Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
24 abril 2006
O tempo antropológico das nossas cidades
A fugacidade que escorre da agitação do mundo febril dos chapas, dos dumbas, das barracas, etc., das nossas cidades, é constantemente violada e compensada pela produção do tempo antropológico. Na verdade, milhares de pessoas investem diariamente no diálogo, nas horas que perderam o perímetro, no tempo que rompe os relógios, nos espaços a um tempo afectivos e belicosos, rudes e doces, confiantes e trágicos. Cerimónias fúnebres, repastos, bula-bula de esquina, inter-ajuda de bairro, solidariedades religiosas, festas populares: tudo isso passa e pára, avança e recua, encurta e alonga, perpassa e sustém. No tempo que pressiona enxerta-se o tempo grávido do cosmos. Ao relógio da física clássica sucede a nuvem popperiana, complexa, aleatória, sempre mutante; a porta da vida cede lugar à ponte simmeliana: aquela pode fechar-se, esta dá sempre passagem.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário