09 novembro 2007

Branwen Jones estuda bairros populares de Maputo (2) (continua)

Branwen Jones: Uma outra razão é que há processos semelhantes que estão a acontecer no meu país. Claro, as condições sociais na Inglaterra são muito diferentes das vossas, em Moçambique. Mas em termos gerais – seja nas mudanças nas relações entre o Estado, o sector privado e a chamada "sociedade civil", seja no crescimento da influência do mercado, que são as características básicas do neoliberalismo – estas mudanças estão a ocorrer no meu país também, com implicações nas zonas urbanas. É interessante tentar obter uma perspectiva mais global sobre os efeitos destes processos que estão a evoluir pelo mundo inteiro, mas em condições e contextos locais bem diferentes.
Carlos Serra: Qual a tua concepção de ciências sociais?
Branwen Jones: Qual é a minha concepção sobre ciências sociais? Isto é uma questão enorme! Eu acho que o papel das ciências sociais deve ser o de servir os interesses da sociedade, o interesso público, em termos de prover um conhecimento mais profundo sobre as condições e os problemas no mundo social. Por quê isto é necessário? Acho que a necessidade das ciências sociais surge do facto de que as coisas na vida social não são sempre o que parecem. Não é facil compreender por que algo acontece, nem como resolver problemas sociais. As ligações entre os várias aspectos da vida social não são muito óbvias. Por exemplo, quais são as razões do crescimento da criminalidade neste país ou em qualquer outro país do mundo? Quais são as ligações entre a pobreza em África e a riqueza na Europa? É necessário compreender por que e como as coisas acontecem, antes de tentar mudar as condições para o melhor – é por isso que as ciências sociais são necessárias. Mas isto é uma tarefa muito difícil.

2 comentários:

Patricio Langa disse...

Por que da insistênte referência a idade (34 anos) da investigadora? É um elemento marcador da sua identidade? Mera pergunta de curiosidade. Matou o gato, mas criu o sociólogo, alguém disse.

Carlos Serra disse...

Deve ser algum vício freudiano de antigo jornalista.