14 novembro 2007

Babalaze esgota

Segundo a Cotonete Records, o álbum babalaze do rapper Edson da Luz, azagaia de nome artístico, esgotou e "assim decidimos produzir cópias de emergência e disponibilizar".

29 comentários:

Anónimo disse...

Mas, senhor Professor, afial de contas é BALAbaze ou BABAlaze?

Penso eu, e posso estar enganado, que é babalaze.

Carlos Serra disse...

Muito obrigado pela correcção.

Anónimo disse...

Azagaia, estas de parabéns. Primeira vez oiço falar em album que esgota nas prateleiras de venda. Isto prova que tens uma legião de fans e admiradores incluindo os que te consideram atrevido. Isto prova também que a maioria, ainda que seja no anonimato, se identifica com as mensagens que transmites nas tuas letras. Aí vão os meus votos de muitos sucessos e que continue a fazer o teu olhar crítico sobre determinados aspectos da nossa societé...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Nao ha sombre de duvidas de que satisfaz-me saber que BABALAZE esgotou. Mas ocorreu-me uma inquietacao. Terao sido os fas a comprar, ou os incomodados para tirar de circulacao?
Ivone Soares

Anónimo disse...

Não creio que os incomodados se tenham incomodado com ele primeiro porque não esperavam que o lançamento do album fosse criar esta aderencia ao album do azagaia. Mas devemos admitir que muitas vezes o diabo veste-se cordeiro de Deus.

Carlos Serra disse...

Vamos aguardando. Certamente quem comprou e agora ouve Edson não tem a bússola afectiva orientada para o coração ático da poesia, a paixão das coisas almofadadas...Abraço!

Anónimo disse...

Ivone Soares,

O que o Azagaia diz, é aquilo que vem saindo na nossa imprensa privada nos últimos anos.
Os Savanas, Zambezes, O País etc. etc. costumam lançar bombas do género das bolsas de estudo do ex-ministro Nguenha e não me parece que essa elite corrupta tenha tido a preocupação de ir a correr comprar esses jornais para tirar de circulação.
Também acho que há que termos os pés bem assentes no chão e não fazer do Azagaia um profeta: O que o Azagaia está a fazer é bom e pode despertar consciências, mas duvido que isto belisque essa tal elite corrupta.
Vamos com calma.
Quer-me parecer que não é a lançar albuns de hiphop com críticas sociais que o país vai mudar.
E atenção, não estou a criticar o artista, muito pelo contrário.
Há que louvá-lo e dizer que demonstra coragem!
Mas num país onde a maioria nem sequer fala português (e ele canta em português), num país onde a maioria vive abaixo do limiar da pobreza (para ouvir o Azagaia há que ter leitor de música) etc. etc., quer-me parecer que não é um artista a cantar hiphop em português que vai mobilizar os 20 milhões de moçambicanos e fazer tremer e incomodar os ladrões, assassinos e corruptos.
Só se me disserem que Moçambique resume-se a Maputo...

Ivone Soares disse...

Ilustre ciberamigo, concordo com alguns pontos que coloca, mas fala-se neste post de Azagaia, dai comentar sobre ele. Se falarmos de um excerto de um dos nossos jornais que fazem a sua parte na denuncia de casos como os que Azagaia canta, certamente irei dar meu palpite. Nao estou às cegas, mas o jovem bateu duro. E gostei. Muito obrigada pelo toque.
Ivone

Reflectindo disse...

Claro que gostei dos comentários de todos intervenientes até aqui, mas queria sublinhar que o que o anónimo que dirigiu-se à Ivone, foi uma grande alerta para todos nós. Se assim não assumirmos a coragem de Azagaia vai desvanecer e permanecerá virtual. Lembremo-nos que estes jovens foram os que reagiram energicamente após a explosão do Paiol. A reacção desvaneceu por uma razão que deviamos analisar com reflexão; já tivemos o Carlos Cardoso, o António Siba-Siba, mas depois deles, onde está a coragem? Onde está o combate à corrupção, ao crime organizado, onde está o NOSSO DINHEIRO, etc?

Então, o que é necessário?

Unknown disse...

Prefiro nao ser repetitivo. Ja' disse a Ivone outrora no meu blogue que tinha expedita para ver se comprava um CD, numa antevisao que sucedido. Atonito fiquei ainda dela aqui que e' possivel que tenha havido uma recolha geral dos CDs dos pontos de distribuicao e venda! Poder ser que seja. Mas prefiro alinhar com o ESGOTAR MESMO, acepcao da palavra. Isto significa que a mensagem foi transmitida e consumida dada a fartura de atrocidades. Agora chamo atencao as editoras discograficas para os tempos que vem, lamentavelmente, nao sao bons. Mas enqunto isso, vamos marchando na melodia...
Dede

Anónimo disse...

Como difundir o Babalaze nas zonas recondidas onde a mensagem chega as gotas? Que tal uma digressao ao mocambique real? Assim como cinemarena, ocorreu-me esta ideia. Vamos reflectir!
O meu ciberamigo que preferiu o anonimato fala dos leitores que não estão a disposicao de todos...mas pode-se pensar neste meu palpite. Que acham?
Ivone

Anónimo disse...

