Leia o que a estudante de arquitectura na foto à esquerda escreve no seu blogue sobre as crianças que é suposto irem estudar em tendas como a da imagem à direita.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.

O Governo Provincial de Manica comprou vestuário diverso, incluindo calçado, bem como alimentação, para que viajavam em condições desumadas num camião interceptado anteontem pela polícia. Um dos pais veio de Nampula e, estando neste momento em Chimoio, afirmou que sabia do transporte, mas ignorava as condições em que as crianças estavam a ser transportadas. Esse pai está em Chimoio para negociar o regresso das crianças a Nampula. Entretanto, no camião viajavam também três ou quatro adultos de cerca de 25 anos, que estão encarcerados. Consta que a descoberta do camião deveu-se ao facto de uma criança ter ficado em terra junto ao rio Save, chorando, o que, depois, despertou a desconfiança da polícia. Amanhã a Rádio Moçambique vai apresentar uma reportagem especial sobre o tema - informação telefónica prestada há momentos pela jornalista Isaura Afonso em Chimoio, a quem muito agradeço.
Em caixa sombreada, o semanário "Zambeze" de hoje escreve que a presidência da República abortou recentemente um desfalque de seis milhões de dólares "prestes a serem sacados do Tesouro". O semanário diz que a mega-operação fraudulenta foi denunciada ao presidente da República por um alto funcionário sénior do tesouro ao verificar que figuras ligadas ao poder executivo e judicial haviam submetido ao Estado "uma série de projectos fantoches que não apresentavam nenhum estudo de viabilidade económica". As pessoas que foram beneficiadas com os fundos tiveram de os devolver - diz o semanário. Finalmente, o "Zambeze" afirma que que nenhuma fonte oficial se "dispôs ainda a dar detalhes sobre este assunto" (p. 3).
Um trabalho no "Le Monde": "É um mundo encantado no qual navegamos duma villa de 9 peças com piscina em Nice a um hotel particular no Oeste parisiense. Um universo surrealista povoado de Bugatti pagos cash por mais de um milhão de euros. Um microcosmo constelado de uma miríade de contas bancárias. Oligarcas russos? Reis saudistas do petróleo? Estrelas de Hollywood? Não: chefes de Estado africanos produtores de petróleo na sua maior parte, mas cujas populações se contam entre as mais pobres do planeta."
Esses dois processos têm curso no contexto da relação "estabelecidos"/intrusos". Os "estabelecidos" (proprietários, "donos da terra", partido no poder, detentores de cargos governamentais, empresários, etc.) tudo farão para continuar a ser detentores de recursos; os "intrusos" esforçar-se-ão por questionar os "direitos adquiridos" e/ou desalojar os primeiros. Atacar os "direitos adquiridos" é considerado pelos primeiros como atacar a ordem estabelecida. Toda a ordem jurídica e judiciária está estruturada para assegurar esses direitos e punir as infracções. Os gestores dessa ordem tudo farão para apresentar os seus interesses como interesses de todos, como interesses universais desde sempre existentes, como interesses naturais.
Enquanto um jornal informou que "a empresa Venessia Petroleum do Qatar foi contratada para construir um oleoduto entre a cidade da Beira, Moçambique, e Nsanje, no Malaui", um outro informou que empresas sul-africanas estão a ser encorajadas a formar uma parceria com congéneres moçambicanas para construção de dois grandes lodges e um campsite no Grande Parque Transfronteiriço do Limpopo." Obrigado ao Ricardo pelo envio da referências.
