26 janeiro 2008

Para que servem tribo e raça? (3) (prossegue)

As minhas fontes de informação dizem-me que a vida no Bairro do Equilíbrio mudou rápida e radicamente. A turbulência política sucedeu ao dia-a-dia das pequenas coisas chatamente iguais com os seus pequenos conflitos de algibeira.
Mas vamos por partes.
O bairro tem quatro comunidades:
1) Os Originários, chegados de uma montanha algures na imaginação do tradicionalismo oral e cujo epónimo dizem chamar-se Venço Depressa. São pastores, que também têm uma tradição de trabalho sazonal em minas de platina num país limítrofe chamado Aqui Há Riqueza. Vermelha é a sua cor.
2) Os Segundos-Chegados, vindos um pouco de cada lado de um vago centro e de um vago norte do país, gente de vários ofícios, oscilando entre a agricultura de quintal e o remendismo oficinal, com oficinas de faz-de-tudo-um-pouco. Vermelha também é a a sua cor.
3) Os Vive-nas-Fronteiras, gente dos negócios, do vende não importa o quê, com as suas lojas que também são pequenas casas de câmbio e de prestamismo nocturno e um espírito de grupo fechado e discreto, de casta definitiva. Esta gente é castanha.
4) Os Empobrecidos da gente rica da cidade-capital-nação, gente esburacada que decidiu viver no Bairro do Equilíbrio e aqui se dedica aos misteres da construção, do imobiliário de circunstância e dos pequenos restaurantes. Esta gente é azul, mas também há gente vermelha-azul, gente mestiça, produto de cruzamentos efectuados em noites baixo-ventrais - cuja densidade não importa à história - entre homens dos Empobrecidos e mulheres dos dois primeiros grupos.
Nota: a qualquer momento posso modificar algo aqui. Se isso suceder, assinalarei com uma cor distinta no texto a modificação ou o acréscimo.

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