Alguem aqui INTERESSAMENTE disse isto: "Também acho que há que termos os pés bem assentes no chão e não fazer do Azagaia um profeta: O que o Azagaia está a fazer é bom e pode despertar consciências, mas duvido que isto belisque essa tal elite corrupta.Vamos com calma."

Sei que isto pode nao fazer sentido, mas me digam uma coisa: Como surgem os profetas? Sera que o facto de os CDs esgotarem, nao eh suficiente para percebermos que Azagaia, nem que seja a curto prazo, tocou o povo? Este ser que disse as palavras que disse, o que "calmamente" tem feito para mudar este pais cujo maior problema se assenta na sua porca Governacao? Ou voce acha que esta tudo bem?

Ok, Azagaia canta em Portugues. Quantos Mocambicanos falam Portugues? Sera que a escumalha (incluindo eu) que fala Portugues eh menor que os falantes de Shona, Ronga, Macua..etc? Nao seria melhor olhar para a censura da TVM e RM com cobertura nacional, financiados com dinheiro dos nossos impostos mas que servem um punhado de gangsters? Ou a musica azagia, como todas outras deveria ser traduzida em todas as linguas nacionais assim como? Entao O QUE VOCE TEM A DIZER DO HINO NACIONAL? Ok..Ok...vamos tambem traduzi-lo..not a problem.

PP

chapa100 disse...

os azagaias sao muitos pelo pais fora. quando ando pelos distritos encontros muitos jovens fazendo o rap e outras manifestacoes artisticas. em maputo e na beira sempre que encontro-me com alguns meninos de rua peco para eles fazerem um free style, nao imaginam a carga critica dos textos que estes meninos declamam.
ha muita gente jovem a fazer coisas em mocambique relacionadas com a critica social, afinal nao herdamos isso da irreverancia da poesia de combate? e outras expressoes artisticas bem documentadas de intervencao social na historia de mocambique?

Carlos Serra disse...

Creio ser real o que diz e, até, com uma linguagem bem mais severa, como já observei no Goto da Beira.

Anónimo disse...

Não estou em defesa do anónimo, mas acho que vocês perceberam mal o que ele quis dizer com calma.
Acho que a ideia é que não há que entrar em euforias a pensar que com o Azagaia os problemas do país por magia vão acabar. Daí ele ter dito que vamos ter calma.
Acho que foi mais neste sentido, e não num sentido de que não devemos fazer nada pra mudar as coisas e simplesmente ter calma.
Penso eu de que.


Raul Zunguza

Anónimo disse...

Quantas copias eram? 1.000.000? 500.000? 100.000? 10.000? 1000? 100? Nao sera este um dado importante? escamotear os numeros pode ser uma forma de manipulacao.

Wetela, este nao e o primeiro album que esgota. Essa afirmacao e uma enormidade de tao falsa.

Anónimo disse...

Anónimo, eu não disse que era o PRIMEIRO album que esgota. Eu disse que pela PRIMEIRA VEZ OIÇO FALAR EM ALBUM QUE ESGOTA NAS PRATELEIRAS. E de forma alguma neguei a possibilidade de terem havido outros albuns a esgotarem no mercado, por isso que eu disse PRIMEIRA VEZ OIÇO(quem? EU! e não o anónimo nem outra pessoa)FALAR EM ALBUM ESGOTADO...Para dizer que o "polêmico" azagaia superou as expectativas, percebes?

Anónimo disse...

A crítica é uma actividade social que pressupõe um público receptivo à sua argumentação e as letras do azagaia tem esta componente. Isto reflete-se no interesse dos ouvintes em favor do próprio azagaia ou do que ele escreve. Se não houvesse algo que despertasse essa consciência crítica nas letras musicais, julgo que os ouvintes reagiriam contrariamente ou restariam indiferentes, como se a questão não lhes dissesse respeito.
Pipas concordo consigo, nãp podemos correr o risco de profetizar o azagaia pois temos tantos outros azagaias, Cardosos, Siba-Sibas, Jorge Microsse que também necesitariam de ser biatificados.

Reflectindo disse...

Bem dito, Watela.

Avante!

Anónimo disse...

O nosso povo não é burro! Sabe apreciar a ironia, o jogo estilístico que enforma a verdadeira arte. É só escutar as músicas de crítica social que foram sendo escritas ao longo da história do nosso país. Por exemplo, apesar de aparentemente enigmática, o nosso povo foi capaz de entender o hino à paz que foi Xa Ntima i Bolhela, de Simião Mazuze ou MASOTCHWA, de Zeca Alage.

É presunção de académicos supor que o povo não entende arte

Anónimo disse...