Nota de imprensa do Centro de Integridade Pública: "Maputo, 30 de Janeiro de 2008) O Estado Moçambicano ratificou em finais de 2006 a Convenção Anti-Corrupção das Nações Unidas (CAC-ONU), mas nem o Governo nem a Assembleia da República (AR) estão a fazer esforços para que a mesma seja implementada. Os países subscritores da CAC estão a participar numa reunião em Bali, na Indonésia, designada Conferência dos Estados-Parte, de 28 de Janeiro a 1 de Fevereiro, tendo como objectivo avaliar o estágio da implementação da convenção pelos países que a ratificaram (...) Moçambique não mandou nenhuma delegação de alto nível para Bali, o que pode ser indicador de um fraco cometimento do Governo para com a implementação da convenção. No actual quadro constitucional moçambicano, a ratificação sugere que a Convenção é parte da legislação doméstica e, nesse sentido, pode informar sobre medidas a tomar em casos criminais específicos ou mesmo inspirar novas leis, ou a melhoria das leis ja existentes, sobretudo porque as convenções internacionais não prevêem molduras penais, ou seja, não dizem as penas para os crimes que estabelecem."

Em primeira mão na blogosfera: um camião com 40 crianças de idades entre os sete e os 11 anos, vindas de Nampula, foi ontem interceptado pela polícia no Inchope. O condutor afirmou que as crianças vinham a coberto de autorização dos pais e que se destinavam a Maputo, onde iriam frequentar cursos de liderança religiosa. A polícia afirmou que isso é falso e que não era a primeira vez que ele carregava crianças. Ouvidas algumas crianças, estas afirmaram que tinham sido enganadas. Neste momento, as crianças estão no Infantário Provincial de Chimoio, a cargo dos serviços de Saúde e da Acção Social - informação telefónica prestava pela jornalista Isaura Afonso, da Rádio Moçambique em Chimoio, a quem agradeço a gentileza. Conto dar mais pormenores amanhã. O meu agradecimento especial ao Miguel César que me alertou, telefonicamente também, para o caso.
O jornalista António Zefanias relata no semanário "Magazine Independente" de hoje uma grave situação: "O Governo de Moçambique decretou a retirada compulsiva das pessoas que vivem nas zonas baixas, como forma de as salvar da morte eminente. É assim que, quando as pessoas são retiradas, desta maneira, a compulsiva, são reassentadas em centros abertos, onde, porém, se vive uma autêntica penúria. Dorme-se ao relento, com crianças e mulheres grávidas sujeitas a todos os riscos. Mas, o mais grave ainda é que, no centro de reassentamento 24 de Julho, em Mopeia, na província central da Zambézia, aberto nas cheias de 2006 e ainda eivado de inúmeros problemas, as autoridades governamentais foram doar farinha de milho misturada com diesel, como se as pessoas fossem automóveis de locomover-te a motor de explosão! Resultado: vómitos..." Fontes ouvidas pelo jornalista disseram que o processo de distribuição de comida anda "conturbado", pois, apesar do alerta do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, a distribuição faz-se sem inspecção prévia dos produtos graças a "certas pessoas" não identificadas.
Correio da Manhã, citando um relatório do Banco Mundial : "Os elevados custos cobrados na tramitação dos processos e a prevalência de gritantes casos de corrupção estão a tornar o sistema formal da Justiça em Moçambique inacessível a pobres, segundo o Banco Mundial (BIRD) na sua avaliação sobre pobreza e vulnerabilidade em Moçambique. (...) O documento revela que cerca de 35% de famílias entrevistadas consideraram que foram obrigadas a pagar suborno para verem resolvidos os seus problemas pelos tribunais, com a Polícia da República de Moçambique (PRM) a aparecer como a quarta instituição mais corrupta do país, depois das Alfândegas, Justiça e Educação."
"(Maputo, 30 de Janeiro de 2008) A posição de Moçambique nos Indicadores de Integridade da organização Global Integrity (GI) não melhorou de 2006 para 2007, tendo até piorado nalgumas áreas, como por exemplo na área da Responsabilidade do Governo. No geral, Moçambique recebeu a classificação de "muito fraca" no que diz respeito à Governação e Integridade. No ano passado, o GI tinha atribuído a mesma nota negativa. Isto significa que, apesar do discurso enérgico anti-corrupção e pró-integridade e apesar da existência de uma Reforma do Sector Público e de uma Estratégia Anti-Corrupção desde Abril de 2006, as reformas ou não estão acontecer ou estão a ser feitas a um ritmo cujo impacto ainda não é perceptível. O mais recente relatório do GI é lançado hoje em Washington. O documento analisa o estado da integridade em vários países, concentrando-se na avaliação da existência e eficiência dos mecanismos de prestação de contas e de transparência" (confira aqui e aqui e aqui; obrigado ao Marcelo Mosse pelo envio da referência; ao Ricardo pelo envio, também, do portal do relatório).
