08 março 2018

Essencialismo

A virtude cardeal do essencialismo - coisa de todos nós, ao mais variados níveis - consiste em tomar comportamentos, estados e identidades por fenómenos imutáveis e auto-explicáveis. A etiquetagem social é, regra geral, o produto do essencialismo. Quando, por exemplo, dizemos, de forma taxativa, que o norte do país é matriarcal, estamos simplesmente a dizer que "perderíamos" o Norte caso algo se desmatriarcalizasse, caso sumisse essa confortante evidência irremediavelmente natural e fagocitante. Eis uma pergunta perversa, baseada no sociólogo alemão Georg Simmel: a partir de que efectivo os desviantes seguros ou prováveis podem ser tomados como quantidade negligenciável?

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