11 novembro 2007

Jacqueline no "café da manhã" da RM

A pesquisadora brasileira Jacqueline Sinhoretto, do Instituto Brasileiro de Estudos Criminais de São Paulo, chegou ontem a Maputo e estará segunda-feira, 7.30 horas, no "café da manhã" da Rádio Moçambique, intervindo sobre linchamentos no Brasil e respondendo a questões dos ouvintes. Fará também uma intervenção nesse sentido na próxima quarta-feira, no segundo seminário sobre linchamentos da Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos, Faculdade de Medicina, anfiteatro principal, 16 horas.

12 comentários:

Ivone Soares disse...

Bem vinda a Moçambique. Estou ansiosa por saber a experiência do Brasil com relação aos linchamentos.

Carlos Serra disse...

Acredito que será interessante ouvi-la.

Anónimo disse...

Vamos ouvi-la e colher algumas ideias em relação a sua exeperiência e possivelmente mais logo podemos fazer os nossos comentários aqui no espaço.

Carlos Serra disse...

Sim, ela vai basear-se num texto que elaborou para o seminário.

Anónimo disse...

Estou ansioso por ver os resultados do seminário. Em minha opinião os linchamentos deveriam ser vistos no âmbito da luta que se faz para extender o Estado e torna-lo cada vez mais eficaz. Parece-me um despropósito insistir na tecla de que os linchamentos reflectem alguma forma de degenerescência social dos moçambicanos.

Os Americanos (dos EUA) lincharam criminosos e supostos criminosos até para além dos meados do século 20. Faziam-no, em minha opinião porque o seu Estado estar-se-ia ainda e estender e a ganhar eficiência. Linchar alguém na América hoje (embora por vezes ocorra episodicamente) seria anacrónico.

Por alguma razão, que vai para além das pessoas ou das crianças, os linchamentos em Moçambique e em outros países africanos em rápido processo de urbanização não são tão anacrónicos como isso.

Analisar este assunto, colocando-o na devida perspectiva histórica colocaria de parte a ideia de que os linchamentos "derivam de práticas ancestrais de justiça" como diz jfrancisco saraiva de sousa.

Nas nossas aldeias os crimes não costumam ser punidos com linchamentos.

Obed L. Khan

Carlos Serra disse...

Um pequeno pormenor: trabalhamos com linchamentos urbanos e, por agora, excluímos estudar os rurais, bem mais frequentes e tendo as acusações de feitiçaria como êmbolo.

Anónimo disse...

Que dados é que o Professor tem de que os linchamentos rurais (por motivos de feitiçaria) são mais frequentes que os urbanos (derivados da criminalidade)? Acompanhei alguns casos episódicos, alguns deles acontecidos nas periferias das grandes cidades.

Ademais, creio ser verdade afirmar que o fenómeno da rápida urbanização dos nossos países afecta também as zonas rurais. Em que sentido? (i) as ideias das cidades chegam mais facilmente ao campo; (ii) a migração para as cidades causa crescente pobreza rural, devido principalmente à falta de mão de obra jovem para lavrar os campos e realizar outras actividades económico-sociais que requeiram robustez física; (iii) Neste âmbito, os velhos, que num passado recente eram venerados e eram poços de sabedoria passam a ser um empecilho e um encargo. Este último facto dever-se-ia às limitadas capacidades para os manter nas circunstâncias presentes.

É isso que, em minha opinião e por mera hipótese, justifica (ou causa) os episódicos casos de linchamentos rurais. Em minha opinião se a capacidade do Estado de proporcionar verdadeira segurança social não se extender rápidamente para as zonas rurais, estes casos de linchamentos por feitiçaria vão aumentar.

Obed L. Khan

Carlos Serra disse...

Consulte os arquivos das administrações provinciais e distritais, especialmente os relatórios administrativos.

Anónimo disse...

Professor... Poderia ser mais especifico! No caso dos linchamentos urbanos informou-nos em que idades eles estao a ocorrer. Mais ainda, em alguns casos da-nos numeros.

O Professor sabe que o seu blog ee lido em varias partes do mundo Seus leitores laa vao tambeem consultar tais arquivos? Ser especifico ee abrir-se para o dialogo como nos vem ensinando.

Obed L. Khan

Anónimo disse...

Onde estaa idade leia-se cidade

Obed L. Khan

Sir Baba Sharubu disse...

I would be very much interested to read here the conclusions of meeting with Jacqueline Sinhoretto.

Carlos Serra disse...

Em resposta à sua pergunta, Sharubu: gostei da intervenção dela, versátil, analiticamente rica. Através do seu nome, pode localizar neste diário a tese de mestrado sobre linchamentos. Se oportunidade houver, aqui colocarei o texto que serviu de base à sua intervenção hoje na Faculdade de Medicina. Abraço.