14 janeiro 2009

Não queira ser Urbano III, D. Policarpo!

Segundo a RTP, "O Cardeal Patriarca de Lisboa (na imagem, CS) alertou as jovens portuguesas que o casamento com um muçulmano acarreta um “monte de sarilhos” devido ao fosso entre as duas culturas. D. José Policarpo admite que a comunidade cristã é muito ignorante em relação à muçulmana, sendo o conhecimento o primeiro passo para um diálogo, que classifica de “muito difícil”. A comunidade islâmica não comenta, para já, as declarações do cardeal."
Comentário: aqui está muito sobre o que comentar. É lamentável que um cardeal defenda que o seu deus apenas entende uma parte do planeta no que toca a ausência de sarilhos. Mas ainda que haja gente investindo com prejuízos, armas e morticínios no espírito das cruzadas, este não é, necessariamente, o tempo de Urbano II e o representante do Vaticano não pode arrogar-se ser Urbano III. Nenhum legítimo representante de deus deve colocar fronteiras nos territórios de crença e comunicação. E muito menos tentar armar os seus com couraças imunológicas.

33 comentários:

Paula Araujo disse...

Enquanto portuguesa residente em Moçambique, embora ateia, lamento as declarações do bispo. Revelam uma ignorância imperdoável relativamente à comunidade muçulmana.
Paula Araujo

micas disse...

D. José Policarpo admite que a comunidade cristã é muito ignorante em relação à muçulmana, sendo o conhecimento o primeiro passo para um diálogo, que classifica de “muito difícil”.

Sr. Cardeal,

Que espera para ilucidar o seu rebanho? Ou será que é com comentários destes que pensa tornar a comunidade cristâ menos ignorante?

Tenha a Santa paciência!

Anónimo disse...

O Cardeal foi infeliz, sua convivência com o diferente não é pacifica, é triste.

Maxango

Anónimo disse...

Obviamente que o Cardeal foi "politicamente Incorrecto", MAS falou verdade.

Na comunidade muçulmana mais tradicionalista há efectivamente uma profunda descriminação da mulher (aos olhos de um ocidental).

Já é diferente entre a comunidade Ismaelita (do líder espiritual Aga Khan), quer na forma de vestir, quer na integração nas sociedades onde vivem: são estimulados (homens e mulheres) a aumentar níveis de escolaridade e a integrarem-se noutras culturas.

Não precisamos de ir para longe. Aqui, entre nós, as jovens muçulmanas com maiores níveis de escolaridade (universitárias por exemplo), consequente capacidade de autosuficiencia, têm alguma dificuldade em se sujeitar à tradição muçulmana, que vê na mulher uma reprodutora, objecto de prazer, sem direito a herança, etc.

... O cardeal foi politicamente incorrecto, mas falou verdade! A grande maioria da comunidade muçulmana no nosso país é profundamente tradicional/ "fundamentalista", logo, não tenhamos dúvidas: é profundamente complicada a vivência entre um muçulmano CONSERVADOR e uma mulher de outra cultura; a mulher terá de engolir muitos "sapos vivos": não tenhamos dúvida, vai passar mal.

AM

aminhavozz disse...

O cardeal disse uma grande verdade. O casamento entre um muçulmano e uma mulher de qualquer outra religião é um desafio para ambas as partes, principalmente se a mulher nâo estiver disposta a submeter-se à alguns principios muçulmanos. Agora...também é verdade que algumas verdades doem! E o que disse o cardeal vai doer a muita gente...e dependendo da reação dessa gente, pode vir a causar 'alguns probleminhas'...

Paula Araujo disse...

É evidente que há uma enorme diferença cultural entre os muçulmanos e os cristãos. Mas a questão do casamento entre uma mulher cristã e um homem muçulmano não pode ser colocada desta forma.
Porque, aquilo que o Cardeal disse foi que essa relação trará muitos sarilhos. Ora, o casamento entre cristãos também trazem muitos sarilhos pelas diferenças de mentalidades entre homens e mulheres, e no entanto pertencem á mesma matriz cultural. Nomeadamente no que respeita à sexualidade e à paternidade. A maioria das mulheres europeias queixa-se que os homens europeus são infieis e que não partilham tarefas, nomeadamente as da paternidade, deixando às mulheres um pesado fardo na vida conjugal. T
Ora, no caso dos casamentos entre muçulmanos, a relação do homem com a família é muito mais forte e participativo (nomeadamente no que respeita às crianças) do que no caso dos cristãos.
Penso, por isso, que o Cardeal deveria ter tido muito mais cuidado com o que disse. Claro que pode alertar para o risco de as diferenças culturais dificultarem uma relação conjugal mas sem diabolizar uma das partes que, além do mais não o merece.
Paula

Carlos Serra disse...

