18 novembro 2007

Eu juro em nome de Deus

Três grandes temas preenchem as preocupações dos cantores moçambicanos desde 1992: o amor, as catástrofes naturais (especialmente as cheias), a pobreza e a carestia de vida. A pobreza e a carestia de vida são temas permanentes. Cantores como Jeremias Ngwenha (falecido), Roberto Chitsondzo, Zaida Chongo (falecida), Mingas, Sharifo Salimo, David Mazembe, Claudino Andrade, Madala, Azagaia, os membros da banda Gprofam e outros cantam a pobreza, os preços, a fome, o enriquecimento das elites, etc. Eis a letra de uma canção composta e cantada por Sharifo Salimo:
I
Eu juro em nome de Deus
Primeiro invoco em nome de Deus e sua força
Peço por favor
Perdoa-me com a minha música
Com a minha companhia
Coro
Por favor, peço perdão
Por favor, peço perdão
II
Em Nampula cada vez mais não há serviço
Locais de trabalho acabaram por vender
Empresa está vendida
Homens e mulheres passam os dias a chorar
Pelo caminho
Devido à falta de serviço
III
Jovens querem vestir
Criar um lar também querem
Outros o trabalho é roubar
Os bêbedos vendem
Desempregados fumam suruma
Coro
Hé! Há falta de serviço, Senhores!
Hé!, Há sofrimentos, Senhores!
Hé!, Até quando, Família!
(Tradução do Emakhwa para Português feita pelo cantor)

4 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Precisamos de elaborar uma teoria sistemática da corrupção que mata os sonhos. A corrupção é o inimigo mortal das grandes causas. Marx desprezou isso que era referido pelos mestres.

Carlos Serra disse...

Uma multidão de referências a respeito povoa a obra de Marx, mas, efectivamente, ele não as tratou teoricamente. Existem vários autores que fizeram da corrupção o eixo das suas obras. Tente ler, por exemplo, Jean-François Médard e o aproveitamento que fez (infelizmente faleceu o ano passado)do conceito "patrimonial" de Weber. Abraço.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Obrigado pelo livro.
Acabei de editar post sobre a burocracia, tentando ligar algumas noções defendidas noutros posts. Quase chego à conclusão que o Estado está ao serviço da nova classe dirigente e está mesmo. Basta pensar nos seus vencimentos e reformas, nas acções ou empresas que adquirem, etc. Isto é corrupção vista do ponto de vista político e não moralista, como se faz. Abraço

Carlos Serra disse...

Lerei o seu post sobre a bucrocracia!