25 novembro 2007

Primeiro negócios, depois arroz e batata-doce

Camponesas na cidade da Beira estão furiosas depois que o Conselho Municipal decidiu expropriar as suas terras, onde cultivam arroz e batata-doce, nos bairros do Vaz, do aeroporto, da Manga e do Estoril. Fizeram já uma manifestação em frente ao edifício do Conselho. Eis a posição do presidente desse Conselho, Deviz Simango: "Então, o desenvolvimento da cidade vai ficar "enterrado" porque queremos que as pessoas façam machambas, é assim? Eu penso que não, por isso achamos melhor priorizar os negócios que os empresários querem fazer e isso contribui bastante para o crescimento da nossa cidade (...) pena que as pessoas estejam a ver apenas machambas, mas nós estamos a ver o volume de negócios para o desenvolvimento da nossa cidade. Portanto, há muitas empresas que estão a aparecer. Esta a questão de fundo" - afirmações reproduzidas pelo semanário "domingo" de hoje (p. 22).
Em 1999 dirigi uma equipa de jovens investigadores, que procurou estudar o racismo e a etnicidade no nosso país. Leia ou recorde aqui certas posições, em particular das camponesas da periferia da Beira.

9 comentários:

Anónimo disse...

Recomendo vivamente o blog fresco de agry. o endereço é: https://www.grywhite.blogspot.com/

Obed L. Khan

Salvador Langa disse...

Xi mano Devis tem feito bom trabalho mas agora pode estragar muita coisa vamos ver.

Anónimo disse...

 É caso para dizer que "no melhor pano cai a nódoa".
 Deviz, habituou-nos à sua verticalidade e bom senso - por isso esperamos que repense o Plano Director da cidade numa perspectiva de longo prazo, pondere as vantagens e desvantagens de integrar as zonas verdes na cidade, ENGLOBÁ-LAS, não arrasá-las. Desta vez foi infeliz nos argumentos, curto de vista.
 O parcelamento destas áreas suburbanas na Beira, para produção de arroz e hortícolas, vem do tempo em que todo o território entre os rios Zambeze e Save era administrado pela Companhia de Moçambique (1891): gerações fizeram desta actividade o seu modo de vida.
 Porquê aterrar / arrasar áreas com elevadíssimo potencial agrícola,sustento de tantas famílias, para mais e mais cimento? Há que encontrar formas de crescimento da cidade, integrando, as zonas de produção agrícola e apoiando a modernização das explorações.
 Estamos esperançados que o bom senso prevaleça, que se encontre um equilíbrio, que os nossos urbanistas tenham uma palavra a dizer sobre a viabilidade e o interesse económico e social de manter "um pouco de campo nas cidades".
 Caro Deviz, os nossos camponeses / machambeiros, também são empresários, também precisam de apoios ás suas actividades, seus negócios. Quem hoje se espanta e encanta com grandes projectos e esquece os pequenos … não pode, depois, … espantar-se com os resultados eleitorais.
Florêncio

Carlos Serra disse...

A informação histórica que forneceu é correcta, tb conheço bem isso. Espero que alguém diga ao eng.º Simango que aqui existem preocupações.

den fremmede disse...

Basta comparar com outros casos, mesmo na Europa.

Quem conhece a Espanha por exemplo, a Franca ou a Italia, sabe que as autoridades municipais defendem os seus residentes, o produto local e os seus rendimentos e tradicoes encontrando espacos adequados e muitas das vezes locais bem mais apraziveis que os hibridos centros comerciais onde estes podem vender os seus produtos.

Nos paises mais a norte da Europa tambem ja se comeca a regressar ao conceito de mercados de camponeses, onde o seu produto e visto como vantajoso nao so para a saude como para o sustento destas pessoas.

A historia da galinha dos ovos de outro e antiga e conhecida. Ha que ter visao de longo prazo como alguem aqui disse.

E pelo conciliar da modernidade com as tradicoes e pessoas que fazem parte da paisagem humana e fisica de um local que se consegue atingir alguma justica social e espacial.

Ha que trabalhar com as pessoas, nao exclui-las, poque os espacos sao intertes e nao se queixam, mas antagonizando nunca resolve nada, sou adia os problemas para outros os resolverem (ou ignorarem mais tarde).

E antiga e tambem a frase que diz que so depois das coisas desaparecerem e que lhes damos valor...

Anónimo disse...

Parece que a Ivone tem acesso ao presidente, vi algo assim outra vez aqui neste blog, acho ela talvez pudesse canalizar essas preocupacoes ao Presidente do Municipio da Beira.

Carlos Serra disse...

Vou escrever uma carta aberta ao Eng.º Deviz Simango...

den fremmede disse...

Acho uma optima ideia. Se uma pessoa preza pelo bom senso, o bom senso normalmente perdura, nao desaparece de um dia para o outro.

Planeamento eficaz e sustentavel inclui sempre um elemento de flexibilidade e adaptatividade; ha que saber incorporar com inteligencia o indiviudo no desenvolvimento;

e facil copiar as ideias do progresso do exterior; mais dificil e repensa-las a realidade local e produzir uma solucao criativa.

Mocambique possui exemplos dessa criatividade; ha sempre que lutar pela solucao ideial, que nornalmente nao e a mais facil.

Copiar maus exemplos nao resulta. Dou um exemplo do progresso sem pensar no individu no pais que gosta de se chamar o centro das liberdades:

Nos Estados Unidos andar de comboio dura 2,3,4,5 ou mais vezes do que na Europa por exemplo, porque os comboios de mercadorias tem prioridade sobre os de passageiros; sempre que passa um de marcadorias o de passageiros tem de parar e deixa o outro passar - "business first, people second"/negocios primeiro, pessoas depois.

Boa sorte para aqueles apostados para que Mocambique de exemplos de que as coisas podem ser diferentes num mundo onde as pessoas se preocupam umas com as outras; e assim fique aonda mais rico do que aqueles que se dizem ricos.

Como se diz, ha que constantemente lembrar qual e a riqueza que realmente brilha mais...

Carlos Serra disse...

A carta foi escrita e deligencio agora obter o email do Eng.º Deviz Simango. Obrigado.