Esses dois processos têm curso no contexto da relação "estabelecidos"/intrusos". Os "estabelecidos" (proprietários, "donos da terra", partido no poder, detentores de cargos governamentais, empresários, etc.) tudo farão para continuar a ser detentores de recursos; os "intrusos" esforçar-se-ão por questionar os "direitos adquiridos" e/ou desalojar os primeiros. Atacar os "direitos adquiridos" é considerado pelos primeiros como atacar a ordem estabelecida. Toda a ordem jurídica e judiciária está estruturada para assegurar esses direitos e punir as infracções. Os gestores dessa ordem tudo farão para apresentar os seus interesses como interesses de todos, como interesses universais desde sempre existentes, como interesses naturais.
É aí que toma curso todo o mundo conflitual da estruturação simbólica e categorial do Outro.
Termos como chingondo, monhé, etc., ou expressões como os landins são inteligentes, os Manhungwe não prestam, os monhés só sabem fazer comércio ou, ainda, os gajos do Sul estão-nos a pilhar ou os Maquilimane só sabem roubar, contêm ao mesmo tempo uma prática, uma história e uma memória em constante reactualização (ainda que os seus utilizadores possam não estar conscientes disso e se limitem a veicular, a fazer e a recordar o que se tornou "hábito", costume do grupo, etc.): (1) a prática da interacção social e da disputa de recursos de poder, (2) a história de como se fez ou se faz a intersecção e a disputa pelos recursos de poder e (3) a memória que se reactiva ou se reactualiza consoante a intensidade dos contactos.
Julgamos muitas vezes que é a cor da pele ou o apelido que nos leva a incluir alguém num grupo diferente. Mas seria mais pertinente começar por estudar a história que está por trás disso.
A interacção social faz, portanto, comunicar, mas também colidir. Nela coabitam lógicas de inclusão e de exclusão.
Termos como chingondo, monhé, etc., ou expressões como os landins são inteligentes, os Manhungwe não prestam, os monhés só sabem fazer comércio ou, ainda, os gajos do Sul estão-nos a pilhar ou os Maquilimane só sabem roubar, contêm ao mesmo tempo uma prática, uma história e uma memória em constante reactualização (ainda que os seus utilizadores possam não estar conscientes disso e se limitem a veicular, a fazer e a recordar o que se tornou "hábito", costume do grupo, etc.): (1) a prática da interacção social e da disputa de recursos de poder, (2) a história de como se fez ou se faz a intersecção e a disputa pelos recursos de poder e (3) a memória que se reactiva ou se reactualiza consoante a intensidade dos contactos.
Julgamos muitas vezes que é a cor da pele ou o apelido que nos leva a incluir alguém num grupo diferente. Mas seria mais pertinente começar por estudar a história que está por trás disso.
A interacção social faz, portanto, comunicar, mas também colidir. Nela coabitam lógicas de inclusão e de exclusão.
4 comentários:
"...Julgamos muitas vezes que é a cor da pele ou o apelido que nos leva a incluir alguém num grupo diferente. Mas seria mais pertinente começar por estudar a história que está por trás disso..."
Em minha opinião o racismo tem origem na colonização e ele não é nada mais que eternização da inferioridade de uns em relação aos outros e/ou de uns em relação a si mesmos.
Um dia entrei numa loja de venda de equipamento desportivo para comprar uma T-shirt e trazia uma pasta de costas o segurança interno mandou-me tirar a pasta para poder apreciar o que pretendia mais ao meu lado esta um individuo a apreciar com uma sacola nas costas. Olhei para o guarda e disse-lhe manda tirar a sacola a esse senhor depois tiro a minha.
Ao mesmo tempo fiquei muito chateado e imediatamente fui-me embora acabei por não comprar a T-Shirt.
Embora aborrecido levantei muitas questões por estudar no comportamento do segurança.
Amanha continuarei a falar deste acontecimento
Maxango
Está bem! Abraço.
Professor acho que a cura do racismo reside na capaciadade do homem abdicar da cumplicidade historica que o governa até os dias de hoje e acho ainda que essa vacina esta longe de ser descoberta.
Porque quando se é racista é como se duas pessoas habitassem em uma só a primeira que tem consciência da igualdade e a segunda que é cumplice da historia/colonização/cor da pele/poder/originalidade/ e mais.
Somente quando a rescisão da timidez do primeiro o livrará do racismo, estou ciente de que isso o levará a novos conflitos com o proximo e assim em diante entrará num ciclo vicioso.Conclusão o homem será sempre um ser racista/etnicista porque tem uma historia e para viver precisa de se impor.
Que tal professor?
Um abraço
Maxango
Naturalmente que são, um e outro, etnicidade e racismo (não sendo o primeiro, afinal, senão um racismo sem raça), problemas muito delicados. E muitas vezes acontece que combatê-los na melhor das boas vontades só incentiva a sua ampliação. Deixe continuar a série. Abraço.
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