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Creio valer a pena recordar Kwame Nkrumah. A pouco e pouco, numa série, aqui postarei coisas que ele escreveu. Como esta: "A luta de classes está no cerne do problema. Os comentadores políticos e sociais tiraram durante demasiado tempo conclusões erradas, postulando que a África constituía uma entidade distinta, à qual não se aplicavam os critérios económicos e políticos válidos para o resto do mundo. Espalharam-se mitos tais como os do "socialismo africano" e do "socialismo pragmático", sugerindo a existência de uma ou mais variedades de socialismo exclusivamente africano; e quanto à nosa história, escreveram-se teorias sócio-antropológicas e históricas, em termos que pareciam ignorar que a África teve um passado pré-colonial. Uma dessas distorções sugeria que a luta de classes, existente noutras partes do mundo, não se verificava em África. Nada está mais longe da verdade. A África é actualmente o cenário duma violenta luta de classes" (Nkrumah, Kwame, A luta de classes em África. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1976, p. 8; a versão original em inglês data de 1970).
2 comentários:
Ai é, luta de classes? Credo, isso afinal existe? Vão ver que daqui a pouco vai logo surgir um guarda do templo dizendo que esse nosso nobre africano co-fundador do pan-africanismo usava lentes ideológicas emprestadas...
Classes? Evidentemente que isso nunca existiu nem existirá. Sempre fomos mulheres e homens unidimenensionais, sem direita nem esquerda, apenas diferentes horizontalmente em nossos vícios epistemológicos e no nosso apego aos pontos de vista fatalmente viciados. Desde a pré-história que somos pré-conceituosos, veja lá. O Kwame também, claro. Uma chatice unidimensional. O primeiro indivíduo que disso falou - da luta de classes - sofria de rancor. Isso está provado mesmo sem evidências. Como escreveu um dia o Óscar wilde, a vida (digamos, a história) é a colecção dos nossos erros. E dos nossos fantasmas, acrescento eu. Vê bem, a ironia é salutar.
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