Uma impressionante frente policial constituída pela Força de Intervenção Rápida, pela Polícia de Protecção e por agentes do Serviço de Informação e Segurança do Estado, fortemente armada (incluindo gás lacrimógéno e "potentes viaturas") abortou uma manifestação pacífica e espancou camponeses da Manhiça que exigiam a tomada de "medidas imediatas para travar acções de pessoas e empresas que, tendo como interesse central, o lucro e a riqueza, exploram os associados da Manhiça". Os camponeses, que disseram não terem armas de fogo, queriam entregar aos governos distrital e municipal um manifesto no qual exigiam "o fim da usurpação de terra pelos privados". A União Nacional dos Camponeses afirma não ter perdido a batalha e que a marcha de protesto será reactivada no dia 17 de Abril, dia do camponês - isto vem hoje reportado na edição do "Magazine Independente", em trabalho do jornalista Celso Ricardo, que exibe os testemunhos de dois camponeses agredidos, um dos quais ficou com um braço fracturado (p. 5).
Luanda, 29/01 - O vice-ministro da Saúde, José Van-Dunem, afirmou hoje, terça-feira, que os estudos indicam que a epidemia da Sida se regista de fora para dentro e há uma certa influência dos países vizinhos, pelo que as províncias que fazem fronteira são portas de entrada da doença no país."
Prossigo esta série (há muita coisa por investigar com profundidade e por isso o que aqui tento é apenas um conjunto pequeno de hipóteses). O grupo revolucionário da Frelimo tem um objectivo: o de construir uma sociedade diferente, mais justa, mais solidária. Primeiro Mondlane, Samora depois, disseram e escreveram que não fazia sentido manter intactas as estruturas do sistema capitalista. Construir o homem novo, slogan da época, traduz a busca de um futuro diferente, digamos que milenarista. As frentes da saúde e das escolas, por exemplo, são um testemunho do enorme desejo de aí chegar. Mas a rígida e quase puritana ordem político-militar da guerrilha (decalcada nas cidades e para todo o país rural através de roldanas políticas cerradas), por um lado, o rolo compressor do discurso classista por outro (conjugado com um tecnocratismo intransigente e estrangeiro às possibilidades diferentes de fazer coisas e de tentar mudar a vida das pessoas), encontram vários tipos de resistência. O conjunto dessas resistências (a palavra sabotagem aparece imenso nos escritos jornalísticos da época, muitas vezes associada à candonga e ao cartoon político da época, o do xiconhoca) despoleta o conjunto das duras medidas tomadas pela Frelimo contra o que entende serem múltiplos inimigos, antigos e presentes: afixação pública das biografias daqueles que participaram nas estruturas ideológico-repressivas do aparelho de Estado colonial, chicotadas, fuzilamentos, campos de reeducação, operação produção dos anos 80 e ofensiva político-organizacional (esta ofensiva procurou fazer face como que à inércia do social). A intimidação permanente operada pelos regímens racistas e capitalistas da África do Sul e da Rodésia do Sul, traduzida por múltiplas acções - entre as quais as militares - torna os revolucionários mais agressivos, mais intransigentes. A combinação da intimidação externa com a agressividade revolucionária interna dá origem, entre outros fenómenos, ao surgimento de um movimento de guerrilha que hoje se chama Renamo.
Há dias foi o preço do pão que subiu em Maputo. Agora é o problema dos chapas: na sexta-feira, em Nampula, operadores de chapas amotinaram-se exigindo o aumento da tarifa de cinco para dez meticais, privando a cidade do chamado transpoorte semi-colectivo (edição de ontem, p. 9). Ontem, no Bairro da Matola J, província do Maputo, as pessoas ficaram zangadas quando "um grupo de transportadores semicolectivos de passageiros, da rota Matola “J” Mavoco, decidiu alterar a tarifa de passagem de 5 para 7.50 meticais", perturbando os pequenos agricultores que desse meio de transporte se servem.
