05 janeiro 2009

Em que país fica a Ponta do Ouro?

Em que país fica a Ponta do Ouro ? - pergunta-se o Leonardo Vieira. Ele foi lá, escreveu e enviou-me o que escreveu: "Ao entrar na cidade, somos recebidos por um painel publicitário da Mcel, a dar-nos as boas vindas, com um “Welcome”. E mais à frente, outro cartaz ainda maior, da nossa fabricante de cerveja, cujo conteúdo não fixei na totalidade, mas dizia algo do género “Welcome to ponta, Just go to a bar and ask for a dosheme”. Pela segunda vez, desde que entrara na ponta, tinha contacto com a língua inglesa, e em jeito de brincadeira perguntei aos meus acompanhantes: Em que país fica a ponta d’ouro? E rimos da situação. Situação essa que iria se tornar preocupante, na medida em que íamos conhecendo as pontas da ponta. Na rua, existem placas oficiais (acredito eu) da policia a proibir a circulação de menores de 16 anos em motos de quatro rodas, em Inglês, no mercado, ao perguntar o preço de cenoura que precisava, a vendedeira respondeu: What? No supermercado, para comprar um refresco, o precário vinha em ZAR e MZN, para comprar um cachorro quente, o preço era de 22 ZAR (o dono nem se deu ao trabalho de colocar dupla indicação), na discoteca, ao pagar uma bebida em meticais, os trocos são entregues em Randes, e assim era ao longo do tempo que la estive."
Adenda: há uns anos atrás, eu e dois assistentes meus quisemos alojar-nos num lodge de Inhambane. Soube que eu poderia facilmente alojar-me porque branco, mas os meus colegas não, porque pretos. Doeu e dói. Racismo puro.

9 comentários:

micas disse...

Mas....estamos em 2009 ou estou enganada?

Carlos Serra disse...

Pois estamos..."of course", diriam lá na Ponta do Ouro...

Reflectindo disse...

Aqui se colocam as questões que sempre me perturbam. Por exemplo, será que a situacão da Ponta do Ouro é do desconhecimento das autoridades do país?

E no caso de lodge de Inhambane a pergunta é de quem são os proprietários ou de que cor da pele são eles. De que nacionalidade? E os funcionários? E será que as autoridades de Inhambane não sabem do que se passa?

Anónimo disse...

é banal isso na rambla antes do euro pagava-se em deutchemarks

Anónimo disse...

A propósito de racismo:

Vejam o anúncio da Maluane Mozambique Biodiversity and Tourism, Lda - Pemba - publicado no jornal Notícias de 31 de Dezembro, e espantem-se com o recrutamento de "moçambicanos nacionais"...

Carlos Serra disse...

Curioso anúncio, vou postar algo.

Anónimo disse...

Onde anda a fiscalizacao do MITUR ?
Em inhambane este problema ja é antigo e mesmo com o novo director pronvicial do turismo nada mudou quanto aos precos parece me k a lei é clara eles devem aparecer nas duas linguas m pelos vistos niguem liga a nada o turismo em mocambique ainda tem muito que percorrer pra que o mocambicano se possa orgulhar

Anónimo disse...

...o nosso governo não percebeu ou não quer perceber que o turismo é uma fonte de receita bilionária,e nada faz para que as receitas provenientes do mesmo revertam em parte para o benefício dos municipios respectivos.
Doi ver a costa de Ibane a ser explorada até ao osso por maburroos,e as receitas em certos lugares a nem sequer entrar no país...é tudo pago lá fora e nós a assistirmos satisfeitos...que RAIVA.!!
O aeroporto de Vilanculos é o segundo aeroporto nacional em termos de voos internacionais e os passageiros apenas pisam o aeroporto para efeitos de migração e depois voam para as ilhas onde largam fortunas nos resortes...todos estrangeiros.
Vilanculos não recebem um centavo para o municipio que é escandalosamente sujo,sem ruas decentes,uma marginal indescritivel de tão má,sem iluminação e os milhões a passarem a frente dos nossos narizes...
Somos burros,maus e qualquer dia entregamos de mão beijada toda a costa a estranhos.
O empowerment moçambicano não é para os operadores turisticos nacionais é sim para os governantes corruptos que comem com os grandes operadores estrangeiros do grande bolo...
e nós nas calmas a ver!!!!

Anónimo disse...

numa cidade dedicada essencialmente ao turismo, é normal que os estabelecimentos e serviços tentem acolher os turistas e fazer-se por eles entender, pelo que menus em inglês, outdoors com publicidade em inglês ou a indicação dos câmbios nos preços não me choca, desde que se esteja a cumprir a lei da publicidade e a lei cambial - afinal, tb nós gostamos de ir a um país estrangeiro e encontrar indicações numa língua que conhecemos e perceber o valor da moeda local. O que me choca é a falta de fiscalização das autoridades (BM, MITUR, Finanças) que permite que aconteçam estes exageros, em que cada um pratica o câmbio que melhor lhe convém (o câmbio ZAR/MT variava de local para local entre 2,4 e 3 MT por cada ZAR), o português aparece como língua secundária, e as autoridades locais nada fazem, um verdadeiro país do deixa andar, pois pelo menos o MITUR e as Finanças fazem inspecções ocasionais na Ponta e sabem muito bem o que por lá se passa, e quanto ao BM, nem aqui no Maputo se preocupa com a prática corrente de fixação de câmbios por entidades não licenciadas para tal (basta ir ao Game ou ao Shoprite, onde está claramente indicado o câmbio utilizado, em contravenção da lei)