02 janeiro 2008

A guerra dos dons e dos créditos: CMB oferece ambulância e balneários (2) (prossegue)

Mostrei no número inaugural desta série e citando o "Canal de Moçambique", que o Município da Beira ofereceu uma ambulância ao Centro de Saúde da Munhava e cinco balneários públicos a outros tantos bairros.
Ora, independentemente de outros méritos, designadamente o cuidado posto em responder às preocupações populares, o executivo liderado pelo Eng.º Deviz Simango foi politicamente muito feliz. Por quê? Porque se quem controla os cinco bairros que receberam os balneários públicos controla a Beira, quem controla o enorme bairro da Munhava controla definitivamente a estratégica cidade do centro do país. Isto numa província, a de Sofala, que é um pouco para a Renamo aquilo que Gaza é para a Frelimo: um bastião natural.
E isso acontece numa clara luta de trincheiras políticas entre o executivo municipal da Beira liderado pelo edil Deviz Simango e dois executivos estatais: um da administração urbana da cidade da Beira liderado por Cremilda Sabino no que toca à preeminência e à visibilidade de gestão e outro do executivo estatal liderado por Lucas Chomera no que toca à guerra das bandeiras dos partidos políticos.

2 comentários:

Ivone Soares disse...

Ainda há quem duvida das capacidades governativas da RENAMO? PARABÉNS POVO DA BEIRA PELA APOSTA INCANSÁVEL NO NOSSO PARTIDO RENAMO.

Nelson disse...

Morar na cidade da Beira ou simplesmente acompanhar a vida da urbe(no sentido mais global) , se torna interessante pelo facto de a cidade ter se tornado palco de muitas disputas político-partidárias. Como tem sido hábito, gestos as vezes bem simples são ampliados e interpretado à luz da proveniência partidárias dos seus autores. Depois da história da cerimónia de inauguração dos autocarros da TPB ter sido realizada no Dondo, depois do caso das "bandeiras nos lugares impróprios" e do abnegado envolvimento do ministro de administração estatal, depois das afirmações do secretário geral da Frelimo segundo as quais os méritos às melhorias de cidade não devem ser atribuídos ao município mas ao governo, nos damos agora com o caso da ambulância oferecida pelo CMCB ao Centro de Saúde da Munhava. Simpatizando-se ou não com a RENAMO no geral com Deviz Simango em particular, deve se ter o suficiente bom senso e aceitar o esforço que tem sido levado a cabo para melhorar a cara da cidade da Beira. A avaliar pelos resultados do seu desempenho, Simango é como alguém disse, “ homem lúcido, com objectivos".

A quando da entrega da referida ambulância vozes, cujos ecos continuam, fizeram-se ouvir. Umas contra e outras a favor. Entre as vozes contra soa mais alto a do Director Provincial da Saúde que pensa que a ambulância devia ser entregue ao serviço de ambulâncias e não directamente ao CSM. Alguém me ajudou a entender que " o CMCB tem competências na área da Salubridade (limpeza da cidade, sanitários, incluindo balneários, etc.,) mas não tem na área da Saúde - do Sistema Nacional de Saúde, Os Centros de Saúde dos Bairros se subordinam à Direcção Provincial de Saúde (que depende do Governo e não do CMCB)". Sendo assim diz-se que devia ser ao Governo Provincial que O CMCB devia ter entregue a ambulância e não directamente ao CSM. Houve que afirmasse que o gesto de Deviz Simango foi "meramente político e demagógico". e "uma intromissão na política de saúde do Governo: uma provocação com o objectivo de tirar dividendos políticos" e ainda "sabendo que o CMCB está longe de ter superado todas as carências nas áreas que são da sua responsabilidade (logo, não tem excesso de recursos) é demagógico, populista, desviar meios para actividades da responsabilidade do Governo."

Simango pode ter dividendos saindo desse gesto mas quem mora no Chiveve e vive o drama da Munhava pode com toda certeza afirmar que "querer tirar dividendo políticos" não foi a única razão de para lá ter alocado esse meio. Necessidade clara e de longa data existia no CSM. Porque não entregar a ambulância ao governo e ser este a decidir onde e como usar? Uma pergunta que pode ter muitas respostas.

Simango é achado populista pelo facto de mesmo "sabendo que o CMCB está longe de ter superado todas as carências nas áreas que são da sua responsabilidade (logo, não tem excesso de recursos), desviar meios para actividades da responsabilidade do Governo." Tem Simango esperar que sejam esgotadas "todas as carências nas áreas que são da sua responsabilidade" e ter "excesso de recursos" para "dar mão" à actividades aparentemente negligenciadas pelo governo?

O gesto de Simango pode ter sido pura e simplesmente para minimizar o sofrimento dos moradores de Munhava e utentes do CSM. Esse gesto está entretanto sendo abusado tanto pelos seus críticos como pelos apologistas.
Para os exagerados apologistas de Simango devo dizer que faz parte de suas obrigações melhorar a vida dos munícipes (intrometendo-se quando necessários nas áreas que os outros negligenciam alegando falta de meios). Simango não fez mais do que se espera dele. O facto de de se estar num município de constates disputas e outros (em outros municípios) não fazerem o mesmo, é o que aparentemente magnifica o gesto de Simango.

Para os exagerados críticos aconselho a não "deitarem a criança junto com a água de banho". Louve-se o gesto. Um simples e honesto elogio não significará automaticamente simpatizar-se com o partido atrás de Deviz Simango. E mesmo que significasse, sendo por uma boa causa valeria a pena simpatizar-se.
Abraço do Chiveve