Obrigado pelos comentários. Creio que entendo as reservas colocadas. Mas o meu problema é este: é desta maneira que um cardeal deve falar? É desta maneira que não importa que líder religioso de não importa que religião, deve falar? E que sabemos nós, efectivamente, sobre os comportamentos conjugais, habitem eles sob que sombrinha religiosa for? Julgo saber um pouco dos fundamentalismos fundamentais fundamentalmente fundamentalizados. Então devemos partir para os fundamentalismos com outros fundamentalismos? A minha resposta é não. Por duas razões: primeiro, porque a ponte deve superar a porta fechada; segundo, porque a variabilidade habita mais os comportamentos do que pensamos.

Paula Araujo disse...

...e já agora gostava de ver a Igreja Católica a condenar firmemente a violência doméstica nos casamentos cristãos.
E que ninguem acredite que a Igreja Católica vê com bons olhos a liberdade e a igualdade das mulheres relativamente aos homens. Hipocrisia!
Paula

Carlos Serra disse...

A Paula coloca um ponto vital: o da violência doméstica nos casamentos cristãos. E poderíamos multiplicar os problemas. A questão central está no prisma adoptado pelo cardeal, completamente viciado pela ideologia do Grande Mal muçulmano. Não tenho qualquer dúvida de que também nos lares com sombrinha religiosa muçulmana há muitos problemas. E graves. Mas isso de forma alguma nos pode autorizar a fazer deles a razão fundamental (e unívoca) a ter em conta no tocante aos "sarilhos".

Lisa disse...

Mesmo não concordando com esse suposto cardeal, não posso adiantar muito o assunto, visto tendo duas irmãs casadas com muçulmanos...Se adiantasse estaria a dar razão ao cardeal e não é essa a minha intenção...

Lisa

Anónimo disse...

"Iegítimo representante de deus"
Professor,confesso que tenho dificuldades em perceber o que isso é!

Seja como for,penso que o problema está na forma como Policarpo disse o que disse,e não no que disse.

Não há dúvidas que existe fundamentalismo religioso tanto do lado dos católicos assim como dos muçulmanos,mas tenho impressão que os media teem preferência nos
ultimos para fazer papel de maus da fita.

V.I

Anónimo disse...

Aqui está um belo exemplo de animação da nossa vida informativa. Como nestes dias não há notícias interessantes, não faliu nenhum banco, a Esmeralda ficou a viver com o pai biológico, a Madie não aparece, a casa Pia desvaneceu-se nos tribunais e os políticos devem estar de férias, havia uma câmara atenta ao que dizia o Bispo…. Os Padres e Bispos fazem umas práticas tão interessantes ao Domingo, falam de pobreza, redistribuição de recursos, do amor ao próximo como a ti mesmo, não há lá jornalistas a ouvi-los? Pena!
Ora vamos lá à contextualização: numa reunião no casino da Figueira da Foz, sim num Casino, num antro de pecado! O Bispo refere que os cristãos desconhecem a religião muçulmana e poucos leram o Corão. Quantos cristãos lêem a Bíblia? E porque a ignorância da cultura alheia nos leva a cometer erros alerta as jovens portuguesas para os eventuais “sarilhos” dum casamento com um muçulmano.
Esta celeuma é por o Bispo designar por “monte de sarilhos” as dificuldades de entendimento que duas pessoas de culturas diferentes (ela cristã, ele muçulmano) vão sentir ao casar-se?

Anónimo disse...

