Neste desqualificador, a idade opera imediatamente no sentido de eliminar em Edson da Luz a responsabilidade, a maturidade, a cidadania responsável.
ARTE: a arte de Edson é frágil, é péssima. Primeiro a sua poesia é pecaminosamente horrível, malcriada, insultuosa, diz coisas abomináveis que chocam a alma - vituperam em uníssono os cavaleiros; segundo, a sua música nada tem de especial, vários outros rapam bem melhor do que ele. Então, senhores, não é o bem-amado e patrãoótico Mc Roger bem superior? E, em última análise, não foi Jeremias Ngwenha bem mais educado? Este é um desqualificador possante que tem por objectivo adicionar à imaturidadade a mediocridade artística e a rudeza educacional do autor.
POLÍTICA: o que Edson canta é, certamente, produto dos maus espíritos da oposição, não devemos ter qualquer dúvida de que ele está ao serviço da malévola oposição. E, porque é jovem, imaturo, não sabe que pérfidas cabeças o estão a usar para dele fazerem um cavalo de tróia. Aqui, o processo de descerebralização do cantor é cristalino, clara a teoria do conspiracionismo político.
AMPLITUDE: as canções de Edson têm um limitado raio de acção porque são cantadas em português. Acresce que poucos são os que têm acesso a cds. O ideal, claro, seria o cantor converter o seu recente álbum às mais de 20 línguas do nosso país. Implicitamente, critica-se o cantor por não se comportar como africano, como bantuísta de raíz.
CIÊNCIA: para os cavaleiros do rigor académico (que no fundo queriam que o cantor fosse um doutor das boas regras da ciência e não um cantor), o que Edson canta não tem raízes científicas, não é produto de investigação prévia, Edson devia ter estado no terreno, o ideal teria sido tirar um curso de sociologia (ou coisa parecida) e aprender que a coisa mais importante na análise das coisas da vida é uma mistura de rigor e de neutralidade axiológica. Se tivesse aprendido esse abc, saberia que não pode generalizar o que os cavaleiros acham que não deve ser generalizado nas suas letras. Neste nível, Edson é remetido para o sotão da incultura pré-científica.
Resumo dos argumentos dos cavaleiros: Azagaia é (1) imaturo, (2) artística e culturalmente péssimo, (3) utensílio político inconsciente, (4) com limitado raio de acção e (5) estrangeiro ao escopro da ciência séria e neutral.
Por outras palavras: os cavaleiros da Távola Redonda pegam nos muitos lados do fascinante poliedro que é, afinal, Edson. Mas quanto mais nele pegam e repegam, quanto mais dele exigem, quanto mais o canibalizam, o fagocitam, quanto mais o reverenciam parecendo bater-lhe (coisa dialéctica que o sempre jovem Freud amava estudar), mais ele se difunde, renasce como uma hidra, se azagaia azagaiando.
Por outras palavras: os cavaleiros da Távola Redonda pegam nos muitos lados do fascinante poliedro que é, afinal, Edson. Mas quanto mais nele pegam e repegam, quanto mais dele exigem, quanto mais o canibalizam, o fagocitam, quanto mais o reverenciam parecendo bater-lhe (coisa dialéctica que o sempre jovem Freud amava estudar), mais ele se difunde, renasce como uma hidra, se azagaia azagaiando.
Assim, estamos confrontados com três azagaias: ele-próprio, o dos cavaleiros e aquele que, produto histórico desses progenitores, se torna mito e aspiração populares.
Carlos Cardoso assassinado há 7 anos
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(...) Então/com a raiva intacta resgatada à dor/danço no coração um xigubo guerreiro/e clandestinamente soletro a utopia invicta/À noite quando me deito em Maputo/não preciso de rezar/ já sou herói (...) (Do poema "Cidade 1985", de Carlos Cardoso, 1985)
Hoje, 7.º aniversário do assassinato do jornalista Carlos Cardoso (foto à esquerda), será lançado na Organização Nacional de Jornalistas, 17 horas, cidade de Maputo, o livro "Carlos Cardoso: um poeta de consciência profética", da autoria de Cremildo Behula, jovem professor do ensino secundário numa escola de Inhagóia (periferia da cidade de Maputo) e investigador da Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. O livro tem prefácio do padre Alberto Maquias e posfácio meu.
Hoje, 7.º aniversário do assassinato do jornalista Carlos Cardoso (foto à esquerda), será lançado na Organização Nacional de Jornalistas, 17 horas, cidade de Maputo, o livro "Carlos Cardoso: um poeta de consciência profética", da autoria de Cremildo Behula, jovem professor do ensino secundário numa escola de Inhagóia (periferia da cidade de Maputo) e investigador da Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. O livro tem prefácio do padre Alberto Maquias e posfácio meu.
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