Já há dias aqui dei conta de uma fotografia sobre o quão idílico pode ser turisticamente o nosso país: "Entre os atractivos referidos estão os 2.400 quilómetros de costa e os arquipélagos no Oceano Índico, as soberbas condições para mergulho, a vibrante capital Maputo, com uma excitante cultura de Afro Jazz, e ainda os parques naturais que estão lentamente a recuperar a vida selvagem para os números anteriores à guerra".
Então, com olhos também atentos às coisas belas da vida, o Washington Post virou-se para Moçambique. Há sítios quentes 2008, paradisíacos, plenos para o turismo, que estejam virgens e não fora de moda como o Egipto? Há, sim senhor: Moçambique e a Tailândia. Pois é, não fique com a ideia de que o calor é simplesmente um fenómeno asiático: Moçambique tem a sua base online de fans, incluindo Concierge.com, que aplaudem a transição de 15 anos de uma guerra civil sangrenta para “uma meca de safari e mergulho” (foi Ricardo quem, de Paris, me mandou esta referência ao Washinton Post).
Meca do turismo é também o Quénia, onde um pedagogo brasileiro viu ao lado de quem vive essa meca de ricos: "A diferença social entre os turistas, maioria europeu, e o povo é gritante. Para conterem a pressão social gerada, fizeram uma espécie de “cidade medieval”. Do lado de dentro da “muralha” estão os safaris, os hotéis cinco estrelas, os melhores restaurantes e as melhores localizações do país. Do lado de fora está o povo miserável sem trabalho e sem comida."
Enquanto isso, o Sr. Djenguenyenye Ndlovu escreveu uma terna e sofrida carta ao "Notícias" na qual deplora que os irmãos (sic) quenianos se matem tão facilmente, porque o que ele tem visto e ouvido "parece tudo menos uma atitude de irmãos que têm diferenças entre si, diferenças que devem ser sanadas de modo a que o povo queniano que todos dizem amar e defender possa continuar a trabalhar, lutando contra a pobreza, construindo o bem-estar para si e para os seus filhos."
E enquanto está o Sr. Ndlovu chorando os irmãos da terra de Jomo Kenyatta, que parecem só irmãos sem diferenças sociais, o jornalista queniano Jerry Okungu é realista e desmonta a história da irmandade. Com efeito, falando em Maputo, afirmou: "A pobreza é o grande problema que o país enfrenta. Temos muitos pobres, de um lado e, por outro, poucos ricos que comandam o país", disse o jornalista. E Jerry explicou que "de um modo geral o vandalismo intensificou nas zonas pobres, o que prova que não se trata de um conflito étnico, mas de uma luta de classes e o exemplo disso é que os manifestantes vandalizaram e roubaram nas lojas, situação que expressa o seu sentimento."
2 comentários:
Pois é, somos todos os irmãos de sempre, mas uns mais e outros, muitos outros menos.
professor! nao sei se o problema de mocambique esta nas suas riquezas. as riquezas naturais que mocambique tem precisa de explora-las, nao ha outro caminho. o processo historico queniano e a natureza da sua elite parece identico, mas mocambique tem particularidades que podem revelar-se vantajosas. olhando para a biografia da elite politica queniana encontramos muitas diferencas em termos de escolas politicas e do contexto geopolitico no mundo em que essas elites se construiram e governaram. seria importante saber em que escolas politicas e de governacao a nossas elites politicas se inspiram. ate agora foi-nos dito que inspiram-se na escola de "interesse nacional" que ninguem ate agora a nao ser o jacinto veloso com o seu recente livro, tentou explicar esse conceito.
voltando a questoes do turismo. mocambique so pode potenciar esta area. imagino que estamos perante um dilema: o turismo ou distrito como polo de desenvolvimento. mas o maior dilema esta em como criar emprego para mocambicanos.
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