Como tantos outros slogans que preenchem agora o imaginário político da elite política dominante, o Made in Mozambique ganha cada vez mais ressonância a par da luta contra a chamada pobreza absoluta (como se a pobreza, absoluta, relativa ou o que quer que seja, pudesse ser eliminada com o capitalismo de dumba-nengue, especulativo, que é o nosso).
Eu ouvi há dias um ministro dizer que era preciso termos orgulho naquilo que produzimos, por exemplo no açúcar, no tomate, na cerveja e coisas assim.
Mas, realmente, o que é que nós, Moçambicanos, produzimos sem ser matéria-prima? Existe uma indústria genuinamente moçambicana? Claro que não. Ter orgulho em produzir tomate e açúcar? Que imodéstia! E de quem é o capital das indústrias transformadoras de açúcar no país? Nosso não é. Cerveja? A cerveja pertence aos sul-africanos. Cigarros? Tudo sul-africano. E mesmo que as indústrias de cigarros e de cerveja fossem nossas, que pobreza absoluta a nossa com semelhante tipo de indústria!!
O que mais resta? Tomate, arroz, milho, etc.
Puseram um dístico nos aviões da LAM com o glorioso Made in Mozambique. Desde quando os Boeings são feitos em Moçambique? E faz algum sentido usar semelhante sinete de fábrica para dizer que a companhia é nossa?
E assim vamos caminhando, neste país onde chamamos parceiros a quem nos empresta o dinheiro.
O que somos nós? Mozal, dumba-nengues e chapas, isto num país onde os antigos e musculados arautos do socialismo são hoje accionistas nas empresas dos parceiros.
P.S. Talvez volte a este tema.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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