Não concordo com a forma como o cardeal colocou o problema. Mas acho que em grande medida o que diz reflecte a realidade. Todos os casamentos têm problemas... mas acho que há mais entre os interculturais (para não chamar de interreligiosos). Isto não nos deve impedir de aceitar estes desafios. Até porque grandes desafios são para grandes mulheres e grandes homens.
Mas acho que é bom ler todo o texto porque ele vai para além dos casamentos.
A grande vantagem que tem a civilização ocidental, baseada no cristianismo é a forma mais pacifica com que se aceitam as criticas. E até podemos discordar com o Cardeal ou mesmo o Papa.
Já agora permitam-me recomendar.

http://www.elpais.com/articulo/sociedad/gran/mufti/saudi/bendice/bodas/ninas/anos/elpepusoc/20090115elpepisoc_5/Tes

Um abraço

Carlos Serra disse...

VI: sem dúvida que a minha expressão foi infeliz. Ms: é muitas vezes por coisinhas sarilheiras, modestas e comezinhas, que os grandes sarilhos realmente começam. Abraço a todos.

Anónimo disse...

Hipocresia é negar a verdade que os casamentos mistos (sejam eles de natureza religiosa ou outras) são complicados.
Compreendo a sensibilidade do assunto, tendo em conta de quem fez o comentário, mas é a mais pura verdade! Pena ele não ter a mesma frontalidade e sinceridade para apontar os problemas internos da sua igreja.

Anónimo disse...

O Bispo disse a verdade. E temos que a aceitar e reflectirmos em torno da mesma. Até porque esta suposta não abertura da religião muçulmana nos tem causado mesmo "grandes sarilhos" por quase toda a parte (passe o comentário).

Ora vejamos:
Se me lembro, o Bispo não fez mais do que chamar a atençõa das jovens "tugas" para uma questão fundamental, o casamento para a submissão; é um casamento a desencorajar, aceitemos. Ou então a ser feito com a consciência de que a vida da mulher será muito penosa... Será que alguém quer isto para as mulheres? Como homem digo "não". E o Bispo está na mesma linha...

Para mim, não deve haver rodeios no tratamento das questões de fundo (e esta de religião vs relacionamento de qualquer tipo deve ser encarada de frente) para não deixarmos as coisas más somarem-se e estragarem a harmonia social. E fez muito bem o Bispo por ter sido frontal e pragmático nesta questão. Agora, o que deve acontecer, é que não se fique encosttado no "muro das lamentações" a diabolizar o Bispo... mas sim que se procure, por parte daqueles que se acha que não são abertos, partir para o diálogo; ou seja, desafiamos os muçulmanos a provarem que não são nada daquilo que se diz aqui, e que disse o Bispo. Esperamos para ver.

Bem haja um Bispo assim... mesmo que ele venha a pedir desculpas para evitar sarilhos... disse o que disse, no tom que o devia ter dito. Vamos ser abertos para que haja diálogo entre nós em todos os níveis. Gostava eu de me casar com uma "muçulmana" e que as minhas irmas também se o quisessem, mas enquanto souber que se casam para a submissão, vou desencorajar tal desejo...

Nelson disse...

Vejo muita emocao em muitos desses comentarios. Alguns dos comentaristas que bem conheco e admiro pela forma pensada como comentam vieram dessa vez carregados de emocoes que se atrapalharam no que disseram.
Para mim nao existe essse negocio de casamento misto. Se uma Crista se casa com um muculumano quer queira quer nao, ela se torna muculumana full stop, e isso nem se quer se negoceia. Sendo mussulumana esta sujeita e todas essas restricoes(toleraveis em nome da diferenca cultural). Gente nao posso seguir os meu sonhos como ser humano porque passei a pertencer a um homem...
Fica complicado e so defendemos isso por nao estarmos na pele dessas coitadas que sao obrigadas a ver o sol atras dos veus. Queria que por uns instantes nos pusessemos na pele delas. Que as catolicas que casarem com mussulumanos se metem em sarrilhos para mim: verdade pura, purissima. Embora dificil e dolorosa. Quanto a forma como o cardeal disse oque disse vamos la parar de quer temperar a verdade. gsotei a forma como a comunidade portuguesa reagiu.

Anónimo disse...

Uma pergunta…será que os cardeais só devem falar o politicamente correcto?
Pelos vistos, o cardeal está sendo crucificado por ter abordado abertamente um assunto sensível.
Tive a oportunidade de fazer trabalhos relativos a comunidade muçulmana...o primeiro assunto que salta a vista é o forte fechamento social que reina ao nível da comunidade. Acho que é dos meios onde a "mescigenação" cultural é muito difícil. As suas regras são muito rígidas...Mesmos entre muçulmanos a integração é complicada, sempre que implique junção entre pessoas de castas diferentes.
Em Nampula e não só, as mesquitas estão divididas por castas...as datas do ide nunca são pacificas.
Atenção...não condeno a cultura islâmica, no entanto gostaria de chamar atenção para a dificuldade de "mescigenação" com e entre os muçulmanos.
Orgulhosamente Moçambicano,
Nuno Amorim

Anónimo disse...

O Cardeal tem razao!
Falou uma grande verdade.

Tenho expriencia do que ele disse.
Sofri muito e estraguei e attrasei a minha vida.

A religao Muçulmana nao é tolerante (nestes casos) com outras culturas e religioes.

É um desastre.
Porque condenar uma verdade?
Elas tem que ser ditas sem um cumplice.
Porque uma cultura tem que se sobre por a outra cultura?

Este é o grande problema.
Sejamos honestos, evitemos dramas na vidas das pessoas.
Bela

Paula Araujo disse...

A Igreja Católica não é tão diferente da fé muçulmana relativamente ao lugar reservado à mulher no casamento. A prova disso é que, não há muitos anos (nem sei se ainda é assim...) no momento da celebração matrimonial, a noiva tinha que declarar obediência ao futuro marido. Estou a falar de casamentos em Portugal...
O problema da Igreja Católica é que os seus fiéis são pouco "católicos" e, na realidade, não ligam grande coisa às orientações canónicas. Para além de na maioria dos Estados católicos existirem democracias que limitam as recomendações da Igreja. Veja-se o caso da proibição do uso dos preservativos apesar da pandemia do HIV.
Continuo a achar isto tudo uma enorme hipocrisia!
Paula

Bayano Valy disse...

caros,
não tenho tanto tempo assim. mas vejo muitos comentários carregados de "certezas". penso que para chegarmos a uma compreensão (não disse entendimento) temos que estarmos dispostos a aceitar viver com as nossas convicções e sermos transparentes quanto a isso, e depois termos um espírito aberto para apreendermos mais. aqui há gente que argumenta do particular e generaliza (um erro). antes de prosseguir, devo dizer que sou muçulmano mas nem por isso devo deixar de ser crítico quanto às posições tomadas por muçulmanos em várias situações (isto permite-me ser coerente comigo mesmo). agora, acho que se queremos entender as palavras do cardeal, temos que perceber em que contexto as faz; será que há muitas conversões para o islão através de casamentos? qual tem sido a relação entre a igreja e a mesquita em portugal? existe uma relação de competição antagónica ou solidária? o problema é mesmo das católicas casarem muçulmanos? é verdade que os muçulmanos em portugal são tão tradicionalistas como alguns os pintam aqui? qual é a composição dos muçulmanos? árabes, africanos, asiáticos e portugueses? desses, quais são os mais tradiconalistas? será mesmo que as muçulmanas que usam o hijab fazem-no por obrigação ou questão de fé? será verdade que no islão o lugar da mulher é em casa? enfim, acho que temos que ultrapassar os simplismos enformados pelos argumentos normativos.
um abração

Carlos Serra disse...

Obrigado pelos comentários. Bayano: o problema não é assim complicado quanto supomos. O problema é o mirante no qual o cardeal se situa. Esse mirante nada tem de complicado: diz respeito àquilo que o cardeal entende ser uma cultura diferente e propícia a sarilhos. Por outras palavras: um prejuízo, uma generalização abusiva. Quantos aos argumentos normativos: jamais vc, eu ou quem quer que seja deixará de os ter. Falar de ser humanos é ser inexoravelmente normativo. Não há ciência social assexuada, por mais que alguns tentem criá-la ou fazê-la passar por criada. Abraço.

Carlos Serra disse...

Acréscimo, Bayano. As perguntas são sempre pertinentes. Mas imagine este exemplo extremo: um barco está a afundar-se. E nós a observar e a perguntar coisas assim: Será que está mesmo a afundar-se? O que é afundar? Qual a temperatura da água? Há coletes de salvação a bordo? E por aí fora. A páginas tantas, o barco afunda-se, o problema sumiu, a epistemologia salvou-se a nado de golpes de rins anestésicos. Peguemos no cardeal: eles diz que é um problema casar com gente muçulmana. Logo: O que é casar? O que é ser muçulmano? O que é ser cardeal? O que sabe ele? O que é ser cristão? O que é dizer coisas na televisão? E por aí fora. A páginas tantas temos uma quantidade de crentes a odiar ou a recusar muçulmanos e lá temos uma vez mais a nossa querida epistemologia assexuada a salvar-se a golpes de rins anti-normativos. Para que servem as igrejas senão para dar um sentido de vida possível? Senão para criar pontes, empatias? Senão para ligar os seres humanos?

Anónimo disse...

Uhm...comentarios interessantes. Penso seria tambem bom distinguirmos Igreja Catolica (instituicao), os cristaos (pessoas), Cristianismo (Religiao). Desse ponto tentarmos comparar talvez as praticas daquela instituicao assente nos valores do Cristianismo com as praticas dos Muculmanos (pessoas) influenciadas pelos valores do Islamismo (Islao).

Cara Paula sobre a submissao da mulher ao marido no casamento tem a ver com a teologia machista do Apostolo Paulo. Essa e uma das criticas mais fortes que esse amado Apostolo dos nao Judeus sofre quando as pessoas lem os escritos deste sobre o casamento. Todavia, seus escritos sao considerados pelos exegetas como os mais progressistas na altura.

Quanto as limitacoes das democracias as recomendacoes da Igreja Catolica, acho que precisa considerar a laicidade dos Estados, embora a maioria dos juristas dessas tais democracias pretendem nao aceitar as influencias do Direito Canonico nos seus postulados sobre a legislacao do instituto de familia. Na Faculdade de Direito da UEM nao se ensina Direito Canonico, como um corpo de saber juridico a ter em conta porque toda nossa legislacao tem influencias portugues e a legislacao portuguesa nao foge do quadro normativo e legislativo romano ou germanico onde a tradicao Crista e forte.Aqui esta um desafio aos nossos juristas que as vezes deixam-se embalar em positivismos descontextualizados. Por exemplo, o que e que motiva o legislador mocambicano a estatuir monogamia e nao poligamia na Lei? O Islao aceita a poligamia e o contexto cultural mocambicano sugere que tambem aceita. Temos cidadaos mocambicanos que professam o Islao e o Cristianismo. Limito-me a estas duas para ilustrar o ponto. Por detras dos fundamentos juridicos ha valores sejam eles culturais, religiosos ou outros. Que influencias religiosas ou culturais a nossa Lei da Familia tem? Portanto, o indesejavel e o inaceitavel discurso do Cardeal nao seja confundido com praticas individuas ou institucionais.

Quanto a questao de nao autorizacao pela Igreja Catolica de uso do preservativo para prevenir sobre o HIV-SIDA, sua preocupacao e legitima, mas deixa fazer-te uma pergunta de reflexao: se a Igreja Catolica deliberar o uso do preservativo os indices de infeccao vao manter-se estaveis a partir de hoje em Mocambique? Uma coisa e discurso oficial institucional mas outra coisa e pratica dos representantes dessas instituicoes. Publiquei um artigo ano passado com o titulo: Liderancas Politicas e Religiosas: Infaliveis ou Inflamaveis. Analiso um pouco da hipocrisia institucional. Poderei enviar o texto ao Prof. Serra.

Certamente que o Cardeal, ou um bispo, padres aconselhariam seus familiares, irmas/os a se protegerem do HIV-SIDA e nao precisamos de exigir que nos expliquem sobre os detalhes fisicos da natureza da tal proteccao.

Carlos Serra disse...

Obrigado. Envie o artigo sff.

Anónimo disse...

Prof.,
Acabo de enviar-lhe o artigo

Carlos Serra disse...

