Prossigo a série.
O quadro apresentado pelo jornalista Jocas Achar é uma boa oportunidade para regressarmos ao passado colonial.
As exigências independentistas dos anos 50 em África e a formação da Frelimo em 1962 vão dar origem a um todo um processo multisectorial destinado a reciclar e a modernizar o colonialismo português em Moçambique. Entre 1957 e 1966/8 e tomando como ponto de referência a província da Zambézia, todo um vasto conjunto de documentos, regra geral de natureza confidencial - e que tive a oportunidade de estudar durante anos -, revela a preocupação central de barrar a progressão da Frelimo, especialmente a partir de 1964 (ano do início da luta armada) a quatro níveis:
1. Militar e para-militarmente: formação de milícias e de cipaios, reorganização dos regulados, instalação de unidades militares em centros nevrálicos.
2. Psico-socialmente: criação da Psico-Social, monitorada no topo pela PIDE e na base pelos administradores.
3. Pela contra-inteligência directa: organização de corpos nativos de agentes secretos, exploração intensiva das contradições comunitárias especialmente através de panfletos e da rádio.
4. Laboralmente: medidas destinadas a melhorar as condições de vida dos trabalhadores, especialmente os das plantações, no que concerne à alimentação, ao alojamento, aos horários de trabalho e à recreação.
(continua)
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