Creio valer a pena recordar um trabalho datado de 2004 e escrito pelo jornalista Marcelo Mosse, hoje director executivo do Centro de Integridade Pública. Deixem-me apenas citar uma passagem desse trabalho sempre actual: "A história de como o enriquecimento das elites políticas aconteceu está amplamente documentada. Ela assentou basicamente nas privatizações, que foram um descalabro, e na delapidação dos recursos da banca, os quais o Estado teve de repor. A corrupção associada à privatização e liberalização de empresas e sectores de actividade tem sido estratégica para a obtenção de apoios políticos e ganhos ilícitos de fundos em determinadas transições democráticas que não apenas Moçambique, embora se deva dizer que as novas estruturas de oportunidade não sejam necessariamente intrínsecas à transição para a democracia, estando, isso sim, relacionadas com o modelo de reforma do Estado que tem vindo a ser imposto e o maior ou menor grau que as instituições têm de se precaver contra a alteração brusca da dimensão do Estado e dos valores na esfera pública." 18 novembro 2007
Corrupção em Moçambique: alguns elementos para debate
Creio valer a pena recordar um trabalho datado de 2004 e escrito pelo jornalista Marcelo Mosse, hoje director executivo do Centro de Integridade Pública. Deixem-me apenas citar uma passagem desse trabalho sempre actual: "A história de como o enriquecimento das elites políticas aconteceu está amplamente documentada. Ela assentou basicamente nas privatizações, que foram um descalabro, e na delapidação dos recursos da banca, os quais o Estado teve de repor. A corrupção associada à privatização e liberalização de empresas e sectores de actividade tem sido estratégica para a obtenção de apoios políticos e ganhos ilícitos de fundos em determinadas transições democráticas que não apenas Moçambique, embora se deva dizer que as novas estruturas de oportunidade não sejam necessariamente intrínsecas à transição para a democracia, estando, isso sim, relacionadas com o modelo de reforma do Estado que tem vindo a ser imposto e o maior ou menor grau que as instituições têm de se precaver contra a alteração brusca da dimensão do Estado e dos valores na esfera pública."
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11 comentários:
Interessante!
Ivone Soares
"Desde a chegada da democracia e da economia de mercado nunca a corrupção tinha sido um produto de luxo no mercado eleitoral moçambicano. A paz e a estabilidade foram sempre os aspectos de fundo na mobilização política, mas nesta terceiras eleições gerais, o combate à corrupção é um dos principais trunfos. Todos os candidatos prometem combater a corrupção, mas nenhuma das propostas apresenta uma compreensão profundo do fenómeno.
Combater a corrupção implica conhecer e compreender como é que ela ocorre, quais as estruturas de oportunidade existentes, quais as fragilidades institucionais que mais brechas abre para as que transacções corruptas ocorram; ninguém fala fragilidades intitucionais, do nepotismo e do clientelismo que continuam a marcar a esfera pública em Moçambique, da falta de independência política dos funcionários públicos; todos falam da pequena corrupção, mas ninguém ataca as reformas sectoriais e a independência do judiciário; e todos fazem vista grossa à responsabilização, reduzindo a vontade política a uma expressão sem conteúdo; ninguém aborda as instituições de accountability nem as regras de conflito de interesse; ninguém refere os sistemas de integridade(...)Armando Guebuza abriu brechas para a manutenção do clientelismo reinante e, se ganhar, terá muitas dificuldades em promover a transparência dado os seus enormes interesses empresariais, o seu acesso a créditos de tesouro sem garantias e a inexistência de regras de conflito de interesse que regulem a actuação de um Presidente-Empresário"
Oh Ivone, O vaguismo (sei la se eh o termo mais correcto) faz parte da politica. Portanto, arranja-se uma frase que reflecte em si um numero infinito de problemas e faz-se dela a nossa bandeira de campanha.
