A guerra das cores

Não é apenas ao nível das bandeiras de partidos políticos que a guerra das trincheiras dos ícones identitários existe.

Ao nível das operadoras de telefonia móvel a guerra das cores é bem mais intensa. As nossas cidades estão literalmente inundadas pelo azul da Vodacon e pelo amarelo/verde da Mcel. A Beira, por exemplo, está densamente azul/amarelo/verde. Em Maputo, é imponente a guerra logo à saída da cidade, palmo a palmo. Certamente também o nada e o vazio estão pejados das duas cores rivais.

Há tempos, uma leitora de um dos meus blogues escreveu o seguinte em relação à Beira:

"(...) um estranho fenómeno tem vindo a acontecer, para atrapalhar essa rotina tão minha, no trajecto entre o trabalho e a casa, noto este colorido sumir a cada dia que passa, os rosas, vermelhos, lilases, laranjas e outras cores desaparecem dando lugar a um duelo de apenas três cores que se sobrepõem a todas as outras que se deixam anular. O “azul vodacom” e o “amarelo e verde Mcel” tomam conta de tudo...Os logistas já não pintam as suas lojas nas cores habituais... Tudo está azul, amarelo e verde. Os painéis publicitários já não apresentam novidades coloridas e bem dispostas... Tudo está amarelo, verde e azul. Lojas, barracas, muros das praias, a muralha, as pensões... Tudo azul, amarelo e verde. O que foi feito do arco-íris anterior? Valerá a pena sair de casa e saber que mesmo de olhos fechados a Beira agora tem cor determinada?"