Até parece que este país precisa sempre de novas profecias ou profetas, para acalentar o espirito. Veja-se como prolifera o negócio da fé. É o país das crenças, das profecias e dos profetas. A sociedade se produz e reproduz através del[es]as. Para o caso em apreço, fico sem saber se é o perfil ousado do Azagaia ou que ele canta, que provoca todo este alvoroço; se é o criador ou a obra, que encanta as pessoas. O Azagaia ou o que ele canta, é a nova[o] profe[ta]cia que vem substituir outr[o]as já em crise. A título de exemplo, “o deixa andar”, “combate a pobreza absoluta”, “combate a corrupção”, ou o o Jeremias Ngwenha, Gpro Fam,... Esta nossa maldita mania de querermos falar sempre através dos outros; de usarmos os outros como os mensageiros das nossas angústias; de acreditar que os outros é que farão o nosso trabalho; que cumprirão com o nosso dever. No mundo da mudez, quem entende a lingua dos mudos, vira martir. Todavia, não pretendo com esta observação retirar o mérito ao AZAGAIA.

JJM

Anónimo disse...

Anónimo,sim o nosso povo não é "burro", mas sim acrítico(pouco dado à reflexão crítica), até que apareça alguém ousado e atrevido, o santo povo vai se contendo com as suas frustrações. Sim temos por exemplo o Xidiminguane que considero um observador(com olhar sociológico da realidade) e crítico social. Escuta o teor das suas letras e canções vai perceber que algo mais ele diz para além do que canta.
Lembro-me que na altura da luta aramada as canções revolucionárias estimulavam os guerrilheiros e ao povo a um desejo de mudança social. E foram necessários 10 anos de luta para que isso começasse a fazer efeito adicionados os 16 anos de guerra civil. Hoje usam se várias formas de exercer essa pressão, uns lincham os outros, outros cantam, outros ainda escrevem romances,formam partidos para fazer oposição. Não podemos falar em uma revolução mas sim são pequenas formas de contestação com a qual muitos de nós se identifica.

Anónimo disse...

Povo acritico? Existe isso?

Anónimo disse...

Oh, anónimo, certamente que não existe assim como não existe um povo burro. O que existe são atitudes: crítica ou acrítica. O que acontece é que o povo opta por uma atitude acrítica porque provavelmente seja uma estratégia de sobrevivência as represálias que acabam em fatalidades. Se te lembras em tempos passados algumas pessoas foram fusiladas em pleno comicio popular e penso que todos perceberam a mensagem. Hoje ainda que não seja em comícios muitos "críticos politico-sociais" continuam assombrados pelas miras das AK-47. Por isso ainda que não seja certo, melhor estratégia que julgo ter sido adoptada é a atitude acrítica. Ver, Ouvir e calar. Existem outras hipóteses possíveis para esta atitude.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Então o Wetela é o único crítico? Carlos Serra não é crítico? Elísio Macamo não é crítico? Xidiminguana não é crítico? Simião Mazuze não é crítico? Os cantores de makwaela que costumo escutar no bairro da Maxaquene não são críticos? Os jovens a quem Chapa100 costuma pedir para fazerem um free style não são críticos?

Saiba caro Wetela que este povo foi sempre crítico. Um povo que gerou pessoas como Gomokomu (músico crítico chope que viveu lá para as décadas 40 do século passado), Craveirinha, Noémia, Chapa100, Egídio Vaz, Jeremias Ngwenha... não pode ser descrito como acrítico.

E muitos dos que aqui referi estão vivinhos da silva, não constando que tenham sido fusilados.

Nada de justificar mediocridade com a falta de competência do nosso povo. Este povo descifra e, até, gosta das mensagens que aparecem envoltas em beleza.

Há-de ver que as músicas críticas realmente belas continuarão a ser cantadas até às próximas décadas. As panfletárias são esquecidas alguns meses depois. Só os que as querem usar como armas de arremesso é que continuam a cita-las depois desse prazo. Alguém ainda cantava "As mentiras da Verdade" antes desta recente campanha de marketing?

Gabriel Matsinhe

Anónimo disse...

Não digo que não existam, esses todos, e outros mais anónimos, que o Gabriel citou são críticos, cada um deles tem a sua forma de fazer a crítica. Olha eu acho que estamos a falar de pessoas que "tocam na ferida", vão directo ao problema. Em linguagem corrente dizemos que "nao tem papas na lingua". E o Gabriel sabe que poucas pessoas tem essa atitude crítica. Lembra-se das mudanças que Jorge Microsse fez na cadeia civil? O que lhe custou? E ele sabia o preço que ia pagar por isso. Certamente ouviu falar de Baltazar Júnior (Director da PIC da Cidade de Maputo), juíz N'Kutumula, Siba-Siba Macuácua, o músico Pedro Langa, Josefa Ibraimo, Armando Ossufo ( Director da BO), Carlos Cardoso e outros que aqui não estão mencionados. Pensa como eles faziam a crítica deles(com muita frontalidade e vontade de mudar) e diz me se estão vivinhos da silva!! A crítica feita pelas figuras que o Gabriel mencionou,não é ofensiva, não "incomoda" a ninguém e é feita a nível acadêmico como profissionais da area mas sempre dentro de parâmetros.

Anónimo disse...

Estou espantado. O comentário de Wetela é bastante lisongeiro para si, Professor.

Obed L. Khan