Se queres ser sociólogo, se queres molhar-te por completo na empiria, se não te importas de ser incomodado por quem não gosta do que estudas, do que pensas e do que fazes, ensaia o seguinte:
1) Tira a casca do teu senso comum, retira a crosta dos teus prejuízos, despe com solidez progressiva os teus mitos e o teu conforto;
2) Interroga cada gaveta dos teus pressupostos e com a lupa que é o teu esforço, decompõe-nos, uma a um, devagar, sem pressa.
3) Depois de estares desnudo, pergunta-te assim: É possível eu afastar-me de quem sou? A resposta que te darás é a seguinte: Não!
4) Abraça o teu não, com firmeza, e começa então a trabalhar, mergulha por completo no social.
5) Quando estiveres a trabalhar e quando em cada momento sentires em ti o choque tenso e intenso entre o que julgas que és como cidadão e o que queres ser como sociólogo, então tornaste-te realmente sociólogo, tu, certeza e dúvida, hábito e transgressão que és.
6) Quando escreveres, dá, então, à escrita o selo dessa tensão, faz dela o êmbolo que exprima aquilo que afinal estudaste: a tensão social, a vida fantástica do devir e da diferença.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
5 comentários:
Meu Deus, brilhante!
Isabel
É gentil.
Não me surpreendo...pois já conheço tua genialidade!
Julia
Obrigado, Júlia, bem revinda à vida!
thnx a lot ,estou a iniciar a minha jornada como sociologo na faculdade e precisava mesmo de ouvir isto
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