Obrigado, vou abrir a cx de correio e,depois, saber quando e como divulgá-lo

Bayano Valy disse...

caro professor,
obrigado pelos comentários. mas como bem diz o exemplo que dá é extremo; não tão diferente daquele em que nero falava com os botões enquanto a roma ardia. sendo um dos que usa como referência o seu decálogo não posso deixar de duvidar aquilo que me parece fácil á partida. por acaso ouvi a notícia ontém à noite na bbc e pûs-me a pensar sobre o que o cardeal pretendia. está claro que para ele os casamentos entre as católicas e muçulmanas trarão sarilhos, mas penso que a sua premissa encerra muito mais do que aparenta. que mais é esse? não sei dizer, só sei que me parece que temos aqui uma oportunidade ímpar de obrigarmos a própria igreja e reflictir sobre o seu lugar na sociedade. questiona se não servem as igrejas senão para criar pontes. sim e muito mais. mas é possível criar pontes sem conhecermos o outro? como é que regulamos os “seus semáforos”? que motivações tem o cardeal.ao meu ver, só dizer que é uma atitude condenável não ajuda-nos em nada. é condenável porquê? existe alguma lei que proíba declarações discriminatórias de outras religiões em portugal? seria até interessante saber porquê os muçulmanos em portugal ainda não reagiram.
um abraço

ps: interessa-me também saber o que diz o raúl chambote. é possível ter acesso ao documento? bayanovaly@yahoo.com

Carlos Serra disse...

Bayano: o que o cardeal fez foi sugerir que as portas fechadas têm bem mais interesse que as pontes. As suas precauções têem apenas portas fechadas. Do lado contrário, do alvo de Urbano II, não há menos portas fechadas. Todavia, insisto: uma das funções das igrejas é a de dar pontes aos seres humanos. Sim, terá acesso ao texto do Raul. Abraco.

Anónimo disse...

Professor, o que o cardeal fez foi alertar as jovens católicas para que PENSASSEM, REFLECTISSEM BEM, antes de dar o passo de se unirem matrimonialmente com um muçulmano, pois as diferenças culturais podiam trazer-lhes dificuldades, sarilhos no futuro. ALERTOU, para o que é uma realidade.

Onde está o mal dum qualquer Pastor alertar os crentes de determinada religião para as diferenças CULTURAIS/ costumes/comportamentos inerentes a outras religiões.

Realço a questão CULTURAL.

Em regra, um muçulmano (com nacionalidade moçambicana ou não)MAS originário /descendente de cidadãos de republicas islâmicas (Paquistão, Afeganistão, etc.) é conservador/ fundamentalista;

Um Moçambicano com o animismo, ou outra religião de origem que se CONVERTEU ao Islamismo (MANTENDO A RAÍZ CULTURAL AFRICANA)é, em regra, muito mais receptivo à aceitação da diferença.

Professor, parece haver em si um certo "fundamentalismo" anti-Cardeal.

Abraço

AM

Carlos Serra disse...

Rigorosamente o que eu critico é a porta fechada pelo cardeal. E sobre o fundamentalismo, analise as suas frases, antes de me fundamentalizar. Tem a certeza de que "em regra" um muçulmano com as características que indica é "conservador/fudnamentalista"? Já agora: qual a razão por que tão fundamentalmente esconde a sua identidade?

Anónimo disse...

Caro Professor,

Ouviu o que o Cardeal disse e as circunstâncias em que o disse?

Não fechou porta nenhuma! ALERTOU as jovens cristãs para antes de darem o passo de se unirem a um muçulmano SE INFORMAREM sobre as diferenças culturais que vão encontrar e os sarilhos que daí podem resultar.

Qualquer residente neste país - intelectualmente honesto - em particular quem se interessa pelo social, sabe que assim é: o Senhor sabe!

Oh, professor, por não ter certezas é que disse EM REGRA, o que, como sabe, implica aceitar que existam excepções ... poucas, acredite. O senhor sabe bem que é assim!

Desde quando é que pelo facto de falar em fundamentalismo, alguém vira fundamentalisma, como insinua ?

Finalmente, desde quando é que a troca de ideias - séria - tem que se identificada?

Professor, talvez não se tenha ainda apercebido, mas,o Senhor aceita mal ser contrariado e, não raras vezes, responde com soberba; camuflado numa falsa modéstia.

AM

Carlos Serra disse...

"Falando na tertúlia “125 minutos com Fátima Campos Ferreira” (jornalista da RTP), que decorreu na noite de terça-feira no Casino da Figueira da Foz, José Policarpo aconselhou às portuguesas quanto a eventuais relações amorosas com muçulmanos. “Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam”. - "Notícias" de hoje, internacional, online.