19 abril 2006

Os juízos

Há uma regra fundamental a ser observada pelos sociólogos: não confundir juízos de facto com juízos de valor[1].
Mas será sempre difícil ao sociólogo ter a frieza do astrónomo que tenta retestar digamos que a lei dos raios de Kepler[2]. Porque se é verdade que se consegue nas ciências naturais aquela distanciação emocional de que falou Norbert Elias, já o mesmo não acontece nas ciências sociais, onde o “objecto” do cientista é, exactamente, outro homem. É pouco provável que nos emocionemos com átomos, mas é improvável que o ser humano nos deixe indiferentes. Por outras palavras, há e haverá sempre em nós, intimamente colado ao “é”, um “deve ser”.

[1]Na realidade, uma parte significativa do que em ciências sociais passa por ciência é, frequentemente, um exercício normativo constante. Por outras palavras, tomamos o que é pelo que deve ser.
[2]A velocidade de um planeta é inversamente proporcional à sua distância do Sol.

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