06 janeiro 2008

Geofagia na cidade de Maputo (2) (prossegue)


Uma ideia matriz colocada à cabeça da pesquisa exploratória sobre geofagia na cidade de Maputo está contida num livro clássico de Josué de Castro (médico, geógrafo e escritor brasileiro), a "Geopolítica da Fome", no qual e a propósito da África Equatorial e da América do Sul, ele afirmou que, devido à alimentação deficiente e à espoliação provocada pela verminose endémica, os seus habitantes sofriam de deficiência de ferro e por isso iam buscar um suprimento desse mineral comendo terra. De acordo com Castro, a geofagia mais não é do que "uma defesa instintiva do organismo contra a fome específica de ferro" (Castro, Josué de, Geopolítica da fome. Póvoa do Varzim: J. Carvalho Branco, 1966, 1.º vol., p. 45).
Nesta pesquisa exploratória sobre a geofagia na cidade de Maputo, foram ouvidos 12 vendedores e 10 consumidores de terra em Xipamanine, Inhagóia, Polana Caniço e Xiquelene.
Falharam todas as tentativas para ouvir o ponto de vista de especialistas do Ministério da Saúde, especialmente do Departamento de Nutrição. Ou não estavam ou quem os substituia não estava autorizado a falar ou se estavam, estavam ocupados e não podiam atender.
Foi, porém, possível registar o depoimento de João Schwalbach, médico e vereador da Saúde e Salubridade do Conselho Municipal de Maputo, que pronta e gentilmente se dispôs a falar para nós.

3 comentários:

Anónimo disse...

Moro em São Paulo e custo acrditar no que estou lendo. Existem pessoas que compram areia para comer? O que é isto? Alguma piada? Alguma moda? Muito estranho.

musaranho disse...

Moro no Brasil, São Paulo, e não posso acreditar no que estou lendo.
Pessoas estão comendo areia em Maputo? E ainda estão a comprar areia para comer? O que é isto? Uma moda? Uma brincadeira?

Carlos Serra disse...

Sim, vende-se e come-se terra. Não é nem moda nem brincadeira. Siga a continuidade da série.