05 junho 2009

Triste destino (2)


Prossigo a série, com o testemunho da Senhora ACM:
“Sou natural de (...) e tenho nove irmãos. Casei-me em (...) e tive quatro filhos. Sei que tenho nove netos, mas nunca os vi. O meu marido morreu aqui em (...), onde os meus filhos preferiram que eu ficasse mesmo depois da morte do pai. Gente da zona onde vivíamos acusou-me de ter morto o meu marido e de ser feiticeira. Ameaçaram-me de morte caso eu não saísse da zona.
Estas acusações começaram porque no ano em que o meu marido morreu a minha machamba produziu muito. Diziam eles que matei o meu marido para poder ter uma boa colheita. Levei o caso à polícia que prometeu notificar os promotores destas acusações mas isso nunca aconteceu, tanto que hoje me encontro aqui no centro para proteger a minha integridade física que estava a ser ameaçada.
Acho que as mulheres apanham a feitiçaria através dos seus maridos, tias e/ou avós e que, quando nova, uma mulher não é capaz de ser feiticeira mesmo que tenha sido dada este poder. Só pode quando idosa, porque tem mais tempo para se dedicar a estas práticas.
Depois de me acusarem de feiticeira queimaram a minha casa e levaram os meus bens, ameaçaram os meus filhos e eles não puderam fazer nada, trouxeram-me para o centro para que eu ficasse protegida e segura.”
(continua)

1 comentário:

Lisa Carvalho-Brasil-MinasGerais disse...

Tamanha a crueldade!!!Nao consigo imaginar essa situação.