19 novembro 2007

A cobra "feiticeira" de Singathela

Segundo o Expresso de hoje, uma cobra que se acredita perigosa e feiticeiramente comandada foi ontem morta por habitantes do Bairro Singathela, município da Matola, depois que - acredita-se - fôra abandonada pelo dono. Junto da cobra estava uma tigela verde, um pano preto e uma pasta, indicadores de provável feitiçaria. O rumor do perigo correu e corre espaços e gente, chapistas transportam e espalham a notícia. O Sr. Aníbal Menete acredita que há uma relação com quem vem de fora e uma dona de casa disse que o dono da cobra perdera a capacidade financeira de a sustentar (repare-se como o jornal assume a feitiçaria com naturalidade).
Não é a primeira vez que se estabelece uma relação de causa a efeito mágico entre estrangeiros e locais. Assim, recentemente, apoquentados com a criminalidade, residentes do bairro T3, igualmente sito no município na Matola, acusaram cidadãos do Zimbábué e dos Grandes Lagos "de se transformarem em gatos, ratos e cobras para violarem mulheres na calada da noite e matarem cidadãos com o fito de lhes extraírem o sangue para operações mágicas."

5 comentários:

Anónimo disse...

Que mania temos de estabelecer uma relação de causa a efeito mágico. Lembro de uma vez ter feito um exercício( que recomendo a qualquer um que queira testar essa relação). Num belo dia depois de almoçar decidi, juntar o resto dos ossos de frango e ata-los com umas linhas coloridas. De seguida e sem que ninguém me visse pendurei num ramo da mangueira que dava para estrada, onde os miúdos passavam lá para tirar uma manga. O inesperado aconteceu, desde esse dia que ninguém teve coragem de tirar lá mangas sem que fossemos nós os donos da mangueira. Porque aconteceu isso? Simplismente pendurei aqueles ossos amarados com linhas giras e mais nada! De certeza que as pessoas ficaram convencidas que as mangas daquele ramo tinham um feitiço e quem se atrevesse a come-las ou arancar...Nem sei o que iria acontecer porque não havia feitiço nenhum....
Meus avôs já me diziam para não apanhar cajú caído na machamba do vizinho pois todos vizinhos lançavam um feitiço nas suas machambas para que ninguém fosse lá roubar a sua colheita.

Carlos Serra disse...

Oh, Wetela, amei isso!!!!

Carlos Serra disse...

Wtela: há uns anos atrás, apareceu uma cabra no campus da UEm, tinha um saquinho negro com algo dentro amarrado ao pescoço. Acredita que andou por ali dias seguidos sem que alguém ousasse tocar-lhe? Acho que foi preciso uma medida de "urgência" para levar o bichinho para sítio mais adequado.

Anónimo disse...

Lembro me sim Professor, nessa altura o professor da cadeira sugeriu-nos que fizessemos um ensaio sobre o caso da cabra, foi interessante.

Carlos Serra disse...

Justamente.