25 setembro 2007

País sem ladrão não é país

"Que nos pareça falsa toda a verdade que não nos traga consigo pelo menos uma alegria" (Friedrich Nietzsche)
Na investigação que fazemos sobre linchamentos, temos usado várias formas de registo de percepções populares. Uma delas consiste em metermo-nos em chapas e em suscitarmos um debate sobre agressões, roubos e medidas a tomar. Por exemplo, na rota Muhala-Matadouro em Nampula, o compreensivo, dialéctico motorista do chapa interveio em meio à discussão que provocámos para dizer o seguinte:
“País sem ladrão não é país. O ladrão quando rouba está a fazer o serviço dele, como eu estou a fazer o meu serviço. Se matarmos o ladrão então não havia necessidade de construir cadeia para estar vazia. A melhor coisa é entregar à autoridade. Roubar é vício que Deus deu por isso é melhor deixar. Uma pessoa que tem fé em Deus, se alguém me fizer mal enquanto eu lhe salvei, eu só posso agradecer a Deus porque cada um foi nascido na sua maneira ( há uns que têem coração de cobra e outros tem coração de pessoa). É bom agradecer com livre vontade porque assim Deus vai-lhe ajudar." ("Diário de campo" de um dos investigadores).

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Mano chapista sabe como viver.