Ha quem chame pau pra toda obra. Veja, quando voce diz vamos COMBATER A CORRUPCAO, cada um de nos pode interpretar de varias formas essa luta contra a corrupcao porque ela aparenta expressar algo objectivo mas na realidade nao tras nenhuma objectividade dentro de si. E isso que chamo vaguismo, usar palavras vagas ou ocas, que parecem ter conteudo mas nao possuem nenhum.E quem as usa sabe porque as faz, para confundir, dar entender..mas na realidade na pratico sera feito.
Voce ja viu este Governo tracar metas especificas? Ou objectivos claros na luta contra a tal corrupcao?
Mas ja agora, gostei imenso quando disse : "Todos os candidatos prometem combater a corrupção, mas nenhuma das propostas apresenta uma compreensão profundo do fenómeno." Eh na realidade me irrita que mesmo a oposicao nunca em nenhum momento nos trouxe algo claro sobre a sua visao em relacao a solucao dos problemas do pais. Porque?? Por exemplo, nao acha que a oposicao deveria fazer diferente do partido no poder e deixar de andar as apalpadelas, apresentado ao povo um programa concreto sobre habitacao, juventude? Ou sera que a, como sempre, a Frelimo mete a mao e a Renamo nao da a este povo o przer de conhecer o que pode de-la esperar de concreto...se nao Tambem o comabate a pobreza, corrupcao..e kem sabe uma revolucao verde?
PP
Interessante qual o pensamento politico da RENAMO hoje?
Anonimo, aqui ninguem responde a perguntas incomodas. Fale sobre o enriquecimento das elites que tera um coro de comentadores.
Obed L. Khan
Obed...pela primeira vez tenho que dizer que estou absolutamente de acordo consigo.
Queremos uma alternativa politica que nao temos.E isto faz-me pensar..e acreditar que estes que hj criticam ..e criticam o poder,nao fariam nada melhor se la estivessem. Eh uma autentica vergonha que um jovem como azagaia tenha assumido o papel de lider da oposicao com as suas musicas bombasticas.
PP
Pode-se perguntar e insistemente sobre o pensamento da Renamo. Se não responde, ela é penalizada e é o que vimos em três eleicões. Pelo menos aí há um coro silencioso e efectivo. Este documento do Marcelo Mosse alertou à Renamo. Ela não escutou por isso chupou.
Contudo, a situacão não é igual quando se trata de gente que rouba mesmo, que já roubou. Que nos vale em agirmos silenciosamos quando esta forma (silêncio), só piora a situacão? Este documento tb aponta a essa gente.
Portanto, para os sem plano/pensamento, só podem não ser promovidos/eleitos. Mas os que roubam/roubaram, o que acham que se deve fazer?
Mantidos..porki os sem plano roubarao mais.!!!
Mantidos para continuarem a roubar, achas resposta correcta? Não, a minha resposta é que ELES, os LADRÕES devem ser DENUNCIADOS E METIDOS nas cadeias.
Não há provas que os sem planos ou seja que mesmo na situacão actual não nos apresentam os seus planos roubem mais. Até pq esses podem ser os melhores como nos mostram nos seus municípios.
Aliás a própria Frelimo é SEM nenhum plano contra a corrupcão, embora esteja no poder por mais de 32 anos.
É por issso que formamos o coro...
Come on... quando voce nao tem alternativa o que faz? fica onde ta, pois nao?
O povo nao eh burro. O Povo sabe perfeitamente que nao sera a frelimo a resolver so seus problemas, o povo sabe que o topo da frelimo nao passa mais do que um bando de corruptos...mas, mostre-me uma alternativa credivel!!
Sera a Renamo?
O Povo há-de decidir um dia, mas dizer MANTER OS LADRÕES?? Come on!
O Povo não é burro e tem mostrado por muitas formas e isso não despensa mais informacão e mais provas que venham dos governos locais e actuacão ao nível da AR.
Então, é SIM A RENAMO que está a provar exactamente isso, até agora.
Na tal falta de alternativa, todo o cidadão é culpado.
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