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Todos os anos, chegadas a canícula e as chuvas, vários problemas surgem. A cólera é um desses problemas. E quase todos os anos, também, surge a indignação perante os
fecalistas a céu aberto - há uns anos um médico de Maputo chamou-lhe, na Rádio Moçambique, a "doença do cocó" - , aqueles a quem é imputada uma das responsabilidades pela surgimento da cólera em meio urbano e péri-urbano. Foi agora a vez do médico-chefe provincial de
Cabo Delgado, ante o surto de cólera que afecta a cidade de Pemba.
O médico afirmou que os mais assíduos fecalistas estão localizados junto à orla marítima (na cidade da
Beira, toda a zona marítimas limítrofe do antigo Grande Hotel é um sanitário natural). O ano passado, também em Janeiro, o então governador de Nampula, Felismino Tocoli, afirmou: "Já chega de educação, porque o que compreendemos é que as pessoas sabem do perigo que o fecalismo, a céu aberto, constitui para a saúde pública e não só. Pelo esforço feito pelas entidades competentes há vários anos, dá para perceber que só
com medidas administrativas é que podemos eliminar este mal.”
O problema de todos nós, o dos desfecalistas, consiste, regra geral, em atribuir à perigosa família dos fecalistas (perigosa, afinal, como as dos vendedores informais, dos ladrões de material eléctrico dos postes de iluminação pública e de carris das vias férreas) uma substância inata: a da porcaria. Por que razão defecam as pessoas ao ar livre? Porque são porcas, respondemos, directa ou indirectamente. Bem mais difícil é encontrar a razão do fecalismo a céu aberto nas condições sociais que fazem com que uns tenham sanitários e uma educação precoce sobre hábitos de higiene e saúde, e outros não.
1 comentário:
Claro, o real problema. E certamente o Cédric do Congo diria o mesmo.
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