Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "A hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com "A hora do fecho" desta semana, da qual ofereço, desde já, dois aperitivos:
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
Dum lado temos os assassinatos políticos, fazendo da Guiné-Bissau um Estado falhado, em Moçambique temos uma novela, não menos boa, em que o papel da Primeira-Dama confunde-se claramente com o do Presidente da República. Imagino eu se cá em Portugal as coisas fosse assim, era caso para os tribunais funcionarem. E a quem prefira ignorar as estatísticas dos prejuizos, dizem eles em voz baixa "os cães ladram e a caravana passa". O pior é que as coisas na Guiné-Bissau também começaram assim, tal como o naufrágio de um navio, sempre de forma paulatina!!! Esta é a minha preocupação
Para reflecção da nossa Tsunami II (competência acima de exacerbados fervores patrióticos).
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A lição do Banco de Inglaterra
01/06/09 00:06 | Diário Económico
António Horta Osório é o primeiro português a ser nomeado administrador do Banco de Inglaterra. O anúncio da nomeação do banqueiro português foi feito na sexta-feira, depois da necessária aprovação pela rainha.
António Horta Osório, presidente executivo do Abbey National Bank, será, a partir de hoje, um dos principais conselheiros do banco central inglês, passando a trabalhar com o governador e os vice-governadores do Banco de Inglaterra para garantir a execução das reformas do banco e que este continuará a assegurar, efectivamente, as suas responsabilidades.
O presidente executivo do Banco Abbey atinge assim mais um importante cargo internacional que lhe granjeia prestígio pessoal, mas também notoriedade para o grupo bancário a que pertence, o Santander, e para o país de origem: Portugal.
A sua nomeação, bem como a redução do número de administradores do Banco de Inglaterra de 19 para 12, insere-se nas importantes reformas que estão a ser introduzidas no banco central inglês com o objectivo de assegurar a estabilidade monetária e financeira do país.
As reformas surgem depois da onda de críticas de que o Banco de Inglaterra foi alvo devido ao colapso do Northern Rock e das nacionalizações parciais do HBOS e do Royal Bank of Scotland. A resposta passou pela aprovação do Banking Act 2009 que criou, entre outras medidas, o Special Resolution Regime (SSR) para lidar com bancos em dificuldades e que dão poderes especiais ao Banco de Inglaterra para resolver a situação dessas entidades através medidas extremas, como a liquidação ou a venda de participações a entidades privadas ou a uma subsidiária do banco central.
Trata-se de mais uma medida que dá que pensar num país como Portugal, onde um projecto de alterações ao sistema de supervisão da área financeira se encontra há já bastante tempo no Parlamento sem que se vislumbre uma oportunidade de vir a ser resolvido ainda na presente legislatura.
É mais uma lição dada por um país que não hesita em ir buscar os melhores, mesmo que sejam estrangeiros, para ajudar a repor o equilíbrio e a estabilidade do seu sistema financeiro.
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Sobre os lucros e comissões da Banca Comercial
O que o Banco Central fez foi, meramente, enumerar e definir as comissões que a Banca pode cobrar.
Não definiu nem valores, nem métodos para a sua determinação, ou seja, com tanta hipótese de escolha (são dezenas as comissões previstas) a Banca tem muito por onde se banquetear!
Trata-se de uma medida meramente cosmética.
O essencial seria analisar donde vêm os fabulosos lucros da nossa Banca Comercial (num país com tão débil economia) e se, efectivamente, a Banca está a desempenhar o papel SOCIAL subjacente na prerrogativa que lhe é dada de “criar moeda”, ou seja, de poderem emprestar e cobrar juros e comissões sobre recursos virtuais.
> Engordam a rentabilidade dos capitais próprios dos accionistas com lucros gerados pelos juros de empréstimos de dinheiro virtual e respectivos juros.
A prerrogativa dada à Banca de “multiplicar moeda” tem implícita uma contrapartida SOCIAL: concessão de empréstimos a pessoas singulares (para melhoria do bem-estar) e a pessoas colectivas (rentabilização do capital dos investidores) e, em última análise, funcionamento da economia e desenvolvimento do País.
A nossa Banca vive, comodamente, de (i) exorbitantes comissões, de (ii)diferenças cambiais de elevados montantes de compra e venda de divisas, e de (iii)CRÉDITO AO ESTADO (que não obriga a provisões para mal parado) materializado na compra de dívida pública - como recentemente aconteceu em Bolsa. Analisem as contas.
O Ministro das Finanças e o Presidente da Bolsa de Valores ficaram entusiasmadíssimos com o sucesso da operação.
> A nossa Banca tinha liquidez e queria mais , muito mais dívida. A procura excedeu a oferta em mais de 400%.
> O Tesouro já pensa em nova operação lá para o fim do ano - como forma de AJUDAR A AUMENTAR OS LUCROS DA NOSSA BANCA COMERCIAL - pois, doutra forma, esta vai preferir ficar com a liquidez improdutiva: crédito pessoal ou a micro, pequenas ou médias empresas, não! Tem risco!
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Correm boatos, em surdina, que no Reino Unido começam a manifestar-se contra a nomeação de António Horta Osório, cidadão Português, para o Banco de Inglaterra.
Os grupos de manifestantes estarão a ser liderados por um jovem inflamado, Moçambicano, gritando bem alto:
- O BANCO DE INGLATERRA É NOSSO.
- ABAIXO OS ESTRANGEIROS, SABOTADORES.
Observadores, mais cautelosos, temem pela queda da secular monarquia do Reino Unido.
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