Quero defender que os sociólogos têm a seu cargo lutar contra os seguintes quatro tipos de sedimentações acriticamente aceites por muitos:
· Sedimentações do senso comum
· Sedimentações mágico-mitológicas
· Sedimentações oficiais e partidárias
· Sedimentações axiológicas.
Famílias perceptivas e cognitivas do género «foi sempre assim», «não há fumo sem fogo», «os funcionários são mal-educados porque a sua formação escolar é baixa», «as populações de Moçambique são manifestamente tradicionais», etc., pertencem ao primeiro tipo.
Famílias do género «o chefe disse e portanto é verdade», «os Africanos são tribalistas», «as populações acima do Zambeze são matriarcais» pertencem ao segundo tipo de sedimentações.
Famílias do género «nós é que sabemos como foi a história», «de acordo com o Partido...», «se ele diz que é assim é porque sabe», «se está escrito é porque é verdade», pertencem ao terceiro tipo.
Finalmente, famílias do género «governar com os chefes tradicionais é governar com a tradição», «devemos fazer assim porque é bom», etc., pertencem ao último tipo de sedimentações.
N.B. Talvez volte a este tema.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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