O texto foi escrito há vários anos pelo brasileiro Marcio D’Olne Campos, mas mantém - creio - a actualidade como exemplo de precaução cultural: "Há vários anos, implantava-se uma campanha anti-mosquitos em Moçambique sem a devida pesquisa etnográfica local para que ao menos, se entenda os códigos locais para utilizá-los nas linguagens da campanha. Cartazes continham desenhos com práticas não recomendadas tais como latas abertas recebendo águas da chuva e armazenando água parada. Todas as práticas não recomendadas eram indicadas nos cartazes como proibidas por um grande “X” vermelho sobre cada desenho. Alguns meses depois, ao proceder-se a uma pesquisa sobre os efeitos da campanha, descobriu-se que as práticas proibidas vinham sendo intensificadas ultimamente e após a campanha. A pesquisa sobre esse fato revelou então que o “X” vermelho fora lido por aquela sociedade com um alerta para que a opção sobre o “X” vermelho fosse a recomendação correta a ser praticada."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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