Ouvi por longos minutos o programa da Rádio Moçambique, primeiro fascinado com o tom calmo do governante que falava sem parar e sem fissuras como se fosse um relógio mecânico, depois estupefacto pelo incessante uso do pronome pessoal nós e de mágicas e inúmeras criações nóssemfim. "Este ano obtivemos o rendimento X toneladas de....Este ano conseguimos produzir X toneladas de feijão...Construímos X salas de aula...Conseguimos aumentar os efectivos de gado de bovino em 50%....O regadio foi ampliado em X quilómetros...Conseguimos que fossem construídos X quilómetros de estradas...Conseguimos que avançassem as obras do...Etc., etc.
Por outras palavras: nada se fez em determinada província senão graças ao dedo divino do governante X. Não foi o mágico Jean Eugène Robert-Houdin quem inventou no século o nosso actual contador de quilómetros, foi ele, o governante X. Fiquei com a firme convicção de que até Deus ele deve ter criado.
Por outras palavras: nada se fez em determinada província senão graças ao dedo divino do governante X. Não foi o mágico Jean Eugène Robert-Houdin quem inventou no século o nosso actual contador de quilómetros, foi ele, o governante X. Fiquei com a firme convicção de que até Deus ele deve ter criado.
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