O Mussa Raja escreveu no seu blogue um texto com o título "Democracia ou Capitalocracia?" e terminou-o assim: "Não é o povo que decide, mas pura e simplesmente um pequenito grupo de pessoas que aproveitam da inocências de alguns para manipular o sistema."
Espreite este dois blogues aqui, ambos nascidos este mês: o primeiro, moçambicano, creio que de uma estudante de arquitectura; o segundo, brasileiro, de uma mulher que diz ter 19 anos.
A penúria de electricidade na África do Sul paralizou hoje a produção nas minas da primeira potência económica do continente pelo quarto dia consecutivo, enquanto os sindicatos exprimem receio quanto ao impacto da crise energética nos empregos. Para ler em português, use este tradutor aqui.
Naquele dia, no Bairro do Equilíbrio, era uma manhã linda, estavam as pessoas em seus diferentes misteres, quando, na esquinas entre a Rua dos Originários e a Rua dos Que Não Conhecemos, o Sr. Jorreba Aquilave, pacato pequeno empresário da pecuária, em cima de um estrado improvisado, lenço vermelho ao peito, camisete vermelha com os dizeres "Partido da Renovação Originária", começou numa arengação jamais vista no bairro, enquanto o seu pequeno corpo ficava inchado de repente. Foi assim a primeira parte:
O jornalista Jorge Matavel diz que a vila da Manhiça esconde pobreza: "No distrito da Manhiça, província de Maputo, tal como em todo o país, a vila esconde por detrás dela um cenário verdadeiramente crítico de pobreza absoluta. Para quem vai à vila sede do distrito da Manhiça, ou passa apenas por ali e observa algumas infra-estruturas, fica com uma impressão errada do que está realmente a acontecer com a população da Manhiça. Parece uma coisa mas a realidade escondida é outra. O nível de pobreza extrema é dramático."
O Alexandre Chaúque, do "Notícias", escreveu uma bela crónica sobre o Paulito, com o seguinte cabeçalho : "O comportamento de um pobre resume-se nisso mesmo: quando lhe cai dinheiro nas mãos já não sabe o que faz. No lugar de sentar e planear o valor que recebe - ou do seu suor ou de uma dádiva - estica todas as bandeiras que tem e que não tem e sente-se imperador. Alarga os ombros e enfia as mãos nos bolsos assobiando alto músicas que nem sequer conhece. Comprará roupas novas. Irá ao barbeiro fazer o corte de cabelo e todo o bairro saberá que Paulito ganhou lotaria."
Segundo o blogue do bosses, o jornal nortenho Faísca escreveu que, na província de Niassa, "quantidades significativas de rede mosquiteiras foram roubadas do Depósito Provincial da Saúde de forma estranha, atrasando a luta contra a Malária. O roubo segundo a polícia, na pessoa do seu porta-voz, Alfredo Fumo, aconteceu de forma muito estranha porque não houve arrombamento de nenhuma entrada. As redes mosquiteiras roubadas fazem parte do Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM) e eram distribuídas nos distritos para mulheres grávidas e crianças dos zero aos cinco anos."
Neste Moçambique profundo (como diz o nosso anúncio), nesta terra amada como se diz patrioticamente, existe um sítio privado, uma ilha exclusiva vejam só, um belo sítio de veraneio e descanso chamado Quilálea, situado no coração do Parque Nacional das Quirimbas. Lá, você pode até chegar ao céu, basta ter dinheiro e esquecer-se de quem não o tem. Cinco noites em Quilálea e três em Lugenda custam £3,500 por pessoa, incluindo voos internacionais e transferências (obrigado ao Ricardo pelo envio do portal).
