O jornalista Salomão Moyana do semanário "Magazine Independente" volta esta semana à presidência aberta de Guebuza num editorial com o título em epígrafe. Eis o resumo:
Vários administradores distritais têm sido acusados de uso irregular dos sete milhões, são administradores "queimados". Mas, então, foi preciso o presidente da República ir lá, aos distritos, para se saber o que agora se sabe? O que têm feito governadores provinciais e administradores distritais? O governador de Nampula, por exemplo, tinha estado em Angoche. Nada soube de como lá andavam os sete milhões? O governador da Zambézia também esteve no Ile antes da chegada do presidente. Não se apercebeu lá de que o povo detestava o administrador local? E Moyana de perguntar: "Que será daqueles distritos que não forem bafejados pela sorte da visita presidencial? Afinal, qual o papel dos governadores provinciais? Será só o de andar four by four pelos distritos, a acumular ajudas de custo e, entretanto, não dialogar com o povo, para se inteirar das preocupações locais?" Estamos assim confrontados com presidências pelas quais o povo fala, mas que são muito dispendiosas, lá onde tudo pára para assistir aos comícios. Até porque quando acaba a presidência do presidente acaba, vem a presidência aberta da primeira-dama, que também faz paralizar as províncias. E várias vezes aconteceu que quando a primeira-dama se vai, chega a brigada central do partido Frelimo "que vem preparar ou divulgar isto ou aquilo". Temos, assim, um "autêntico festival de despesismo descontrolado e irracional, para um Estado que vive da ajuda externa, é uma fraude governativa, pois habitua as pessoas a pensarem que fazer reuniões constantes, empatando pessoas que deveriam estar a produzir, é combater a pobreza". E Salomão Moyana termina assim: "Por amor de Deus, paremos, nem que seja por um minuto, para reflectirem sobre o que estamos a fazer com este povo e com este País" (p. 7).
Pedido: aos que lerem o editorial de Moyana peço o favor de me dizerem se sintetizei bem o seu argumento. Obrigado desde já.
7 comentários:
Salomao Moyana continua a "bater na rocha".
ele pede para refletirmos, quando todo o sistema de educacao esta "montado" para formarmos em massa a "nao reflexao".
paradoxo?
nao.
terra da marrabenta.
Ao Salomão Moyana Muita força é de facto um jornalista não comprometido com o sistema, não é um jornalista que escreve o que convêm mas sim o que devia ser escrito pelos restantes orgãos de informação.
Parabens Moyana.
Moyana é mais um dentre muitos que tocam a trombeta para fazer valer a sua voz. Pode ser que ele consiga furar a argamassa de aço daqueles que aconselham o presidente Guebuza a continuar com a sua forma de governar, mesmo quando o perigo das consequências estão a vista. Esta devia ser a coragem que muitos não têm, ainda que falassem a verdade de noite já era uma forma de reivindicar a favor do povo e pelo amor ao país. Quando o custo é maior que o resultado é bom que se desista da ideia de vender “peixes”, porque pode sair-nos demasiadamente caro. Outra coisa que não compreendo patavina, juro que não compreendo mesmo nada, é o facto da comunidade internacional nada dizer a este assunto, sabendo que é com o imposto dos seus povos que o nosso aparelho administrativo funciona em pleno. Estas acrobacias de gastos deve parar realmente, e já aqui disseram académicos, jornalistas, etc. Que haja presidência aberta mas de forma aberta e racionalizada.
Um abraço
Em períodos de pré-campanha eleitoral é utópico pedir aos políticos que actuem segundo as regras de Racionalide Económica.
Há sempre quem defenda que "os ganhos superam os custos da realização das presidências abertas" (Gustavo Mavie, AIM, Notícias, pág.4 de 02JUN09).
Vale a pena lembrar o 1º parágrafo deste artigo:
" TODAS as vezes que ouço certas pessoas pronunciarem-se contra as presidências abertas que têm sido feitas pelo Presidente da Republica Armando Guebuza, fico com a sensação de que os seus autores desconhecem o alcance político-económico desta forma peculiar de governação preconizada há 60 anos por Mao Tsé Tung, quando instava sempre os seus colaboradores a sairem dos seus palácios e aposentos, para irem até onde o povo vive, para com eles viver e ajudá-los a resolver os seus problemas."
