27 novembro 2007

A guerra das turmalinas em Báruè

De acordo com a "Tribunafax" de hoje, reinam a confusão e a tensão em dois postos administrativos do distrito de Báruè, província de Manica, devido ao garimpo ilegal de turmalinas. Autoridades distritais são acusadas de estarem envolvidas no negócio. Os garimpeiros ameaçam mesmo mobilizar os habitantes para não votarem nas próximas eleições caso os impeçam de exercer a sua actividade. O governador de Manica mandou instaurar um inquérito.

10 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Boa Tarde
Tinha muitas pedras dessas: apanhavam-se.
Não o tenho "visto" há muito tempo, embora leia os seus posts.
Também tenho andado ocupado em diversas polémicas e compromissos políticos, científicos, filosóficos e profissionais. Um abraço atlântico

Anónimo disse...

Professor Carlos Serra, se me permite gostaria, no âmbito da sugestão de Agry, de lhe sugerir alguns temas para debate:

(1) O que é que o país pode fazer para impedir que o processo de investimento privado em curso (nacional e estrangeiro) leve à perda das terras por parte dos camponeses?

(2) Existe alguma maneira de que os recursos minerais (e eventualmente os petrolíferos) se constituam em factores de surgimento e consolidação de uma classe de proprietários (e trabalhadores) moçambicanos? Como impedir que só estrangeiros tirem proveito das nossas riquezas do subsolo?

Claro que o Professor pode reformular as perguntas. Tanto pode coloca-las para debate em conjunto, como pode coloca-las separadamente.

Estes pontos me surgem porque nós, neste blog e em outros foruns, nossas discussões concentram-se no acessório. Estamos mais preocupados com as instituições, as leis, as mudanças de governo, do que com as relações de propriedade, por exemplo.

A posse da terra, o controle dos recursos minerais e petrolíferos vai determinar como o que hoje primordialmente nos ocupa, há-de funcionar no futuro.

Corremos o risco de que as nossas leis, as nossas instituições, os nossos governos venham, cada vez mais, a ser condicionados por poderes estrangeiros.

Este espaço demonstrou que o país já possui uma massa crítica de sociólogos, juristas, economistas, demógrafos, geólogos... que permitiriam esmiuçar de uma maneira multidisciplinar estes assuntos. Por exemplo, poderíamos pegar a lei mineira (existe?) ou a lei dos petróleos (existe?) e tentar ver se está desenhada de moldes a defender os interesses da nossa terra e das suas gentes.

Obed L. Khan

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O seu discurso está desde logo minado: repare nos suas últimas frases! Reclama um poder que não salvaguarda os interesses dos menos favorecidos. Burocracia, mais burocracia... e nacionalismo barato!!! Se reparar, eu estou muito atento ao poder cleptocrático (ladrões). Além disso, não questiona a sustentabilidade dos ritmos actuais e o tipo de sociedade que desejamos para o futuro. A Terra não é inesgotável... Aliás, dá sinais fortes de esgotamento.
Cumprimentos

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A verdade é que critica o Ocidente mas pretende ser como o Ocidente actual. Marx dizia que o capitalismo não tem nacionalidade e tinha muita razão: a questão dos proprietários é irrelevante. O inimigo está nas suas propostas. Pense mais sobre o assunto.

Anónimo disse...

Lá está! Quando se pensa numa discussão que leve a uma melhor gestão dos nossos recursos lá vem a acusação de que queremos ser como o ocidente.

Sr. Saraiva, qual é o problema de sermos como os ocidentais? Qual é o problema de haver entre os africanos proprietários, trabalhadores, ricos e pobres como acontece no ocidente?

Ou o sr. Saraiva sugere que aqui, para sermos diferentes do ocidente, apenas deveríamos ser empregados? Porque só fala de Marx quando começamos a falar em sermos proprietários? E não fala quando vivemos na marginalidade, com os nossos recursos a serem sistematicamente monopolizados por estrangeiros?

Gabriel Matsinhe

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sejam Ocidentais, mas nesse caso os proprietários não interessam: o capital é capital. Os gestores, esses é que devem ser vigiados...

Carlos Serra disse...

Sobre as propostas feitas e que agradeço: pensarei nelas e em outras à medida que for, nos próximos 12 meses, afinando o modelo que aqui uso.

Anónimo disse...

Há coisas que me deixam desmoralizado. Uma delas é falta de resposta à importantes perguntas. Somos muitos que seguimos as discussões e a julgar uma pequenina parte é comenta.

Ora, sobre a questão de capital, Marx, Ocidente agora em discussão, há duas perguntas atrás não respondidas:

A primeira é ao Martin de Sousa que gentilmente postou a Letra de Velete. Em que contexto a Frelimo, sobretudo a actual, cabia naquela letra?

A segunda, foi o Celso Matsinhe que perguntou se Gabriel Matsinhe era sócio do Leonardo Simão.

Saudacões.

Anónimo disse...

Obrigado pela atenção Professor. Obed L. Khan

Anónimo disse...

Os europeus ficam muito nervosos quando os africanos se preocupam com os seus próprios interesses. Ficam ainda mais preocupados quando começam a dizer que os seus recursos deveriam beneficiar, em primeiro lugar aos próprios africanos. Chamam a isso nacionalismo barato.

Que tipo de nacionalismo é aquele que a Europa pratica, destinado a impedir a entrada dos africanos na Europa, não para aerem proprietários, mas para se empregarem? Até inventaram um outro nome para a tendência milenar do homem para a migração. Já não é migração mas sim TRÁFICO HUMANO!

O pior é que nós os africanos nunca paramos para pensar: PORQUÊ DE REPENTE JÁ NÃO SE FALA EM MIGRAÇÃO MAS EM TRAFICO HUMANO? É evidente que o objectivo é estigmatizar essa tendência universal e desencorajar os africanos de irem lutar pela vida no ocidente.

No entanto os aviões do ocidente para África estão sempre cheios! No mínimo deveria haver igualdade de circunstâncias.

Para o anónimo: Sim, sou sócio de Leonardo Simão. Há algum problema nisso?

Gabriel Matsinhe