Se Barack Obama ganha as eleições americanas, a futura embaixadora americana em Moçambique poderá ser Maria Teresa Thierstein Simões-Ferreira, nascida em Maputo em 1938 e esposa do bilionário senador John Kerry, apoiante de Obama.
A vitória de Barack Obama no Estado de Carolina do Sul mostra que, sejam quais forem as considerações que quisermos fazer sobre a história americana, algo de novo nela acontece: primeiro, temos uma candidata, uma mulher na corrida à Casa Branca, Hilary Clinton; segundo, temos um filho do Quénia e dos Estados Unidos da América, Barack Obama, a fazer o que nunca antes nenhum afro-americano tinha conseguido fazer nos Estados Unidos, vencer primárias. E já lá vão duas. Corrijam-me caso eu esteja enganado.
Reparei que em vários blogues apareceu o poema de Mia Couto do hino Moçambique sai do chão (hino do movimento Amigos da Floresta de Moçambique), como se autónomo, como se exterior ao hino e ao conjunto de músicos a ele ligados (música dos Gorowane, de Xtaca Zero, do GproFam e a participação da cantora Ísis; vídeo é de Pipas Forjaz). Recordo que o hino surgiu primeiro no youtube e depois, a nível de blogues, aqui. Confira aqui.
Todos os anos, chegadas a canícula e as chuvas, vários problemas surgem. A cólera é um desses problemas. E quase todos os anos, também, surge a indignação perante os fecalistas a céu aberto - há uns anos um médico de Maputo chamou-lhe, na Rádio Moçambique, a "doença do cocó" - , aqueles a quem é imputada uma das responsabilidades pela surgimento da cólera em meio urbano e péri-urbano. Foi agora a vez do médico-chefe provincial de Cabo Delgado, ante o surto de cólera que afecta a cidade de Pemba. O médico afirmou que os mais assíduos fecalistas estão localizados junto à orla marítima (na cidade da Beira, toda a zona marítimas limítrofe do antigo Grande Hotel é um sanitário natural). O ano passado, também em Janeiro, o então governador de Nampula, Felismino Tocoli, afirmou: "Já chega de educação, porque o que compreendemos é que as pessoas sabem do perigo que o fecalismo, a céu aberto, constitui para a saúde pública e não só. Pelo esforço feito pelas entidades competentes há vários anos, dá para perceber que só com medidas administrativas é que podemos eliminar este mal.”
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As minhas fontes de informação dizem-me que a vida no Bairro do Equilíbrio mudou rápida e radicamente. A turbulência política sucedeu ao dia-a-dia das pequenas coisas chatamente iguais com os seus pequenos conflitos de algibeira.
Envolvidos no resgaste das pessoas em zonas de risco por causas das cheias estão muito aborrecidos com o facto de os resgastados tenderem a voltar para origem. O director-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Paulo Zucula, afirmou que "pessoas há que foram evacuadas por duas ou três vezes, razão pela qual foram chamados hoje à UNAPROC marinheiros e régulos para reflectirem seriamente sobre a matéria, definindo imediatamente novo plano de trabalho (...) Estamos a constatar que há certa ineficácia por causa da relutância. Inclusivamente, estamos a evacuar pessoas que vão ao mercado vender galinhas e cabritos e que à noite voltam para as zonas de risco (...)."
Suponhamos uma coisa improvável: o da existência no país de um bairro, chamado Bairro do Equilíbrio, onde vivem pessoas de várias etnias e raças. Suponhamos que todas elas vivem sabendo (claro) que são diferentes, que as suas origens étnicas são diferentes, que as suas raças também. Suponhamos que a consciência dessas diferenças não é suficiente para que surjam movimentos proclamando que uma dada etnia é superior às outras etnias e/ou que uma dada raça é superior às outras raças. E suponhamos que a inexistência de movimentos de preeminência imaginada ou substantivada se deve ao facto de as diferenças sociais não serem suficientemente amplas e visíveis para que a diferença seja erigida em demarcador de luta excludente.
Empresas auríferas e a maior empresa mundial produtora de platina suspenderam a sua actividade na África do Sul devido à crise energética do país. Confira aqui.