Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
24 abril 2006
Os rurais
É muito difícil ir a uma comunidade rural sem levarmos na nossa caixa de ferramentas um ficheiro étnico, um rótulo de atraso e uma mão de pai providencial: com o primeiro orientamo-nos nas picadas das chamadas especificidades, com o segundo distribuímos a modernidade e com a terceira fornecemos receitas de primeiros socorros. Se nos acontece escrevermos, muitas vezes limitamo-nos a escrever sobre o que, afinal, já sabíamos. É assim que muitos projectos se limitam a ser confirmados.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Parece-me que actualmente, nos meios dos intelectuais e das organizaçoes de solidariedade internacional, ha uma tendencia a impor-se, o que nos chamamos de “novos dogmas” em relaçao ao papel dos camponeses ou produtores agricolas no desenvolvimento agricola em particular e no progresso economico e social de uma maneira geral. Assim, o campones é aquele impregnado de valores tradicionais e condenado irremedeavelmente à ineficacia.
Entretanto é constrangedor ver o esforço que o campones faz para tentar adaptar-se à modernizaçao da sociedade e da economia envolventes. Desta feita, deparamo-nos, por vezes, no meio rural, com camponeses dinamicos com vontade de explorar da melhor maneira suas terras, desenvolvendo estratégias peculiares.
Estratégias essas que tomam un cariz “exotico” para os observadores munidos de ferramentas étnicas, mao providencial e o olhar nublado pelo esforço feito ao tentarem orientar –se nas picadas à “descoberta” das comunidades rurais.
Ora, se se tentar compreender por um lado, as estratégias desenvolvidas por esses camponeses e por outro lado, se lhes dermos o apoio tecnico necessario (sublhinho, repeitando as estratégias e praticas locais), talvez seja esta uma estratégia de desenvolvimento mais adquada, ao invés de “munidos uma mão de pai providencial” impormo-lhes a “bem ou a mal” aquilo que entendemos por progresso.
Nao sera esta uma maneira mais simples de evitar as migraçoes rurais e o crescimento dos suburbios, com todas as consequencia que daí advêm? Nao sera, igualmente, uma manira mais coerente de contribuir para o desenvolvimento agricola em particular e do progresso economico e social de uma maneira geral?
Iolanda Aguiar
Enviar um comentário