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Será que o Mavie (excelente jornalista) acredita mesmo que estas visitas relâmpago, antecipadamente peparadas, são uma forma de viver os problemas do povo??
> Adoptando a sábia orientação de Mao Tsé Tung, a 1ª DAMA passou a visitar os distritos e alguns regulados, onde pernoita em tendas de campanha (apetrechadas com geradores e demais equipamentos, de modo a nada ficar aquém das tendas Kadafi)para conversas à volta da fogueira. Neste momento, lá anda pela Zambézia.
Bem, mas de uma coisa é certa:
> O povo fala, coloca problemas.
> Guebuza conclui: Burocratismo e corrupção emperram desenvolvimento (Notícias, 02JUN09, pág.3)
Citação: " Os problemas têm a ver com o burocratismo e corrupção. Mas não nos podemos julgar agora, antes de investigarmos melhor, mas há cidadãos que falaram e o seu discurso indica que temos problemas nessas áreas".
> Aqui para nós, que ninguém nou ouve:
1. Parece, de facto, um gasto desmedido para tão evidente conclusão.
2. Será necessário percorrer 118 distritos para, ouvindo SEMPRE as mesmas lamentações,
Guebuza se convencer que tem que responsabilizar os seus subordinados: Governadores, Administradores, Ministros, etc., pela situação.
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Para mim as "presidências abertas":
1.marcam um regresso aos métodos populares da luta armada de intervenção,auscultação e mobilização e que foram uma caracteristica do "samorismo" pós-independência.O PR foi e continua a agir como "comissário politico";
2.e são uma operação programada de mobilização do voto rural como forma de evitar a repetição do score mediocre obtido nas últimas presidenciais e que consiste em : distribuir recursos de forma populista; realizar/inaugurar grandes projectos que na maioria não têm impacto real para o camponês mas dão uma ilusão de que é por aí que a pobreza será combatida;e consolidar o papel de "chefe",acima de tudo e de todos,motor da máquina do Estado,simultâneamente presidente-chefe do governo-inspector.Gustavo Mavie faz uma comparação elucidativa com as práticas de Mao...É que as eleições no nosso país são decididas lá no campo e não nas cidades...
É preciso ver de que árvore cai o fruto esse jornalista. Excelente jornalista realmente (só não coloco o nome porque não tenho nenhuma credibilidade à fonte), mas nunca me pareceu ter uma independência mental em suas analises. Nunca o ouvi fazer um comentário contrário às ideologias da Frelimo. Para ele tudo vai bem. Há árvores cujos frutos não são necessários um abanão para que as mesmas caiam, não de amadurecimento, mas sim por estarem podres. Nunca coloquei em dúvidas os ganhos que a presidência aberta trás ao país, acontece que os mesmos são exíguos comparativamente aos gastos que ela acarreta. O país vive ou sobrevive de doações para manter a sua máquina administrativa a andar, mesmo depois das propaladas visitas não são tomadas nenhumas medidas para mudar o cenário, porque ao fim e ao cabo são camaradas de uma velha trincheira. Já agora um ditado macua diz: "medem-se as pernas em função do tamanho da esteira". Não podemos contrariar este adágio.
Um abraço
Bom, isso aí de escritas de Gustavo Mavie é apenas uma história. Muitos de nós sabemos como ele escreve e por vezes ele faz-me rir. Lembro daquela história de Mugabe para Portugal. Porque ele nao nos diz mais ou menos quanto é que cada Presidencia aberta custa?
Sabemos que para além dos custos da sua viagem, são tantos trabalhadores que não produzem nada nos dias que ele está. Será que nos dias seguintes produzem o dobro.
Quem são os subordinados directos do PR? A quem ele pede contas em primeira instância? Ao governador e ministro ou ao administrador do distrito? Será que Guebuza não sabe quando os governadores e ministros estao nos distritos? Ou será que ele não sabe quando os governadores e ministros nunca saim aos distritos?
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